Autoras:
Denise Heuseler
Gisele Leite
A participação das mulheres nas guerra sempre foi diversificada, atuaram nos bastidores e também na frente de combate, travaram lutas violentas, dirigiam tanques e ambulâncias e foram operárias nas fábricas de armamentos e munição, mas apesar de tanto ativismo, no início de 1930 ainda não tinham o direito ao voto.
Apesar das mulheres terem lutado, trabalhado tanto como enfermeiras como pilotos de aviões, ou para animarem as tropas, ou até se infiltrarem clandestinamente e agremiar informações estratégicas. As mulheres suportaram toda sorte de atrocidades tipicamente cometidas em guerra, campos de concentração, incêndios provocados por bombardeios e até mesmo a bomba nuclear.
Esse modesto texto aborda diferentes funções e mulheres, e nos faz concluir que a Segunda Guerra Mundial foi um conflito de homens e mulheres. E, foi a ocasião quando muitas mulheres de diferentes países foram conclamadas a contribuir com esforço de guerra.
Nessa ocasião ocuparam funções que antes eram exclusivamente masculinas, tais como engenheiras, supervisoras de produção, motoristas de caminhão, de tanque e tantas outras profissões, resultando num impacto social que mudaria toda a estrutura do mundo e, particularmente, da família.
Enquanto os Aliados[1] recrutaram as mulheres que passaram então a atuar nas fábricas, enfermarias, escritórios e outros bastidores bem como soldados e guerreiras[2]. Ao passo que a ideologia nazista[3] ainda considerava que as mulheres deveriam permanecer distante das questões políticas e militares. O ideal da mulher ariana alemã representava em ser o alicerce da família, cuidando da casa e dos filhos.
Quando iniciou a Segunda Guerra Mundial[4] registrava-se que poucos países onde as mulheres tinham seus direitos civis e cidadania respeitada e plena.
Nos EUA, por exemplo, o direito ao voto foi concedido às mulheres maiores de vinte e um anos (apenas em alguns estados) em 1913. Já na Europa, países como a Finlândia, em 1906 e, Noruega em 1913 que foram os pioneiros no direito feminino ao sufrágio eleitoral.
O pioneiro país a garantir às mulheres o direito político foi a Nova Zelândia em 1893. Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha, Áustria, Dinamarca, Holanda e Canadá fizeram o mesmo.
Na Inglaterra, as mulheres puderam votar a partir de 1918, mas somente as casadas, as que exerciam a chefia de família com nível universitário e maiores de trinta anos. Somente em 1928 é que o Parlamento britânico aprovou a igualdade de condições em paridade com o voto masculino.
O movimento em prol do sufrágio feminino é um movimento social, político e econômico de reforma, com a finalidade de estender o sufrágio (o direito de votar) às mulheres. Participaram do sufrágio feminino, mulheres e homens, denominados sufragistas. As raízes modernas do movimento situam-se na França do século XVIII.
Foi a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a garantir feminino devido ao movimento liderado por Kate Sheppard[5].
O sufrágio feminino em Portugal, de certa forma, veio a acompanhar o fenômeno civilizacional do Ocidente caracterizado como liberal-judaico-cristão. Em 28 de maio de 1911, Carolina Beatriz Ângelo, médica e viúva e ainda chefe de família, aproveitando um lapso do legislador, participou das eleições para a Assembleia Constituinte. Pois a lei permitia que pudessem votar os cidadãos portugueses maiores de 21 anos, que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família.
Então, Carolina Beatriz invocou a sua qualidade de chefe de família alfabetizada, apesar de que, o seu pedido foi-lhe negado pelo então Ministro António José de Almeida. Inconformada, Carolina Beatriz interpôs recurso e o juiz João Baptista de Castro, o pai de Ana de Castro Osório[6], deferiu a sua pretensão com a seguinte fundamentação, in litteris: “Excluir a mulher (…) só por ser mulher (…) é simplesmente absurdo e iníquo e em oposição com as próprias ideias da democracia[7] e justiça proclamadas pelo partido republicano. (…) Onde a lei não distingue, não pode o julgador distinguir (…) e mando que a reclamante seja incluída no recenseamento eleitoral. Este episódio gerou grande controvérsia na época. Dada a aproximação dos republicanos com o movimento feminista do início do séc. XX Carolina Ângelo terá aproveitado o facto de se tratar das primeiras eleições republicanas para exercer a sua luta política pelo direito de voto das mulheres. No entanto, o Governo rapidamente se apressou a clarificar a sua posição nesta matéria, tendo vedado expressamente o voto às mulheres, pela Lei nº 3 de 03 de Julho, do ano de 1913.”.
São eleitores dos cargos políticos e administrativos todos os cidadãos portugueses do sexo masculino, maiores de vinte e um anos, ou que completem essa idade até ao termo das operações de recenseamento, que estejam no gozo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler e escrever português e residam no território da República Portuguesa.
Porque se teriam oposto os republicanos ao voto por parte da mulher, quando ambos os movimentos políticos (o republicanismo e o feminismo) eram (e são) ideologicamente tão próximos? A explicação desta recusa é encontrada no anticlericalismo que caracterizava o movimento republicano aliado ao estigma da mulher, vista na época como reacionária, religiosa e influenciável.
Havia, neste contexto, evidente receio da influência dos padres nas decisões políticas das mulheres, como bem ilustram estes dois recortes dos debates parlamentares: (…) No dia em que este assunto foi discutido na comissão, tinha eu passado pela igreja de S. Mamede, donde vi sair centenas de senhoras que ali tinham ido entreter os seus ócios e ilustrar o espírito na prática do mês de Maria. O voto concedido a mulheres nestas condições, vivendo sob a influência do clericalismo, seria o predomínio dos padres, dos sacristães, numa palavra, dos reacionários (…). Diário do Senado: Legislatura: 1; Secção legislativa:2; Número:121; Página:18; Data:24/06/1912.
Somente no dia 26 de Dezembro de 1968 é publicada a Lei n.º 2137, que vem finalmente remover qualquer discriminação em função do sexo. O diploma legal não faz a distinção entre “cidadãos portugueses do sexo masculino” e “cidadãos portugueses do sexo feminino”. Do voto são apenas excluídos os cidadãos que não saibam ler e escrever e nunca tenham sido recenseados ao abrigo da Lei n.º 2015, de 28 de Maio de 1946 in litteris:
Base I – São eleitores da Assembleia Nacional todos os cidadãos portugueses, maiores ou emancipados, que saibam ler e escrever e não estejam abrangidos por qualquer das incapacidades previstas na lei; e os que, embora não saibam ler nem escrever português, tenham já sido alguma vez recenseados ao abrigo da Lei n.º 2015, de 28 de Maio de 1946, desde que satisfaçam aos requisitos nela fixados. (…).
Na Rússia, com advento da Revolução de 1917[8] é que finalmente se concedeu direito ao voto e estabeleceu a igualdade entre os cônjuges bem como se providenciou a legalização do divórcio, aborto e da licença maternidade. Evidentemente tais leis promoveram profundas transformações em relações familiares e ainda possibilitaram a cidadania e maior autonomia das mulheres de uma extensão que até então nunca havia ocorrido.
Podem-se observar as biografias de mulheres que estiveram à frente do primeiro governo da Revolução de 1917, sob o comando de Vladimir Lenin (1917-1923). Entre estas estavam Alexandra Kollontái (ministra de Assuntos Sociais), Nadezha Krúpskaya (Vice-Ministra no Comissariado de Cultura e Educação), Inessa Armand (Diretora Zhenotdel, órgão do PC, criado para promover os direitos das mulheres na URSS), Natalia Sedova (responsável pelos museus e monumentos no comissariado de Educação), Larisa Reisner (jornalista e escritora e também dirigente do Exército Vermelho), dentre outras.
Infelizmente, logo em seguida, com o governo de Stálin[9] houve a abolição da maioria das conquistas das mulheres em termos de direitos e, inclusive, também a supressão de alguns direitos masculinos.
Segundo a professora e historiadora norte-americana Wendy Goldman, os ideais de emancipação da mulher e amor livre inspiraram o movimento feminista ocidental nos anos sessenta e setenta e já eram debatidos nos primeiros anos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), na década de vinte. Em “Mulher, Estado e Revolução: a política familiar e a vida social soviéticas (1917-1936)” escrito em 1993, mas publicado no Brasil pela editora Boitempo Editorial, Goldman reconta a história do “verão do amor” soviético, que teve fim com a ascensão do stalinismo.
Para libertar as mulheres, foi proposta a socialização do trabalho doméstico. As tarefas realizadas em casa e, de forma gratuita pelas mulheres passariam a ser feitas por profissionais assalariadas em creches, restaurantes comunitários e lavanderias públicas.
O fim do trabalho doméstico era apenas um passo, o objetivo dos bolcheviques era o fim da família, pelo menos como figura jurídica. “Os revolucionários marxistas viam a família como uma organização que mudava com o passar do tempo. As famílias dos tempos das cavernas eram diferentes das famílias que viviam sob o feudalismo, que eram diferentes das famílias do capitalismo”, afirmou.
Os bolcheviques[10] acreditam que as condições do socialismo possibilitariam o desaparecimento da família como ela existe no capitalismo. “O que não significa que as pessoas deixariam de se amar, de se relacionar umas com as outras e de se relacionar com seus filhos. Mas a família baseada na dependência financeira e na coerção desapareceria.”
Aproveitando-se do crescente conservadorismo social, em 1936, o governo de Josef Stalin[11] (1878-1953) decretou um conjunto de leis cujo objetivo era valorizar a família, dificultar o divórcio e proibir o aborto.
A proibição, que vigorou até 1955, não resultou na diminuição do número de abortos. “Em 1938, o número de abortos já era tão alto quanto em 1935, quando ainda era legal”, afirmou Goldman. O desaparecimento da família saiu da pauta dos comunistas e a proposta original de libertação sexual se perdeu.
Segunda Goldman, a experiência soviética nos leva a refletir melhor sobre a proibição de aborto[12] que ainda vigora em muitos países, como o Brasil, por exemplo. E, observamos que as mulheres vão recorrer ao aborto seja este legal ou ilegal.
E caso seja ilegal, vão recorrer aos métodos perigosos, que podem levar à morte. Outra lição se refere às possíveis soluções para antigos problemas, pois quem irá cuidar das crianças, se os pais trabalham fora? E, outro busilis, como se dedicar à família de forma adequada se trabalhamos cada vez mais? E a solução soviética para harmonizar a contradição existente entre a vida doméstica e o trabalho fora a socialização do trabalho doméstico. Assim, inspirou as feministas dos anos setenta que acreditaram que tal socialização[13], trouxeram os homens para fazer sua parte também no trabalho doméstico.
