O dia fatídico foi 11 de março de 2020 quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia de Covid-19, doença causada por coronavírus que pode ser assintomática e, até causar sérias síndromes respiratórias acarretando óbito. Incialmente, o surto estabeleceu-se em Wuhan, na China, mas foi se propagando por todos os continentes em ritmo frenético e dinâmico.

A crise epidemiológica acarretou também crise econômica que pode ser particularmente grave em face das medidas emergenciais que foram e ainda são tomadas.

A crise afetou toda a dinâmica da economia mundial e, também, por óbvio, a economia brasileira que volta a se estatuir na égide do Estado do Bem-Estar social. Sem dúvida, a crise coroada é distinta de outras crises anteriormente observada no capitalismo ocidental.  Alcançou o pleno emprego e provocou desmobilização dos fatores de produção das principais potências produtivas do mundo, com queda sensível tanto na produção industrial e de serviços.

Há profunda recessão econômica já observada em diversos países. A crise que começou no mundo real afetando a área produtiva para depois impactar os mercados financeiros e de crédito. É justamente o oposto da crise de 2008 que começou no mercado de crédito imobiliário norte-americano e se espalhou para o setor financeiro e, ao final, atingiu em cheio a economia real. E, assim, a ordem dos fatos e fatores interfere certamente no resultado.

Saliente-se, ainda, a peculiaridade da crise no âmbito geopolítico o que mostra sua face perversa. As chamadas Supply chains ou cadeias de suprimento vão se rompendo pelo impacto da pandemia na Ásia e na Europa. As viagens aéreas e internacionais são restringidas e, ocorre, mesmo o fechamento de fronteiras e a instituição de medidas protecionistas principalmente em referência aos equipamentos e produtos médicos, havendo até proibição de exportação de máscaras e respiradores.

A verdadeira solução se dá quando a situação sanitária for finalmente controlada, ou ainda, houver uma vacina ou terapia eficaz contra o vírus, possibilitando a retomada da produção. Há expressivo esforço dos bancos centrais em manter saudáveis os mercados financeiros e de crédito, já que as perspectivas de receitas e lucros das empresas são decadentes.

Já passou da hora de se regulamentar o imposto sobre grandes fortunas no Brasil.

Diante do cenário, a saída é massiva política fiscal promovendo austeridade e redução do endividamento público. Precisa-se de impor verdadeira estatização dos fluxos de renda (salário e receitas das empresas) por um período de alguns meses, ou quiçá, de anos.

Precisa-se ampliar o acesso ao crédito através de instituições públicas que já não existe maneira de obrigar que as instituições privadas aceitem tamanho risco num momento de instabilidade e incerteza.

Conclui-se que a particular natureza da atual crise econômica demanda resposta diversificada e a política monetária terá de ser capaz de adiar a crise de crédito, mas apenas a política fiscal terá habilidade de salvar a economia até que a crise sanitária seja superada.

A história das pandemias no mundo moldara as formas como as quais as sociedades se organizaram e permaneceram. Apesar de alguns românticos ou desavisados acreditarem que os efeitos trazidos pelo Covid-19 sejam somente temporários e que deverão ser revertidos.

No Brasil, a crise acentuou ainda mais as desigualdades seja por seu precário sistema de saúde público, seja pelo sistema de educação ou, simplesmente, pela falta de gestão planejada e séria para superar a crise.

Pois, sob a égide de um cego negacionismo, ainda enfrentamos o desastre ambiental das queimadas e desmatamentos que são peremptoriamente negligenciados. Enfim, é uma crise coroada de incerteza e crueldade, mas será necessária sobriedade para conseguir reequilibrar as economias do mundo.

Quanto ao negacionismo, a história reservará um lugar de execração e desprezo assim como o fez com o fascismo e nazismo. Tomara que sirva de mais uma aprendizagem.