No confuso tabuleiro político do Brasil é vivaz a crise política. A turbulência derrubou a cotação da Bolsa de Valores, projetou a ascensão do valor do dólar e, ainda arremessou o futuro ao plano desorganizado, incerto e trágico.

Angústias pairam e se perpetuam irrespondidas. A mobilização oposicionista ganhou fôlego e, se antes a esquerda e a direita estavam divorciadas, doravante, seguem se aliando para produzir a pressão adequada para haver o impeachment.

A trama sinistra entre Bolsonaro e os caminhoneiros expressou bem o tamanho do perigo e, a possibilidade cada vez mais concreta de um golpe de Estado.

Houve um esforço coletivo dos Governadores que distribuíram promoções e alertando para possíveis punições por indisciplina e, mesmo convocando suas tropas para os quartéis. Não ocorreu a insurreição em todo país.

Embora que um grupo de caminhões rompeu a barreira policial que impedia sua entrada na Esplanada dos Ministérios e chegou a ameaçar de invasão e pilhagem prédios oficiais. Enfim, o STF não fora invadido porque a polícia trabalhou muito e com eficiência, mas as tentativas não faltaram.

As principais lideranças dos caminhoneiros afirmaram não acompanhar ao comando do Presidente da República, mas, mesmo assim, foram bloqueadas estradas em todos o país, os caminhoneiros não traziam qualquer reivindicação da categoria profissional, apenas cobravam o veemente fechamento do STF e endossavam um movimento golpista pro- Bolsonaro.

Infelizmente, a história registra tristes fins de líderes populistas que estão em perigo seja por ex-apoiadores se sentindo traídos, sejam por opositores radicais. Na fantasiosa narrativa presidencial, o STF é o centro da conspiração que pretende derrubar Deus, pátria, família e propriedade e, assim, é ofensivo as autodenominadas “pessoas de bem”.

Expressamente o Chefe da Nação afirmou mais de uma vez que violaria o artigo 85 do vigente texto constitucional brasileiro, denotando crime de responsabilidade e, mesmo assim, queda-se calado o Presidente da Câmara dos Deputados diante de mais de uma centena de pedidos de impeachment do atual Presidente da República.

Depois de toda catástrofe vem a Carta à Nação redigida com a colaboração de Michel Temer que acenou com bandeira branca e ainda pôs em contato telefônico com o Ministro Alexandre de Moraes do STF, assim, pelo menos, aparentemente desarticulou o movimento em prol de impeachment mas, ainda falta um acordo nos bastidores que envolve atores e posicionamentos ainda serem definidos.

Futuramente, o Plenário do STF deverá decidir se Lira pode manter indefinidamente em suspensão os muitos pedidos de impeachment. Ou arquiva ou leva à votação, mas in albis não é possível permanecer.

Enfim, ainda mais uma vez as cenas dos próximos capítulos na lancinante democracia, aguardam a decisão do guardião da Constituição Federal. Eita, tarefa hercúlea!