O mesmo aconteceu com as espanholas com a ditadura de Franco. A ideologia defendida pela ditadura franquista defendia que as mulheres deviam ser submissas e domésticas. A Seção Feminina do Partido Falange educava as mulheres para que fossem abnegadas. O casamento, maternidade e vida doméstica eram os lugares apropriados para as mulheres dentro da ideologia da ditadura do General Franco que vigorou em Espanha de 1936 a 1975. E, outros países como a Itália e a França, as mulheres só galgaram o direito ao voto com o final da Segunda Guerra Mundial.
E, em Portugal, só concedera esse mesmo direito às mulheres somente em 1976. Salazar lançou um slogan que se intitulava «A mulher para o lar», inserido na filosofia «Deus, Pátria e Família». Este slogan pretendeu afastar a mulher da emancipação para que esta possa dedicar-se integralmente ao homem, aos filhos e ao lar, e para que cumpra com a sua missão de dar à luz «dignos filhos da pátria» e educá-los, «Educar é dar a Deus bons cristãos, à sociedade cidadãos úteis, à família filhos ternos e pais exemplares» escreve Salazar (In: Neves, Helena; Calado, Maria. O Estado Novo e as mulheres: O Género como Investimento Ideológico e de Mobilização. Lisboa: Biblioteca Museu República e Resistência, 2001).
O Estado Novo tentava dentro dos seus limites de ação fazer o possível para dificultar esta conquista de independência por parte das mulheres. O emprego feminino predominava no sector industrial, apesar de reduzidamente, existiam também outras intervenções profissionais, de maior importância.
Assim, em 1933 o regime ditatorial impediu o acesso das mulheres à carreira diplomática, à magistratura judicial, à chefia na administração local, aos postos de trabalho no Ministério e das Obras Públicas e Comunicações (In: Brasão, Inês Paulo. Dons e disciplinas do corpo feminino: os discursos sobre o corpo na história do Estado Novo. Lisboa: Organizações Não Governamentais do Conselho Consultivo da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, 1999).
De 4 a 6 de maio de 2004 as feministas portuguesas, académicas, ativistas e investigadoras de diversos setores reuniram-se para comemorar o 80º aniversário do primeiro Congresso do movimento feminista no país.
Na ocasião discutiram-se questões como o aborto, a sexualidade e o direito ao próprio corpo, a desigualdade entre homens e mulheres em setores como o do trabalho e outros temas feministas. O Congresso decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa e durante os três dias da comemoração foram homenageadas as mulheres importantes, não só considerando o feminismo, entre eles por exemplo Adelaide Cabete, Maria Velleda, Elina Guimarães e Maria Lamas.
A primeira República portuguesa não permitiu o sufrágio feminino e, concedeu apenas em 1911, o direito aos portugueses com mais de vinte e um anos e que soubessem ler e escrever e aos chefes de família, sem, no entanto, especificar o sexo dos eleitores.
Curiosamente, foi o regime da ditadura militar português que surgira do golpe de Estado proferido em 28 de maio de 1926 que veio atribuir à mulher portuguesa que fosse chefe de família, o direito ao voto nas eleições para as juntas de freguesia (mas não para as câmaras municipais) sendo que a sua capacidade eleitoral era determinada somente em razão da chefia de família.
Em 1931, o Decreto 19.696 estipulou que as mulheres, chefes de família que fossem viúvas, divorciadas ou separadas judicialmente e tendo a família a seu cargo e ainda as mulheres casadas, cujo marido estava ausente nas colônias ou no estrangeiro podiam pertencer às corporações administrativas inferiores.
No entanto, somente depois de 25 de Abril de 1974, com a lei n.º 621/74 de 15 de Novembro, o direito de voto se tornou universal em Portugal. O fim da discriminação sexual do voto em Portugal teria de esperar por 1968. Nessa altura, apenas foram excluídos do sufrágio os cidadãos que não sabiam ler. Já que a lei eleitoral, conforme a conhecemos hoje, só foi aprovada em 1979.
Em 2014 o movimento feminista renasce em Portugal com algum impacto, com a criação da plataforma Maria Capaz[14], com a participação de dezenas de figuras públicas nacionais. Fundada pelas apresentadoras de televisão Iva Domingues e Rita Ferro Rodrigues é em 2016 uma associação abertamente de luta pelas mulheres.
Por toda a Europa se assiste os incentivos à natalidade[15]. Na Alemanha, por exemplo, apesar das políticas que obrigavam as mulheres que não eram consideradas etnicamente puras a abortar, as alemãs eram quase forçadas a ter filhos, pois era como que um serviço à nação. “Elas deviam ser em primeiro lugar: alemãs e em segundo lugar: mulheres”,
Em Itália inicia-se a politica de casamento coletivo que irá inspirar as «Noivas de Santo António» nos anos 40 em Portugal, bem como outras políticas que incentivam ao casamento e à natalidade.
De acordo com Neves e Calado existe uma relação indissociável entre o berço e o túmulo, os lençóis e o véu de luto, pelo bem da Nação. O pragmatismo apela a um masoquismo, a um sofrimento desmesurado do qual as mulheres devem sentir-se orgulhosas, pois as suas lágrimas de sangue serão símbolos da salvação da pátria e da redenção da mulher.
Os nazistas em seu auge na Alemanha retiraram também todos os progressos e conquistas adquiridas pelas mulheres no período entre as guerras mundiais.
Na obtusa ideologia de Adolf Hitler, a mulher alemã, sobretudo, deveria ser a dona de casa e mãe. Sendo condecoradas e homenageadas quanto maior fosse o tamanho de sua prole. Tudo era sintetizado na velha teoria dos três K, a saber: küche, kinder und kirche, significando, cozinha, filhos e Igreja. E, por essa razão que uma lei alemã editada em 1937 proibia que as mulheres fossem empregadas na administração.
Apesar de que o Terceiro Reich[16] não fosse exatamente o inferno misógino preconizado pelas historiadoras e historiadores feministas, porém tampouco fosse o paraíso de igualdade de condições entre os gêneros humanos.
o antes da segunda guerra mundial, pelo menos metade das mulheres alemãs efetivamente trabalhavam fora, sendo um número mais elevado e expressivo se comparado aos Estados Unidos (25%) e a Grã-Bretanha (45%).
Em 1941 existiam quinze mil creches na Alemanha e as mulheres que tivessem emprego fixo, já recebiam seis semanas de licença maternidade remunerada, algo que não ocorria em outro lugar no mundo. Principalmente justificada porque a reprodução era considerada uma benção para o regime, contando com forte apoio do governo.
Aliás, o aniversário de nascimento da mãe de Hitler, 12 de agosto fora escolhido para celebrar a Festa das Mães[17] Alemãs e, nessa data, eram condecoradas com a Cruz de Honra da Mãe Alemã[18]. A medalha de bronze era dada para as mulheres que tivessem de quatro a seis filhos e, a de prata para as que tivessem de seis a oito filhos e, a de ouro para as que tivessem dado ao Reich mais de oito filhos. Contabiliza-se que em 1939 quando da primeira premiação condecorou três milhões de mulheres alemãs.
Enfim, o ideal nacional-socialista de beleza da mulher alemã era ser loura deslumbrante, de ancas largas, com cabelos amarrados atrás da nuca ou trançados e formando uma coroa na cabeça, o que caracterizou tanto a Liga das Mulheres Nazistas como a Liga das Jovens Alemãs. Exaltava-se, na ocasião, o corpo atlético enquanto que a maquiagem era considerada “nada alemã” e quem insistisse corria o risco de ser tachada de prostituta.
Nessa doutrina, o sexo não significa mais uma atividade pessoal e, sim, um dever sagrado voltado para a reprodução de seres humanos[19] superiores, ou seja, arianos. Tanto que o soldado nazista para se casar precisava obter autorização especial, emitida por Himmler, conforme a Lei de 1932, a Ordem A65.
As mulheres “candidatas” se enquadravam em três categorias basilares, a saber: as perfeitamente adequadas para a seleção, medianamente adequadas e as totalmente inadequadas.
E a referida autorização matrimonial só era finalmente concedida depois de preenchido adequadamente todos os vinte itens de ordem fisionômica, como a estatura das candidatas, avaliada em pé e sentadas, a forma do crânio, a cor e disposição dos olhos, a curvatura do nariz, o comprimento de membros, a dimensão do tórax dos homens e da bacia das mulheres.
Himmler[20] defendia a tese do doutor Schallmayer de que os guerreiros que voltavam da frente da batalha deveriam ter maiores possibilidades de dispor de várias mulheres para reproduzirem-se ao máximo. Schallmayer acreditava que o Estado tinha o dever de proteger e desenvolver a capacidade biológica de seu povo.
Por isso, elogiou o Partido Social Democrata dando seu apoio à educação científica e à propriedade coletiva, mas criticou os marxistas por sua preocupação e crença na igualdade econômica para todos. Ainda acreditava que os partidos políticos eram movidos por interesses especiais, mas a eugenia[21] era a filosofia hábil para unir as partes para um propósito significativo.
E, por isso, foram criados pela SS, os Lebensborn (fonte de vida) com o fito de reproduzir os arianos perfeitos por meio do relacionamento entre indivíduos aptos. Era uma espécie de haras nacional onde as mulheres perfeitamente adequadas geravam arianos típicos e perfeitos, completamente dentro dos padrões exigidos pelo Terceiro Reich.
A política racial da Alemanha nazista representou um conjunto de políticas e leis implementadas em apoio à teoria de superioridade da raça ariana, baseada em uma doutrina racista que alegava legitimidade científica.
Foi combinada a um programa de eugenia cuja finalidade era promover a higiene racial[22] alcançada por esterilizações compulsivas e o extermínio dos chamados subumanos, o que eventualmente culminou no Holocausto.
Tal teoria mirava particularmente, judeus, ciganos, polacos, negros, homossexuais e deficientes mentais e físicos, que foram considerados inferiores na hierarquia racial que posicionou os Herrenvolk ou a raça superior da Volksgemeinschaft ou comunidade nacional[23].
No topo da hierarquia racial estavam os eslavos, especialmente os polacos, sérvios e russos, romanos e pessoas de cor e os judeus foram colocados na base. Mais de quatrocentos mil pessoas foram esterilizadas enquanto que mais de setenta mil foram mortas pelo programa Aktion T4. (In: Ian Kershaw, Hitler. A Profile in Power, Capítulo VI, Primeira Seção. Londres, 1991, rev. 2001.).
Aliás, o racismo biológico ou racismo científico é a crença pseudocientífica de que existem evidências empíricas que apoiam ou justificam o racismo, a discriminação racial ou a inferioridade ou superioridade racial.
O racismo científico recorre a conceitos de antropologia, antropometria craniometria e outras disciplinas ou pseudodisciplinas para propor tipologias que apoiem a classificação das populações humanas em raças fisicamente distintas, que possam ser classificadas como superiores ou inferiores.
Atualmente as noções de racismo científico não são consideradas ciência e o termo é usado de forma pejorativa para se referir a ideias pseudocientíficas. O racismo científico foi relativamente comum no período entre o século XVII e o fim da I Guerra Mundial.
