Jovem Advocacia Capixaba

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE no último censo (ano de 2019) constatou que o Estado do Espírito Santo possui uma população de 3.514.952 (três milhões, quinhentos e quatorze mil, novecentos e cinquenta e dois) habitantes. Por outro lado, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Espírito Santo conta com mais de 34.000 (trinta e quatro mil) advogados (a) inscritos. Desses profissionais, em média 10.000 (dez mil) estão em início de carreira, ou seja, com menos de 05 (cinco) anos de inscrição nos quadros do Conselho de Classe.

Fazendo uma simples conta matemática, podemos concluir que existe em média 01 (um) advogado (a) para cada 100 (cem) habitantes. A consequência desses “números” é o desemprego. O mercado de trabalho capixaba não suporta a proliferação desordenada de profissionais.

Você pode me indagar: Por que o advogado (a) não tenta trabalhar de forma autônoma? Meu caro colega, nenhuma pessoa sai da faculdade de direito pronto para advogar, muito menos dinheiro para investir na abertura e manutenção de escritório que não tem uma cartela fixa de clientes. É sabido que a maioria dos profissionais saem da solenidade de entrega da carteira da OAB sem rumo, sem saber como dar o primeiro passo, logo, são pouquíssimas pessoas que terão a ousadia e/ou audácia de sozinho (a) tentar conquistar seu espaço.

Temos ainda uma parcela de profissionais que por desespero ou por necessidade se sujeitam a “subempregos”. Recebem menos que 01 (um) salário mínimo, suportam jornadas de trabalho exaustivas e ainda, se dedicam exclusivamente ao escritório de advocacia.

E se não bastasse, criaram o estágio de pós-graduação, que ao meu ver é uma forma de burlar as leis trabalhistas e desvalorizar o profissional que investe o pouco dinheiro que tem em uma especialização.

Ademais, outro problema enfrentado por todos (a) advogados (a) independentemente do tempo que exercer a profissão, são os colegas que insistem em cobrar honorários aviltantes, bem como “atravessadores de procuração” que prometem resultados (algumas vezes impossíveis) nos processos judiciais.

E quais são os reflexos desses problemas acima mencionados na vida do (a) advogado (a)? Vai da frustração até o desenvolvimento de diversas doenças psicológicas (depressão, síndrome do pânico, ansiedade, entre outros). E isso não é um “privilégio” da jovem advocacia, mas de muitos profissionais de carreira que estão fechando seus escritórios e desistindo da profissão que construíram ao longo de anos de trabalho árduo.

É dura a verdade, mas ela tem que ser dita: NÃO HÁ ESPAÇO PARA TODOS.

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Advogada inscrita nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Espírito Santo sob o nº 24.170, atuante na área criminal. Vice-Presidente da Associação dos Jovens Advogados do Estado do Espírito Santo - AJA/ES (2017). Secretária-Geral da Comissão de Direitos Sociais da OAB/ES (2019). Membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/ES - Subseção Serra (2019). Membro da International Center for Criminal Studies. Pós-graduada em Direito do Trabalho e Previdenciário na Atualidade (2017) e Pós-graduada em Ciências Criminais (2018), ambas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Pós-graduanda em Ciências Penais e Segurança Pública pela Universidade de Vila Velha. Pós-graduanda em Direito Público e Pós-graduanda em Direito de Trânsito, ambas pela Faculdade LEGALE. Bacharela em Direito pela Universidade Vila Velha (2014).