Embora a partir da segunda metade do século XX tenha sido considerado obsoleto e desacreditado, em alguns meios continuou a ser usado para apoiar ou legitimar a ideias racistas, baseadas na crença de que existem categorias raciais e raças hierarquicamente inferiores e superiores.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial[24] este passou a ser denunciado em termos formais. Os avanços na genética populacional humana mostraram que as diferenças genéticas são praticamente todas graduais e não determinam superioridade ou inferioridade racial.
A fonte de vida era dirigida pelo médico da SS Gregor Ebner[25] e mais de trinta fontes foram criadas na Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Noruega, Dinamarca e Polônia. Nessa ocasião, registrou-se o nascimento de mais de doze milhões de bebês arianos perfeitos.
Apesar de expressiva majoração da taxa de natalidade alemã, esta ainda era insuficiente para os mirabolantes planos de Himmler[26], tanto que nos países ocupados foram sequestradas crianças que correspondessem às características desejadas e apregoadas pelo nazismo.
Desta forma, principalmente na Polônia cerca de duzentos mil loiros de olhos azuis foram sequestrados durante a Segunda Guerra Mundial e levados à Alemanha e aos novos assentamentos no leste a fim de se efetivar a tão pretendida germanização.
Depois da guerra, vinte mil dessas crianças foram finalmente recuperadas pelo governo polonês na zona de ocupação soviética da Alemanha e cerca de seis mil crianças foram resgatadas nas zonas de ocupação dos Aliados ocidentais.
No entanto, o protagonismo das mulheres alemãs reprodutoras começou a declinar quando a vitória começou a pender para o outro lado. Após, quatro anos de guerra intensa e sangrenta, novecentas mil mulheres[27] foram finalmente recrutadas para as frentes de trabalho, executando as mais variadas atividades que antes eram exclusivamente masculinas.
Os Aliados, por exemplo, levaram menos tempo que os alemães para identificarem a relevância da mulher[28] no esforço de guerra. Porém, na Inglaterra e nos EUA a participação feminina esteve relacionada às atividades de retaguarda.
E mesmo as mulheres que estiveram em postos administrativos elevados sofriam com a resistência de seus colegas de farda. Aliás, o almirante Nimitz[29], por exemplo, não aceitava mulheres em sua equipe.
Apesar enfrentaram o preconceito, cerca de três mil mulheres que trabalharam como empregadas na codificação e decodificação de mensagens secretas na Grã-Bretanha. E, em Liverpool existia um batalhão feminino, sendo todas especialistas em línguas estrangeiras e responsáveis, por correspondências dirigidas aos países neutros ou aliadas. Também foram responsáveis pela censura das cartas dos solidados.
Em Northfolk onde havia mais de cem aeródromos da RAF e da Força Aérea norte-americana e a base dos bombardeiros tinha cerca de dois mil e quinhentos funcionários, dentro os quais, cerca de quatrocentas eram mulheres.
Atuaram como voluntárias fora da área militar nas fábricas de uniformes, de armamentos e nos estaleiros. Em 1942, registrou-se o número expressivo de sete milhões de mulheres atuando nas frentes de trabalho, e atendendo ao chamado “Mulheres da Grã-Bretanha”, venham para as fábricas.
Aliás, o primeiro país a reconhecer a necessidade do emprego da mão de obra feminina durante a Segunda Guerra Mundial foi a Inglaterra, na época, a grande maioria dos postos de trabalho era ocupada por homens.
No entanto, como a guerra veio a mobilizar cerca de 5,5 milhões de homens, a força do trabalho feminina passou a ser decisiva para que o país se mantivesse nesse período tão conturbado.
Diante da introdução da força laboral feminina maciça no mercado de trabalho surgiram diferentes reações. Muitos inicialmente temiam que, finda a guerra, a força do trabalho feminina permanecesse ativa e retirasse o trabalho dos homens, que eram os naturais provedores do lar. A proteção da família continuava em plano prioritário e, seguindo o exemplo da Inglaterra, também outros países, passaram a adotar o trabalho feminino nas construções de aviões, navios, caminhões, produção de armas e tantas outras atividades civis e militares.
Inicialmente recorreu-se ao voluntariado, preferencialmente de mulheres solteira, para não comprometer a harmonia do lar. Porém, o voluntariado não foi suficiente e, em 1941, o governo britânico promoveu o recrutamento de mulheres.
Inicialmente, o alvo eram as mulheres solteiras, depois, as casadas também começaram a ser recrutadas. Apenas as mães com filhos menores de quatorze anos estavam dispensadas de colaborar com o esforço de guerra. Em 1942, seis milhões e setecentos sessenta e nove mil mulheres estavam envolvidas no esforço de guerra na Grã-Bretanha.
Por outro lado, os países do Eixo, como a Alemanha e Itália, resistiram à ideia de ter mulheres envolvidas no esforço de guerra. Mas depois, também aderiram.
O Canadá chegou a mobilizar cinquenta mil mulheres em suas forças armadas, chegando a representar vinte e cinco por cento da mão de obra envolvida no esforço de guerra. No mercado de trabalho formal, registra-se que a participação feminina cresce em média oitenta e nove por cento se comparado com os anos anteriores.
Em 1944, o número de mulheres trabalhando era de oitocentos e doze mil, das quais duzentos e sessenta e um mil trabalhavam nas fábricas de armamentos. E, trinta por cento desse número trabalhava na indústria aeronáutica, sendo responsável pela produção de dezesseis mil aviões. Havia ainda o trabalho voluntário que também envolveu milhões de mulheres canadenses, organizadas em associações e clubes locais.
A Força Aérea Canadense seria uma das primeiras a admitir as mulheres. Em julho de 1942, foi criada a Força Aérea (CWAAF). Ainda naquele ano, o exército cria o Serviço Feminino Armado Canadense (CWAC). A Marinha seria a última a aceitar as mulheres em seu efetivo, em 1942, com a criação da Reserva Feminina da Marinha Real do Canadá (WARCNS).
As mulheres[30] assumiam funções administrativas liberando, dessa forma, os homens para o front. Assim como as mulheres que ocupavam funções no mercado formal de trabalho, as militares também não recebiam uma remuneração igual à de seus pares do sexo masculino. A guerra elevou o valor social do trabalho feminino, porém, essas ainda recebiam salários menores, mesmo quando executando a mesma atividade.
Nos demais países, muitas mulheres acabaram de uma forma ou outra, se envolvendo no esforço de guerra. De sorte, que além das britânicas, as canadenses e as alemãs, nossos primeiros exemplos, e vale destacar a participação de brasileiras[31], norte-americanas e soviéticas.
Nos EUA, já próximo ao fim da segunda guerra mundial, vinte milhões de mulheres labutavam, ocasionando um aumento de quase de sessenta por cento em relação à situação anterior ao ataque de Pearl Harbor[32] em 1941.
Apesar de que recebiam salários consideravelmente inferiores aos pagos aos homens, em média orçado em vinte dólares a menos, em uma época em que o salário do trabalhador norte-americano era em torno de cinquenta e cinco dólares por semana.
Fato este que ainda persiste mesmo nos dias atuais, infelizmente. Na Rússia, as mulheres eram chamadas de “combatentes de macacão” devido ao uso da roupa de brim utilizada comumente nas fábricas como, situada em Moscou, quando se dizia que não havia vida pessoa fora da fábrica. O que gerou o seguinte comentário: “Não morríamos, mas estávamos sempre com fome”.
Durante a segunda guerra mundial, a linha de produção fabril de tecidos para agasalhos e redes de camuflagem para o exército foi mantida ininterruptamente com operários e operários divididas em turnos de doze horas. Alimentavam-se mal com pão e kasha, que era um mingau feito de trigo queimado e distribuído nas bancadas de trabalho. A fome era tão severa que os operários e operários comiam até cascas de batata.
Aliás, domingo era em tese, um dia de folga, mas o comitê do partido Comunista da fábrica em geral nos convocava para os trabalhos externos, como cavar trincheiras ou mesmo buscar madeira nas florestas ao redor de Moscou[33]. (In: HASTINGS, Max. Inferno. O Mundo Em Guerra 1939-45. Tradução de Berilo Vargas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011).
Depois da invasão alemã, as mulheres soviéticas acompanharam as mais mil e quinhentas fábricas que foram transferidas das áreas ocidentais da União Soviética para a região dos Urais, o que significava milhares de quilômetros de distância da linha de frente.
O Exército Vermelho[34] fora o único grande exército[35] que utilizou regularmente mulheres na frente de batalha, levando cerca de novecentos mil “soldados de saias” e, um pouco mais de noventa guerreiras passaram para o seleto grupo de Heróis da União Soviética.
Entre essas Lydia Vladimirovna Litvyak (1921-1943) foi aviadora de caças da Força Aérea Soviética, foi um ás da aviação na Segunda Guerra Mundial junto com Kátia Budánova, também conhecida como a Rosa Branca de Stalingrado, apelido dado por suas ações durante a Batalha de Stalingrado[36]. Aos vinte e um anos de idade, teve doze vitórias individualmente e outras duas a quatro vitórias compartilhadas. Detém o recordo de tiroteios reais de combate nas mãos de apenas uma mulher. Com tudo isso, e tendo desaparecido em ação durante a Batalha de Kursk, foi finalmente reconhecida como Heroína da União Soviética[37].
Maria Vasilyevna Oktybrskaya (1905-1944) foi uma combatente russa da Grande Guerra Patriótica[38] e a primeira mulher a se tornar condutora de um tanque. Em 1943, recebeu oficialmente a notícia do falecimento do marido, morto em batalha contra os nazistas em Kiev, ocorridos dois anos antes. Movida por sentimento de vingança, vendeu suas posses para obter e comandar um carro de combate.
O governo soviético aprovou a iniciativa e após cinco meses de treinamento, Maria passou a conduzir um T-34 da 26ª Brigada de Tanques. A impressão inicial dos militares era que sua presença ali era de caráter propagandístico do regime.
No entanto, Oktyabrskaya provou ser em batalha uma tanquista arrojada ao destruir diversas posições de artilharia inimigas. Em uma ocasião seu tanque foi atingido e ela saiu do interior para consertá-lo, mesmo sob fogo. Numa ação noturna em 17 de janeiro de 1944 num povoado próximo de Vitebsk, uma lagarta de seu tanque fora atingida. Novamente saiu para consertá-lo. Ao concluir, no entanto, foi atingida gravemente por uma mina. Após permanecer dois meses em coma, faleceu em 15 de março do mesmo ano. Recebeu postumamente o título de Herói da União Soviética.
Valentina Vladimirovna Tereshkova é a primeira cosmonauta e a primeira mulher a ter ido ao espaço em 16 de junho de 1963, na nave Vostok VI. Foi transformada em heroína soviética após o sucesso de sua missa, sendo condecorada por líderes soviéticos, russos e estrangeiros de várias gerações.
E, nos anos seguintes, se tornou também proeminente na sociedade e na política do país, primeiramente na União Soviética e, depois na Rússia. Até os dias atuais é considerada a única mulher a ter feito o voo solo ao espaço.
As mulheres soviéticas mereceram de um oficial da Wehrmacht[39] menção sobre elas em Stalingrado, in litteris: “As mulheres russas há muito tempo vêm sendo preparadas para tarefas de combate e para ocupar qualquer posto militar que seria capaz uma mulher”.
Outro alemão aduziu que as mulheres combatiam feito feras e, as tarefas femininas consistiam em atuar como enfermeiras em campanha, pilotos de avião, em baterias antiaéreas e também como atiradoras de elite.
A sniper[40] ucraniana Lyudmila Pavlichenko alvejou e matou trezentos e nove alemães e tinha apenas vinte e cinco anos. E, num cômputo total, as atiradoras soviéticas promoveram mais de onze mil mortes de oficiais e soldados nazistas[41].
A famosa loura Marlene Dietrich foi, sem dúvida, a mais célebre das estrelas do cinema norte-americano e atuou como garota-propaganda dos Aliados contra o nazismo. A berlinense trocou a Alemanha por Hollywood em 1933. E, após seis anos veio a naturalizar-se norte-americana. Foi contratada pelo Exército para entreter as tropas aliadas e lhes manter o moral, desembarcou no Norte da África e, apareceu pela primeira vez em abril de 1944, na ópera de Argel. Quando cerca de dois mil soldados norte-americanos ficaram simplesmente extasiados.
Conhecida como “Anjo Azul” conforme ficou conhecida devido ao filme Der Blaue Engel, de 1930, o primeiro grande filme do expressionismo alemão e que acompanhou os exércitos norte-americanos pela Itália, França, Bélgica e também pela Alemanha[42].
Após a guerra, quando um jornalista lhe perguntou sobre seus inúmeros casos amorosos, se entre estes, esteve o comandante supremo das Forças Aliadas na Europa, Dwight Eisenhower[43], respondeu com ironia: “Como seria possível? Ele nunca esteve na frente de batalha”.[44].
Como Dietrich renegou a Alemanha e ao nazismo de Goebbels, o então ministro da propaganda de Hitler, encontrou uma substituta: a sueca Zarah Leander que segundo afirmam tinha uma voz profundamente erótica e nostálgica.
Apesar de que o ministro de Hitler não gostasse das letras das músicas cantadas por Zarah, que em verdade, era uma espiã soviética. Com grandioso sucesso na Alemanha, Leander não aceitou o convite dos estúdios norte-americanos por questões óbvias e permaneceu a serviço do cinema e propaganda nazista até 1943, quando sua mansão em Berlim fora destruída pelos bombardeios dos Aliados e, seus serviços não mais eram necessários aos russos. E, com apoio da NKVD[45], Leander retornou definitivamente a sua terra natal (Suécia).
Realmente os alemães tinham um sensível interesse por atrizes estrangeiras, notadamente, as dotadas de sangue alemão, tal como Olga Knipper, que fico mais conhecida pelo sobrenome de seu ex-marido Mikhail Tchekov, sobrinho ao grande escritor russo Anton Tchekov[46].
Olga Tchekova recebeu o título em 1936 de “melhor atriz do Estado”, do Terceiro Reich e foi descrita por Goebbels em seu diário como sendo “uma mulher encantadora”. Hitler também era seu fã tanto que se fotografou ao lado de Olga, em uma recepção nazista de 1939. Também os boatos de ser espiã soviética eram infundados, pois não era nazista e nem comunista.
O irmão de Olga Tchekova, Lev Knipper esteve mais amiúde envolvido em questões de espionagem, tanto que o chefe da NKVD[47] ordenou que o general Pavel Sudoplatov que era comandante do Grupo de Missões Especiais organizasse uma atuação onde Knipper e sua mulher assassinasse Hitler quando Moscou caísse em mãos germânicas, o Führer entrasse na capital russa. Como isso não chegou a acontecer nada há que indique propriamente o envolvimento de Olga[48].
Parte do seu trabalho era também de fazer visitas às frentes de batalha. Tal qual Dietrich e, aliás, foi assim que Olga conheceu um de seus amantes que era piloto da Luftwaffe e, ao fim da guerra, foi presa e interrogada pela NKVD e encerrou sua carreira artística em 1974.
Hedy Lamar foi atriz da época de ouro do cinema, nas décadas de trinta e quarenta e ficou bastante conhecida por protagonizar uma das primeiras cenas de sexo no cinema. E, mesmo assim, deu uma grande contribuição com a invenção de um sistema de comunicações para os EUA durante a Segunda Guerra. A tecnologia serviu de base para o desenvolvimento da atual telefonia celular.
As estrelas e celebridades femininas do Terceiro Reich eram conhecidas como “brinquedinhos de Goebbels” [49] sendo selecionadas por suas aptidões tanto quanto pelos caprichos pessoais do Ministro nazista. Existia até uma piada corrente em virtude do insaciável apetite sexual de Goebbels, afirmava-se que nem dormia na própria cama, mas em sua própria e grande boca (Klappe em alemão significa uma gíria que serve tanto para boca como para claquete).
Goebbels tinha baixa estatura e era manco motivo pelo qual usava aparelho ortopédico, tinha os pés toros e nem era louro e nem tinha olhos azuis. Seu tipo era longe do descrito em ser o alemão ideal conforme seu ministério apregoava. Aliás, o desenvolvimento acentuado de seu intelecto foi devido em grande parte por seus defeitos físicos de que era portador.
Quando criança teria se tornado incapacitado pela poliomielite e, mais tarde, pela osteomielite. Goebbels em sua infância fora muitas vezes insultado pela fragilidade e deficiência o que naturalmente o impediram de participar de atividades que exigissem velocidade ou agilidade. Daí, o porquê tanto se esforçou por brilhar no campo do aprendizado, uma vez que nas façanhas físicas estava mesmo condenado ao fracasso.
Apesar de seus problemas físicos possuía certa beleza, tinha cabelos pretos, olhos castanhos bem colocados, bons dentes e mãos bem moldadas. Desde criança, Goebbels cuidava ciosamente de sua aparência, exibindo os elementos do exagerado apuro em trajar-se, o que resultou num guarda-roupa que tinha mais de trezentos trajes.
Quando tinha dezessete anos e a Primeira Guerra Mundial estourou, ele se apresentou como voluntário para o exército e, naturalmente, foi rejeitado por causa dos defeitos físicos. Dificilmente poderia esperar ser aceito. (Desapontado ou não, o fato é que ele tirou excelente partido da sua coxeadura, informando os curiosos complacentes de que fora uma das primeiras baixas na guerra.)
A rejeição deu-lhe a vantagem de poder continuar os estudos, coisa que os pais consideraram caída dos céus para pô-lo no caminho do sacerdócio, onde, acreditavam, Goebbels[50], com seu gosto pelo estudo, encontraria o seu verdadeiro destino.
Apesar de seu voraz apetite sexual, há relatos que algumas atrizes se decepcionaram com sua superioridade racial. A atriz Irene von Meyendorff uma loira nascida na Estônia, afirmou que o ministro de Hitler era dono de uma “minhoquinha” referindo-se ao seu órgão sexual. E para alguma atriz poder trabalhar em Babelberg, onde ficavam os estúdios da UFAe (grande produtora de filmes da Alemanha nazista) era preciso ceder aos caprichos do ministro da Propaganda Nazista.
Aliás, Goebbels era apelidado de “bode de Babelsberg” embora fosse visto como o ideal alemão a ser seguido. Sua esposa Magda Goebbels era reconhecida como esposa-modelo nazista, a primeira dama do regime não apenas por suas características tipicamente alemãs, mas também pelo grande número de filhos.
E foi leal à Hitler até seus derradeiros dias de vida, quando teve a coragem de matar seus seis filhos envenenados no bunker, antes de ela e seu marido cometerem suicídio[51].
Todas as crianças da prole de Goebbels foram batizadas com nomes iniciados com a letra H o que, segundo alguns historiadores, é uma homenagem a Adolf Hitler. Magda Goebbels tinha também um sétimo filho, chamado Harald Quandt[52], oriundo de seu primeiro casamento.
Enquanto a família Goebbels residia no Führerbunker, após assassinar todos os seus filhos com veneno, Joseph e Magda seguiram o caminho da morte. Há algumas versões que relatavam que ambos se suicidaram com um tiro, outras versões, alegam que o ministro Goebbels se suicidou com uma bala na cabeça e sua esposa havia se envenenado. Helga Susanne era a filha mais velha de Goebbels e, segundo relatos, era a favorita de Adolf Hitler que a presenteou com flores com flores em seu aniversário de um ano. Tanto que em 1935 teria sido a capa de duas revistas.
Aliás, Magda acreditava ser impossível viver num mundo sem Hitler e o nacional-socialismo. Johanna Maria Magdalena Goebbels (1901-1945) foi também amiga e aliada pessoal de Adolf Hitler. Ficou conhecida, principalmente, por durante a tomada de Berlim pelo Exército Vermelho, no fim da Segunda Guerra Mundial, juntamente com seu esposo, assassinar seus seis filhos com veneno.
Sua origem é controvertida, uma vez que no mesmo ano de seu nascimento, sua mãe havia se casado com o empresário alemão Oskar Ritschel, mas este se recusará a dar o seu sobrenome à menina. O dito casamento da mãe de Magda com Ritschel durou até 1905, quando ela se divorciou.
Em 1908, Behrendt Magdalena se casou de novo, desta vez, com o pai biológico de Magda, Richard Friedländer, indo morar em Bruxelas. Tal casamento duraria até 1914. Recentemente, em 2016, o historiador Oliver Himes anunciou que descobrira a verdadeira origem do pai de Magda, sendo que este seria um comerciante judeu.
E, tal descoberta aponta para uma inconveniente verdade por detrás de boato que existia dentro do Partido Nazista, ainda nos tempos da guerra, de que Magda guardava grande segredo, porém, nada ficou provado se Goebbels sabia de tal segredo da esposa, sendo, contudo, que em 1934 veio a escrever em seu diário que sua esposa tinha um horrível segredo sobre seu passado, sem mencionar, qual seria tal segredo. Supõe-se que tal segredo seria a sua linhagem judaica que contrariava toda a ideologia do Partido nazista.
Quanto o primeiro casamento de Magda que teve início em 1921, com o industrial alemão Herbert Quandt que enriqueceu quando Hitler chegou ao poder. Tendo fundado império composto de várias empresas, entre estas a BMW Em 1939, no entanto, Quandt descobriu a infidelidade da esposa e, então pediu o divórcio.
O cinema germânico era dominado por estrelas estrangeiras e, na música havia uma estrela chamada Lale Andersen e sua versão para a música “Lili Marleen” [53], cuja letra datava da época da Primeira Guerra Mundial, se transformou em um clássico da guerra, apreciado em ambos os lados.
O curioso que a referida música foi utilizada pelos dois lados do conflito mundial. Tratava-se de mais uma simples canção sobre a separação e incerteza de um dia retornar aos braços da amada. Desde 1942, a propaganda nazista não parava de tocar a música, inclusive na versão em inglês. Os britânicos revidaram com a mesma canção, na interpretação de Anne Shelton, muito popular entre os soldados.
A BBC de Londres divulgou uma paródia antinazista da canção, interpretada pela atriz alemã Lucie Mannheim que havia fugido da Alemanha. Na estratégica batalha de Tobruk, na costa da Líbia, tanto nazistas quanto aliados ouviam a canção a partir de alto-falantes, instalados na frente de guerra. Também as tropas soviéticas aproveitaram-se do motivo, através de panfletos com apelos aos alemães para que retornassem às suas “lilis”.
Eis a sinopse sobre a famosa música: “às vésperas da eclosão da Segunda Guerra Mundial, a cantora de cabaret Willie (Hanna Schygulla) e o pianista boêmio Robert (Giancarlo Giannini) se apaixonam em Zurique, na Suíça. Robert é judeu e a família dele não quer o relacionamento, pois Willie é alemã”. Ao voltar de uma viagem da Alemanha com Robert, Willie é impedida de cruzar a fronteira e retornar à Suíça. Ela foi expulsa do país por dívidas, em uma ação furtiva do pai de Robert, o poderoso David Mendelson (Mel Ferrer). Sem alternativa, Willie é obrigada a ficar em seu país natal e acaba por se envolver com Henkel (Karl-Heinz von Hassel), um poderoso comandante nazista.
Enquanto a Segunda Guerra Mundial se desenrolava, Henkel a ajuda a gravar um disco e uma das canções, Lili Marleen, toca na Rádio de Belgrado e se torna extremamente popular entre as tropas alemãs que estão na frente de batalha. Lili fica famosa e recebe os privilégios do regime, inclusive conhecendo pessoalmente Adolph Hitler. Robert não se conforma que Willie tenha se tornado um símbolo do regime nazista e volta à Alemanha para falar com ela, usando documentos falsos. Ele é feito prisioneiro e Lili passa a ser suspeita de espionagem.
As tropas inglesas igualmente tinham sua musa que era Vera Lynn, chamada de “namorada dos soldados” e serviu como ferramenta publicitária e funcionou como slogan de forte apelo psicológico social. Foi contratada como cantora oficial da BBC de Londres que era a principal emissora de rádio da Europa. Vera Lynn[54] se tornou a voz feminina mais conhecida no mundo.
No Japão, a chamada “Rosa de Tóquio” [55] era Iva Toguri, uma norte-americana de Los Angeles (nissei) que emprestou a voz à Rádio Tóquio é a propaganda japonesa antiamericana no Pacífico.
Na verdade, Toguri usava frases como: “O que acham que fazem as mulheres nos Estados Unidos com os conversíveis e os reservistas?”. Toguri foi presa depois da guerra e acusada de traição, só sendo libertada em 1956[56].
Durante a segunda guerra mundial, o rádio teve relevante papel nas ações desenvolvidas pelos países beligerantes. E, os japoneses foram os campeões, espalhando mensagens patrióticas que visavam incentivar seus guerreiros e ao mesmo tempo abater o moral das tropas do principal inimigo, os norte-americanos.
A Rádio Tóquio através de suas ondas curtas levou programas, mensagens lidas em inglês numa voz suave de mulheres, era a Rosa de Tóquio ou Tokyo Rose, conforme ficou internacionalmente conhecida.
Através de artifícios técnicos, a emissora conseguia invadir as faixas da BBC de Londres e da Voz da América de Washington dirigidas ao teatro da guerra, espalhando ainda mais as mensagens como se fosse de emissoras ocidentais.
Embalada numa voz adocicada, ela dizia: “Vocês, soldados americanos, por que não voltam para as suas casas? Tudo já terminou. Vocês perderam a guerra. Se Mac Arthur (o comandante-chefe das operações de guerra dos EUA) for capturado vivo, ser enforcado na Praça Imperial de Tóquio. (…)”.
A Rosa de Tóquio ainda incessantemente falava sobre batalhas fictícias, que os japoneses haviam vencido, criando apreensão e mal-estar entre as tropas aliadas quando lembrava que as mulheres americanas estavam em casa, se divertindo, enquanto que eles, os soldados, lutavam nas frentes de batalha.
A famosa Rosa de Tóquio era Iva Toguri era nissei, pois era norte-americana filha de imigrantes japoneses e, ao retornar à terra de seus pais para visitar parentes, fora surpreendida com a notícia de que o Japão havia bombardeado a base naval americana de Pearl Harbor no Pacífico, entrando definitivamente na guerra. Apesar de Iva não saber falar japonês, atendeu a um anúncio de jornal que pedia pessoas que soubessem falar inglês fluentemente para trabalhar na Rádio de Tóquio.
Foi também pelo rádio em um tom dramático que foi feito o pronunciamento a partir do Palácio Imperial onde o Imperador Hiroito anunciou ao Japão e ao mundo a sua rendição incondicional aos Aliados.
Foi conhecido também como Imperador Showa ou o Imperador Showa (1901-1989) foi o 124º imperador do Japão, de acordo com a tradicional ordem de sucessão, reinando de 25 de dezembro de 1926 até sua morte em 1989.
Apesar de bastante conhecido fora do Japão por seu nome pessoal que é Hiroito, no Japão é reconhecido com seu nome póstumo, Imperador Showa. Seu reinado foi o mais longo de todos os demais imperadores japoneses, e coincidiu com turbulento período onde se deram muitas mudanças na sociedade japonesa. Foi sucedido por seu filho, o imperador Akihito[57].
Perto do fim da ocupação, Hiroito estava preparado para se desculpar formalmente aos EUA, através do General MacArthur, pelas ações do Japão na Segunda Guerra Mundial, incluindo as desculpas pelo ataque de 07 de dezembro, a Peral Harbor. Mas, MacArthur recusou-se a admiti-las ou reconhecê-las.
O diário de Hiroito revelou remorsos pela Segunda Guerra. Quando morreu em 1989, manifestou em seus derradeiros anos de vida, o desejo de falecer em breve para não prolongar uma existência atormentada pelos eventos danosos da Segunda Guerra[58] e a culpa que lhe atribuiria por seu papel.
O imperador Hiroito nunca havia se pronunciado diretamente ao povo japonês. E, quando o fez, exatamente em seu primeiro contato verbal com o público, declarou o fim da guerra com os EUA. E, disse a todos para tolerar o intolerável e disse que ao testemunhar o tamanho sofrimento de seu povo, seus órgãos vitais haviam se partido, tentando assim, construir mais ainda, sua imagem divina e uma ligação mágica com seu povo.
Porém, a imagem divida do imperador japonês não se sustentava mais. Pois, após a guerra e a ocupação americana no Japão, o mundo entrou em crise e os oficiais e líderes de vários países durante a guerra começaram a ser investigados, inclusive Hiroito, que teve que mudar sua estratégia para conquistar seus súditos[59].
Depois do suicídio de Hitler, da tentativa vã de fuga de Mussolini[60] em se esconder na Suíça, onde foi morto. No Japão, o líder que mais causou danos do que na Itália fascista se encontrava vivo e nem mesmo chegou a ser julgado pelos seus crimes. Hiroito ficou no poder até seu último suspiro em 1989[61].
Mas, o General MacArthur havia ouvido do general Bonner Fellers que cogitar em enforcar Hiroito[62] seria semelhante a promover a crucificação de Cristo para nós, o que fez que se convencesse em inocentá-lo.
Outros historiadores acreditam que foi o próprio Hiroito quem o convenceu, com seu jeito manipulador, de que havia sido obrigado por outros oficiais a dar continuidade à guerra e fazer o que fez, senão iria ser morto.
Uma vez que os poderes do imperador japonês haviam sido diminuídos diante da guerra, então decidiu fazer outra transmissão de rádio, exatamente em 1º de janeiro de 1946 quando afirmou não ser um deus. Disse ainda que sua família não tinha ligação divina e que seu sangue era exatamente como o dos outros.
O sexo também foi uma moeda de troca e garantia de sobrevivência. E a prostituição entrou na moda. Em junho de 1940 após a ocupação de Paris, Himmler, requisitou uns quarenta bordéis para o uso exclusivo das tropas alemãs.
Os mais sofisticados bordéis como Le Chabanais e o One-Two-Two eram reservados especialmente aos oficiais nazistas[63].
A batalha da França foi também conhecida por Queda da França representou a invasão da França e dos Países Baixos pela Alemanha Nazista, em 10 de maio de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, terminando assim a chamada Guerra de Mentira (foi o período inicial da guerra, que ocorreu entre 03 de setembro de 1939 até 10 de maio de 1940. Foi o período compreendido entre a declaração do Estado de guerra da França e Reino Unido à Alemanha Nazista).
Nessa ocasião, unidades blindadas alemãs atravessaram a região florestal de Ardenas, flanqueando a Linha Maginot[64] e derrotando os Aliados. A Força Expedicionária Britânica foi evacuada no que ficou conhecido como sendo a Batalha de Dunquerque na Operação Dínamo e, muitas unidades francesas juntaram-se à Resistência ou passaram ao lado dos Aliados. A Itália declarou guerra à França em 10 de junho e então Paris foi ocupada em 14 de junho e o governo francês fugiu para Bordéus no mesmo dia.
Cumpre destacar que o discurso francês construído após a Segunda Guerra Mundial é que o país foi libertado pela Resistência, com alguma ajuda dos aliados, e que salvo um punhado de miseráveis nas palavras do General Charles de Gaulle, o resto dos cidadãos franceses se comportou como autênticos patriotas. O que realmente fica distante da realidade. E, o professor britânico Robert Gildea desconfigura tal imagem nacional francesa, que já estava bem fissurada com sua obra Combatientes en la Sombra (Combatentes na sombra, em tradução livre) que traçou detalhado retrato da ocupação nazista no qual mais que a Resistência Francesa, prefira cogitar em resistência na França pelo enorme número de estrangeiros que se juntaram à luta contra o nazismo[65].
A França foi derrotada e ocupada pela Alemanha e quando foi libertada e unificada novamente, criou-se uma história única que afirma que todo o país galgou a liberdade consolidada através da liderança do General De Gaulle e, esse relato foi propagado por meio de cerimônias, condecorações e títulos, conforme explicou Robert Gildea, professor de história moderna do Worcester College da Universidade de Oxford, cujo livro publicado na Espanha, pela Editora Taurus, com a tradução de Federico Corriente.
Aliás, os esquecidos não foram somente os espanhóis que fugiram do franquismo, mas igualmente os judeus da Polônia ou da Romênia, os comunistas e as mulheres, cujo trabalho como resistentes foi muito subestimado.
La Résistance designou o conjunto de movimentos e redes que durante a Segunda Guerra Mundial prosseguiu a luta contra o Eixo e seus delegados colaboracionistas desde o armistício de 22 de junho de 1940 até a final Liberação em 1944. Seus membros eram conhecidos como partisans (partidários, em francês).
No Norte da França, tais núcleos da resistência existiam desde 1940 e, nesse mesmo ano, uma manifestação estudantil foi dispersa à força e sob tiros. Na Universidade foram-se formando grupos revolucionários que originaram os jornais como o Resistência e a Organization Civile et Militaire e o Libération-Nord.
No Sul a ação francesa de resistência estava mais dirigida para a propaganda, porque em 1942 esta parte da França não estava ocupada pelos alemães. Eis que os notáveis tinham alguma simpatia pelo governo de Vichy, ao passo que os partidários da resistência vinham da ala esquerda. Em Lyon, por exemplo, foi formada a Franc-Tireur, em torno do grupo de jornalistas liderados por Marc Bloch que fora assassinado pelos nazistas.
Se, de fato, a invasão nazista à França fora feita com relativa facilidade pelo exército alemão, o mesmo não se pode afirmar da resistência civil-militar por grupo atualmente conhecidos como a “resistência francesa”. Durante quatro longos anos de ocupação nazista na França (1940-1944), diversos grupos capitaneados principalmente pelos diretores do Partido Comunista Francês, resistiram bravamente até final vitória contra os nazistas.
Em meio aos heróis do Francs-Tireurs et Partisans, nome de uma das mais importantes organizações armadas de resistências francesas, uma personagem em especial se destacou, a jovem Simone Segouin. Foi conhecida como Nicole Minet, alcunha que usou durante a guerra. Simone se aliou à organização em 1944, quando tinha somente dezoito anos, e sua fotografia vestida de bermuda e chapéu, lutando ao lado dos soldados, tornou-se um famoso símbolo da resistência francesa.
Além de sua óbvia juventude, durante toda a resistência o número de mulheres não chegava a dez por cento na luta. Porém, sua força e determinação jamais deixaram para trás, a jovem participou de ataques contra os trens nazistas, de explosão de pontes, para sabotar as investidas alemãs e de ações que terminariam na prisão e morte de dezenas de oficiais da SS. Credita-se a Simone ter prendido vinte e cinco alemães.
O auge de sua atuação, segundo ela, foi ter estado em Paris, junto do General Charles de Gaulle[66], quando da libertação da cidade, em 25 de agosto de 1944. “Eu não fui a única mulher a se juntar à Resistência”, ela disse. “Tenho orgulho do que fizemos como uma equipe. Mas o momento de maior orgulho foi ir a Paris com o General de Gaulle. Foi maravilhoso o sentimento de adentrar a cidade, mas minha excitação era contida, pois tudo parecia muito perigoso”.
Com o fim da guerra, Simone foi prestigiada com diversas condecorações e promovida a Tenente. Ela tornou-se enfermeira em Chartres, região onde atuou durante a Segunda Guerra Mundial, e seus feitos permanecem históricos e reconhecidos – uma rua foi nomeada com seu nome. Simone é um ícone da luta pela igualdade de gêneros, e essa talvez seja seu maior prêmio: estar viva ainda hoje, aos 93 anos, como a heroína que de fato é.
Zynauda Martunovna Portnova tinha quinze anos quando o exército nazista invadiu a Bielorrússia e sua avó teve uma discussão com um dos soldados e, ele bateu nela. Este incidente deixou Portnova com um profundo ódio pelos nazistas, tanto que se juntou ao movimento de resistência subterrânea.
Portnova começou a distribuir propaganda soviética e a coletar armas para as tropas soviéticas e ainda relatar os movimentos das tropas alemãs. Dentro de um ano, aprendeu a usar armas e explosivos e ajudou a explodir vários edifícios matando mais de cem alemães.
Também trabalhou como assistente de cozinha para as tropas alemães, e os envenenou. Como se tornara suspeita, ela se defendeu comendo um pouco da comida envenenada para prova que não havia feito nada de errado, e por não ter ficado doente, sendo com isto, libertada. Portnova tornou-se batedora no exército e foi capturada em uma de suas missões. Foi torturada e executada quando tinha apenas 17 anos.
Stefania Podgorska de dezesseis anos foi trabalhar para uma família judaica a Diamants, depois que seu pai morreu. Aproximou-se dos Diamants e mudou-se para a cada deles. Infelizmente, Hitler logo quando invadiu a Polônia, os Diamants foram forçados a viver em um gueto[67]. Voltou para viver com sua família, depois que sua mãe e irmão foram enviados para os campos de trabalhos forçados. Ela tinha que cuidar de sua irmã de seis. anos. Como eram muito pobres, tinham que vendar roupas para se alimentar.
Quando Podgorska descobriu que as pessoas do gueto iriam morrer[68], sabia que precisava ajudar os Diamants, Ofereceu-se para abrigar vários judeus, incluindo Max Diamant, o filho de seus antigos patrões. Arrumou emprego numa fábrica e usou o dinheiro para alugar uma casa maior, e começou a confeccionar camisolas por dinheiro e comida, e que tinha que comprar muitas vezes somente no mercado negro.
Vivia com medo constante de que alguém descobrisse seu segredo, tanto que parou de falar com pessoas de fora de sua casa. Com a chegada do exército soviético que libertou a cidade, todos os judeus que abrigava foram libertados. Max Diamant e Podgorska acabaram se casando e se mudando para os Estados Unidos.
Charlotte Sorkine era a mais jovem integrante do grupo de resistência francesa, criou milhares de documentos falsos para as pessoas perseguidas pelos nazistas e levou grupos de pessoas procuradas para fora do país. Sorkine ajudou seu próprio pai a escapar do país. No entanto, ela decidiu ficar, para ajudar na luta contra os soldados alemães.
Depois que Maianne Cohn foi presa, torturada e morta pelos nazistas, Sorkine assumiu seus deveres e, assim, ajudou a trazer dezenas de crianças para a Suíça, onde estas estariam seguras. Continuou a fazer os documentos e a levar as pessoas à segurança até que muitos de seus membros de seu grupo de resistência foram presos.
Quando teve que se juntar a outro grupo de resistência diferente que se concentrava nos combates. Sorkine obteve e transportou armas, plantou explosivos em lugares onde soldados alemães se encontravam e participou ativamente da libertação de Paris. Após a guerra, Sorkine recebeu muitos prêmios por sua atuação, inclusive a Medalha da Resistência e a Croix du combattant volontaire de la Résistance.
Sonia Butt, de dezessete anos, se juntou à Women’s Auxiliary Air Force no dia em que ela se tornou elegível para o serviço. Dentro de dois anos, chamou a atenção do Executivo de Operações Especiais que estava procurando potenciais espiãs femininas.
Literalmente caiu de paraquedas no norte da França para atuar como intermediária entre tropas aliadas e a resistência francesa. Era responsável por descobrir novas informações. Ela teve que jantar alemães e flertar com eles para consegui-las.
Butt era especialista em explosivos e uso as informações para conseguir explodir pontos e comboios alemães. Depois que o oficial de armas da unidade foi morto, ela assumiu os seus deveres e treinou as novas recrutas em armas e explosivos.
Após a guerra, Butt recebeu um MBE (Membro da Mais Excelente Ordem do Império Britânico) e se casou com um colega agente, e o casal se mudou para o Canadá.
Registrou-se que cerca de três mil prostitutas tinha as carteiras de inspeção de saúde exigidas por Himmler[69] e mais de mil e oitocentas destas trabalhavam em casa, atendendo até quarenta clientes por dia.
Os prostíbulos funcionavam a pleno vapor, satisfazendo a ideologia higienista nazista. Durante a ocupação alemã da França, cerca de cem mil mulheres se tornaram prostitutas ocasionais para atender à ávida clientela nazista, o que ficou conhecido como colaboração horizontal.
Nessa época, nasceram cerca de duzentos mil bastardos. Tanto assim que num arroubo um oficial nazista declarou ao magistrado francês in litteris: “Suas mulheres, até seus filhos, seu país não é mais seu!”.
Paris se tornara uma espécie de parque de diversões sexuais durante a Segunda Guerra Mundial. Com as suntuosas festas oferecidas aos oficiais nazistas de grande patente na embaixada da Alemanha, rega a champanhe, atrizes e cantoras da moda cumpriam um ritual, especialmente denominado de quintas-feiras de Florence que ocorriam no Hotel Bristol. Aliás, Florence Gould era casada com o milionário das ferrovias, Frank Jay Gould e promovia os encontros culturais que passaram a incorporar os alemães francófonos, entre estes, os escritores e militares como Ernst Jünger e Gerhard Heller.
O caso mais escandaloso foi o da atriz Arletty que justificaria assim a sua colaboração horizontal em um filme: “Meu coração é francês, mas meu traseiro é internacional. Foi esse o lema adotado pelas prostitutas francesas, cujo trabalho foi favorecido por uma lei que legalizava as chamadas maison close. Os prostíbulos de luxo, muitas vezes listados em guias escritos em alemão, passariam a funcionar a pleno vapor, satisfazendo inclusive a ideologia higienista dos nazistas .
Fabienne Jamet, a dona do bordel One-Two-Two, um dos mais frequentados da época, afirmou: “Jamais, na França, os prostíbulos foram tão bem cuidados quanto na presença dos alemães”. Chamados no passado de “boches” (cabeça duras), os nazistas passaram a receber tratamento especial porque, entre outras coisas, tinha o hábito de presentear as francesas com flores e chocolates.
Além disso, o que a mulher de um soldado francês ganhava em um dia prostituindo-se, correspondia a três vezes mais do que ela receberia do governo como auxílio de sobrevivência. Para seduzir o inimigo, as mulheres tingiam os cabelos de preto, porque acreditavam que assim ficariam mais exóticas para os alemães.
A preocupação com sexo na guerra era tão grande que até mesmo nos campos de concentração[70] havia os bordéis. O sexo obviamente era proibido aos judeus e prisioneiros soviéticos.
Era paradoxal, mas existia uma hierarquia mesmo entre os prisioneiros no campo de concentração e os frequentadores de bordéis, eram divididos em três classes. No topo da hierarquia estavam os comandantes das diferentes frentes de trabalhos, tais como cozinheiros, barbeiros, e funcionários dos correios.
Apesar de pouco numeroso, esse primeiro grupo era o que mais visitava o bordel. E, abaixo, num bloco maior, que ia muito pouco ao bordel, era formado pela grande massa trabalhadora das plantações e das fábricas. Nesse segmento estavam muitos jovens que teriam sua primeira experiência sexual no campo.
A última classe era a dos trabalhadores forçados pela SS que podiam frequentar o bordel, mesmo que não quisessem ir ao prostíbulo, os militares acreditavam que o sexo serviria para aumentar a produtividade deles. E, não podiam recusar uma ordem do oficial por medo da punição.
Há relatos inclusive de homossexuais que foram forçados a manter relações com prostitutas durante experimentos para que fossem devidamente curados. Após, as experiências frustradas, os nazistas decidiam a infringir terror maior aos gays. Pois diante da impossibilidade de curar os homossexuais, fez-se necessário castrá-los, para privá-los de qualquer prazer, relatou o pesquisador Daniel Borrilo em seu livro “Homofobia – História Crítica de um Preconceito”.
Os homossexuais foram um dos grupos perseguidos pelo regime nazista. Se bem, que antes mesmo do Terceiro Reich, Berlim era considerada uma cidade liberal, dotada de muitos bares e cabarés frequentados assiduamente pela comunidade homossexual. Nesse contexto, Magnus Hirschfled teria começado um movimento em prol dos direitos dos homossexuais durante a virada do século dezenove. Contudo tais movimentos foram duramente reprimidos pelo Partido Nazi.
A ideologia nazista sustentou que a homossexualidade era totalmente incompatível com o nacional-socialismo, já que não permitiria a reprodução necessária para enfim perpetuar a raça ariana, considerada como raça superior.
Aliás, até mesmo a masturbação era considerada perniciosa e antipatriótica pelo Reich. Ernst Röhm, líder da Sturmabteilung (SA) a primeira milícia do Partido Nazi, considerado um dos homens de confiança de Hitler que tanto o ajudou a ascender ao poder, era homossexual e assumido, e fora assassinado em 1934 na Noite das Facas Longas. E, o mesmo ocorrera com outros líderes, tal como Edmund Heines.
Inicialmente, Hitler proteger Röhm de outros elementos do Partido Nazi que consideravam a homossexualidade como grave violação principalmente pelo caráter homofóbico do partido. Mais, tarde, como passou a acreditar na ameaça à consolidação do partido no poder, autorizou a sua execução na chamada Noite das Facas Longas.
E, durante o holocausto, a perseguição prosseguiu, tendo muitos sido enviados para os campos de concentração. A estimativa sobre o número de homossexuais mortos varia entre 5 a 15 mil consoantes a diversos historiadores consultados.
Nem mesmo com o fim da guerra as leis anti-homossexuais foram suprimidas, tal como aconteceu com as leis antissemíticas[71], por exemplo. Alguns homossexuais foram obrigados a terminar a pena a que estavam condenados pelo governo militar Aliado do pós-guerra.
Outros, no entanto, ao regressar para a casa e ao seu país de origem tiver que manter em silêncio o seu sofrimento, por medo de discriminação, pois as chamadas leis sobre a sodomia só acabariam por ser suprimidas na Europa Ocidental nos anos de 1960 a 1970.
A Noite das Facas Longas ou Nacht der langen Messer ou a Noite dos Longos Punhais foi um expurgo que aconteceu na Alemanha Nazista na noite do dia 30 de junho para 01 de julho de 1934 quando a facção de Hitler do Partido Nazi realizou uma série de execuções políticas logo após seu líder tornar-se chanceler da Alemanha.
Os alvos do expurgo foram membros da facção strasserista do partido, incluindo seu líder, Gregor Strasser[72]. Entre as vítimas estavam proeminentes antinazistas como o ex-chanceler Kurt von Schleicher e Gustav Ritter von Kahr, que havia suprimido o Putsch da Cervejaria de Hitler em 1923.
Muitos dos que foram mortos pertenciam às lideranças da Sturmabteilung (SA) que era uma das organizações paramilitares do partido, chamada de “camisas pardas”.
Hitler revoltou-se contra o líder da SA, Ernst Röhm, pois temia a independência daquela facção[73] que já contava na ocasião com mais de três milhões de integrantes.
Assim, desconfortável com o apoio declarado por Ernst à ideia de uma segunda revolução para redistribuir a riqueza na sociedade alemã. Hitler também queria conciliar os líderes da Reichswehr (exército oficial alemão) cuja cúpula temia e desprezava a SA por causa da particular ambição de Röhm de absorver o Reichswehs entre seus comandados.
Sob os diversos aspectos, os interesses de Ernst contrariavam os da Reichswehr, cujos oficiais, especial o Marechal Paul Von Hinderburg[74], presidente da Nação na época, demonizavam a figura de Röhm, a quem acusavam de ser homossexual e viciado e que tinha aspirações de derrubar o regime nazista, instigando uma revolta no povo alemão para forçar a queda de Hitler.
Assim, Hitler já como chanceler da Alemanha e nomeado por Hindenburg, decidiu não entrar em choque com o poder político dos militares e, ao invés disso, executou o expurgo contra as autoridades máximas da SA, assim como também de todos seus inimigos políticos.
Calcula-se que cerca de oitenta e cinco pessoas morreram durante esse evento e milhares de opositores políticos foram presos. A maioria das mortes fora ocasionada pela Schutzstaffell (SS), um grupo de elite especial e pela Gestapo (Geheime Staatspolizei), a polícia secreta. Com a consolidação do expurgo, deu-se a consolidação do apoio do exército alemão à Hitler.
Além de ter fornecido uma base jurídica para o nazismo, visto que os tribunais alemães rapidamente deixaram de lado séculos de proibições de execuções extrajudiciais para demonstrar total lealdade ao regime. A Noite das Facas Longas representou um marco para o governo alemão e estabeleceu Hitler como o juiz supremo[75] do povo alemão, como ele mesmo disso em um de seus discursos no Reichtag, em 13 de julho de 1934.
A expressão “noite das facas longas” origina-se de um verso de uma canção da SA que tem como tema principal a execução destes massacres. Mas, devido ao peso pejorativo da expressão, a Alemanha se refere a esse acontecimento com o nome Röhm-Putsch, nome empregado inclusive pela propaganda nazista da época.
Hitler não governava sozinho era assessorado por vários ministros. Importante relacioná-los para entender as tramas da história. Os ministros eram de crucial relevância para o funcionamento e manutenção do Reich Nazista e, eram escolhidos por Hitler e ainda, tinham a função de ajudá-lo a comandar a Alemanha, alguns desses ministros também eram responsáveis pelas questões políticas e, outros, porém, ajudavam nas questões da Guerra.
Joseph Goebbels[76] era o Ministro da Propaganda Nazista, sendo figura-chave do regime, pois seu ministério exercia rígido controle sobre as instituições educacionais e os meios de comunicação, além de elaborar propagandas que tanto exaltavam a soberania da raça ariana e o povo alemão.
Albert Speer ocupava o Cargo de Ministro do Armamento do Terceiro Reich e foi responsável pela grande produtividade da Alemanha neste setor nos anos finais da Segunda Guerra Mundial. Seu talento para a arquitetura foi fartamente usado pelos nazistas e também respondeu pelas construções feitas pelo Estado alemão durante os anos de glória do Nacional-Socialismo.
Joachim Von Ribbentrop ocupou o caro de Ministro das Relações Exteriores entre os anos de 1938 a 1945 Seu feito principal foi o Pacto Ribbentrop-Molotov que assegurou ao Reich de Hitler, pacto de não agressão com a URSS comandada por Stálin.
Walther Funk foi o Ministro da Economia e também presidente do Banco do Reich por sua importância para os nazistas, por seus crimes que foram julgados em Nuremberg, acabou preso em Spandau e foi solto em 1957, já bastante debilitado, jamais retornou à carreira de jornalista, político e acabou por morrer em 1966.
Wilhelm Frick foi o Ministro do Interior do Reich até 1946, quando passou a ocupar o cargo de Protektor da Boêmia e Morávia. Formado em Direito, fez graduação em Jurisprudência e depois acabou por se filiar ao Partido Nazi, e, em 1923, ele já havia participado do Putsch da Cervejaria[77], portanto, era um dos homens que estava com Hitler há muito tempo e desfrutava de sua confiança. Foi sentenciado a morte nos Julgamentos de Nuremberg.
Hjalmar Schacht atuou em curto período de 1934-1937 foi Ministro da Economia do Terceiro Reich e responsável por controlar a hiperinflação da Alemanha, mesmo tendo sido ministro por apenas um triênio e, além de tudo, foi capaz de conseguir com sua boa gestão, acabar com o desemprego na Alemanha sem subir a inflação e adotando as políticas de déficit público, o que certamente, o fez um dos maiores economistas de sua época.
Alfred Hugenberg foi ministro da Economia, Agricultura e Alimentação no primeiro governo de Hitler em 1933. Mas, em junho do mesmo ano foi forçado a renunciar aos seus cargos ministeriais; nos anos de 1933 a 1944, foi forçado a vendar as suas companhias aos nazis. Após a guerra, Hugenberg foi detido pelos britânicos e, morreu em 12 de março de 1951 perto de Rinteln.
Richard Walter Darré exerceu o Ministério da Alimentação e Agricultura do Reich entre 1933 a 1942 e criou as colônias agrícolas gerenciadas pelo Estado. Foi responsável pelo desenvolvimento da agricultura alemã e grande defensor do campesinato.
Hermann Göring foi ministro em diversos escalões do governo nazista, articulou o rearmamento alemão visando a uma nova guerra de conquista e tornou-se o comandante e o primeiro Marechal do Ar da Luftwaffe em 1935. Em 1940, foi proclamado como sucessor de Hitler e foi promovido ao posto único de Marechal do Reich[78] (Reichsmarschall) que correspondia a mais alta patente do Reich alemão. Ocupou também o cargo de Ministro da Economia do Reich, após do afastamento de seu titular por muito tempo, Hjalmar Schacht.
Konstantin Von Neurath foi diplomata alemão e Ministro de Relações Exteriores no período de 1932 a 1938, participou do julgamento de Nuremberg, como réu e foi condenado por crimes de guerra e atentado à humanidade e à paz.
Arthur Seyss-Inquart foi nomeado ministro sem-pasta do Reich por seus serviços prestados durante a anexação da Áustria. Era graduado em Direito na cidade de Viena e filiou-se ao partido nazista em 1938 e meses depois, tornou-se o líder do país em seu país. Também foi julgado e condenado em Nuremberg por crimes de guerra e atentado contra a paz, em 1946 foi enforcado.
Há uma biografia romanceada que conta histórias de vida de três mulheres durante o período nazista.
Leni Riefenstahl, chamada de deusa imperfeita, Sophie Scholl, notabilizada pelo filme intitulado “Uma mulher contra Hitler” de autoria de Rothemund e Traudl Junge que foi a secretária de Hitler por obra de Heller e Schmitler. Traudl Junge foi secretária de Hitler de 1942 até sua morte, tendo sido para ela que Hitler ditou seu testamento.
Após a guerra, trabalhou durante alguns anos em atividades diversas ligadas aos meios jornalísticos e editoriais. Aposentou-se precocemente devido a uma vigorosa depressão, e assim, se dedicou a ler para os cegos.
Já a história de Sophie Scholl no filme “Uma mulher contra Hitler” que foi lançado em 2005 e dirigido por Rothemund, sendo indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e, entre outras premiações, recebeu dois Ursos de Prata no Festival de Berlim.
Era uma estudante alemã que, juntamente com seu irmão Hans, foi presa após a distribuição de alguns panfletos na Universidade de Munique, em 1943. Submetidos a longos e cansativos interrogatórios, os dois foram guilhotinados após um julgamento sumário, juntamente com Christoph Probst (também membro do grupo Rosa Branca ou Blanche Rose).
Leni Riefenstahl foi retratada num longo documentário intitulado A deusa imperfeita, dirigido por Ray Müller, e lançado em 1993, sobre a vida da cineasta favorita de Hitler. O filme narra a sua vida desde o início de sua carreira como dançarina e atriz. O núcleo está em relações como diretora de cinema com o nazismo.
O documentário aponta uma personagem empenhada em afirmar sua total ignorância quanto às atrocidades nazistas e a absoluta inocuidade política de seu trabalho como cineasta, argumento que Leni procura sustentar postulando uma dissociação entre a política e estética.
Percebe-se um rigoroso mea culpa de Traudl em oposição da tenaz recusa de Leni em assumir qualquer responsabilidade por seu trabalho em divulgar o nazismo. De qualquer forma, essas mulheres forneceram seus apoios tácitos.
As análises dessa filmografia nos levam ao cerne da importância sociológica do problema relacionado com as fontes do comportamento moral, uma vez que a diversidade de trajetórias possíveis em um mesmo contexto parece implodir a concepção, de inspiração em Durkheim e recorrente na sociologia, da moral, vista como código de valores e condutas extrínseco ao sujeito e internalizado por meio de mecanismos variados de socialização.
Aliás, Zygmunt Bauman levantou tal questão sobre a fragilidade das reflexões sociológicas sobre o Holocausto[79], as quais, estão comprometidas com essa concepção moral como fato societário, tornariam impossível, a devida compreensão teórica da emergência de escolhas individuais como a resistência na Alemanha nazista.
Bauman analisando o Holocausto partiu de uma constatação que era a precariedade das contribuições da sociologia par ao entendimento do Holocausto, em particular, se comparadas às análises feitas por historiadores e teólogos.
Na visão de Bauman há dois pontos fulcrais, a origem social e a capacidade de coerção sobre a vontade individual.
A moral cumpriria assim uma função de integração social, sendo essa visão, de acordo com Bauman, uma redução: uma estratégia que procede pela suposição de que os fenômenos morais na sua totalidade podem ser exaustivamente explicados em termos das instituições não morais que lhes conferiram sua força indutora.
O comportamento moral viraria então sinônimo de conformidade e obediência social às normas observadas pela maioria. Para Bauman, o social seria dotado de uma tonalidade existencial, tendo, talvez, por isso mesmo, sido relegado pelos sociólogos à esfera da filosofia; O social seria aquela condição primária do “estar com os outros”, que precederia a toa e qualquer forma de organização dos grupos humanos histórica e culturalmente específica.
Além, o social como o “existir com o outro”, seria condição de possibilidade de emergência das estruturas societárias específicas. A definição de societário aparece implícita já na definição de “social”, seriam as formas histórica e culturalmente configuradas de organização dos grupos humanos, calcadas nessa condição primária batizada aqui de “social”.
A crítica de Bauman visa ao privilégio, visto por este como quase exclusivo, do societário nas análises sociológicas da moral. Afinal, para Bauman, se a moral só pode aparecer em sociedade, isso não quer dizer que esta deva ao societário sua origem, sob a forma de treinamentos e imposições.
Foi na obra do filósofo Emmanuel Levinas[80] que Bauman busco a sustentação para formulação de um modelo teórico alternativo que permita elaborar uma concepção de moral pré-societária. A principal ideia está na noção de responsabilidade como forma de relação com o outro.
Para Levinas, a responsabilidade é a estrutura essencial, primária e fundamental da subjetividade, sendo a essência mesma da constituição do sujeito. Assim, a moralidade seria a estrutura primária da relação intersubjetiva, refratária aos interesses ou coerções. Essa construção teórica permite a Bauman concluir que a moralidade não é um produto da sociedade. É algo que a sociedade manipula, explora, redireciona e espreme.
A Alemanha nazista experimentou um processo de inversão moral, que combinado com outros fatores, como o nacionalismo e o racismo, encaminhou o país a cometer crimes sem precedentes na história da humanidade.
E a partir da teoria de Arendt e por meio de análise dos diários alemães envolvidos, seja por militantes ou simpatizantes, ou por seus críticos, passa a entender como uma sociedade culta e sofisticada e bem desenvolvida se deixou envolver pela noção de que sua sobrevivência, em última análise, dependia da destruição do outro, ou seja, dos povos que não integravam o seu ideal de civilização e humanidade.
O nazismo materializou o projeto de Estado Total, voltado para a supremacia da raça ariana e conforme a visão de Hobbes construiu aparentemente um sólido edifício moral, capaz mesmo de engendrar um massacre maciço como se isso não passasse de mera tarefa burocrática e absolutamente necessária. (In: GUTERMAN, Marcos. A moral nazista. Uma análise do processo que transformou crime em virtude na Alemanha de Hitler. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-11042014-121333/publico/2013_MarcosGuterman.pdf Acesso em 16.03.2019).
Na Ásia, somente com a ocupação de Nanquim, os japoneses recrutaram mais de cinco mil chinesas como “mulheres de conforto” [81] ou “mulheres de alívio”. Estima-se que duzentas mil mulheres chinesas, coreanas, filipinas, malaias e de outros países ocupados e que eram como escravas sexuais durante a segunda grande guerra mundial.
Também os japoneses se preocupavam com o sexo, tanto que criaram as chamadas “instalações para recreação” na esperança de agradar os vencedores e levar as moças de família.
O que resultou em treze mil bebês mestiços, apenas em Kansai e outras três mil mulheres japonesas com filhos negros em Yokohama. Mesmo nos países que não sofreram a ocupação militar na guerra, a prostituição se proliferou crescentemente.
Em 1943, os Aliados reuniram na Grã-Bretanha um farto material bélico e tropas destinadas à grande invasão do continente europeu no ano seguinte. Em 1944, um grande grupo e não militar passou a se reunir em torno de Picadilly, no centro de Londres eram chamadas de “as combatentes de Picadilly” que eram prostitutas inglesas que por serem tão persuasivas com os recém-chegados jovens que o episódio quase gerou uma crise diplomática entre os governos dos Aliados. E, as inglesas não perdoavam e ainda diziam: – “Muito dinheiro, muito sexo, muito tempo por aqui.”
Depois da guerra, pela Europa inteira e também no Japão, mulheres que haviam dormido com alemães e japoneses tiveram seus cabelos cortados, os corpos pintados de piche e muitas vezes, foram espancadas até a morte.
E as tinham colaborado, na maioria das vezes forçadas ou na esperança de se manterem vivas, foram marginalizadas e excluídas da sociedade pós-guerra. Foram culpadas por “indignidade nacional” tornaram-se indesejáveis.
Na França libertada em agosto de 1944, cerca de vinte mil mulheres jovens foram humilhadas, apedrejadas e tiveram suas cabeças raspadas em praça pública. E, na China e na Coreia, um grande número de mulheres cometeu suicídio por causa das sucessivas humilhações e pela incapacidade de serem aceitas novamente.
Na Alemanha derrota, Úrsula von Kardorff[82] escreveu que, mesmo depois que todos os horrores tivessem passado, quando os homens voltassem dos campos de prisioneiros, eram as mulheres que tinham a tarefa mais árdua da guerra que era “dar conforto, compreensão, apoio e coragem a tantos homens que estavam completamente derrotados e desesperados”.
O best-seller do Holocausto, o Diário de Anne Frank, que era uma menina que viveu escondida com sua família em um sótão de Amsterdã, na Holanda durante dois anos.
Escreveu até 01 de agosto de 1944, exatamente três dias antes de ser presa com seus familiares e outros ocupantes do chamado “anexo secreto” onde viviam, na rua Prinsengracht, 263.
O esconderijo fora descoberto em 04 de agosto de 1944 e as pessoas que ali moravam foram deportadas para vários campos de concentração da Europa. Apenas o pai da menina escritora, Otto Frank sobreviveu[83]. Como eram judeus-alemães de Frankfurt, a família Frank havia deixado a Alemanha em 1933, na esperança de escapar das garras do nazismo.
Anne esperava transformar seus escritos em um livro depois que a guerra terminasse, por isso, manteve um diário original, sem cortes e, outro em que melhorava e corrigia algumas passagens. Como apenas o seu pai sobreviveu à guerra, foi ele quem publicou a primeira versão original do diário em 1947.
Mas essa primeira versão, trouxe muitas passagens que foram omitidas e suprimidas por Otto Frank[84]. Principalmente os trechos onde Anne escrevia sobre as descobertas sobre o sexo e sobre sua própria sexualidade, sobre os conflitos com a mãe e as opiniões depreciativas que tinha sobre os outros habitantes do mesmo esconderijo.
Em verdade, existem três ou quatro versões diferentes do mesmo diário sendo que a publicada sofrera diversos cortes. Annelies Marie Frank escreveu seu diário exatamente entre 12 de junho de 1942 até 01 de agosto de 1944, durante a guerra. A versão original foi publicada em 25 de junho de 1947, e vendeu mais de trinta milhões de cópias, sendo publicado em mais de sessenta países e, está traduzido em, aproximadamente em setenta idiomas.
Há quem cogite que existem quatro versões do mesmo diário, a saber: a primeira, a versão original, retratava muito Anne, com sentimentos mais explícitos, e mostra bem a implicância de Anne com a mãe.
Na segunda versão, é mais intermediária, não sendo tão explícita quanto à primeira, mas não foi tão censurada. Nesta versão foi transmitida um pouco menos dos sentimentos que Anne realmente tinha ao escrever o diário. Tal versão ela expôs que planejava publicar o diário depois da guerra, é quase uma novela em cartas avulsas.
Na terceira versão é bem menos explícita, possuindo trechos não tão pesados, mas que ainda assim conseguem retratar o sofrimento que os judeus passaram. Esta terceira versão foi editada por Otto Frank, onde se reuniram as duas versões anteriores ainda que tivessem cortes.
A quarta versão foi criada e organizada em 1955 pela escritora alemã, Mirjam Pressler, é bem a semelhante à segunda versão, que foi a organizada pelo pai de Anne. É uma versão reorganizada, fazendo que esta seja menos conhecida.
Somente em 1986 foi publicada a primeira versão crítica e científica que atestou que eles eram mesmo autênticos. Somente em 1990, um tribunal de Hamburgo, na Alemanha confirmou e legitimou o diário como sendo um documento original. O que não arrefeceram as críticas sobre as edições anteriores realizadas pelo pai e as dúvidas sobre a sexualidade da adolescente.
O judeu austríaco Ditlieb Felderer[85], por exemplo, em sua obra intitulada Anne Frank’s Diary a Hoax (Os diários de Anne Frank, um embuste) chamou a obra de pornografia, pedófila e sugeriu que em muitas partes sexuais do diário, havia pedacinhos sujos que foram criados por Otto Frank, promovendo certa prostituição literária clara de vender a obra com maior facilidade. Felderer suspeitou da ideia de “complexo anal” da adolescente que narrou o problema de flatulência em um sótão sem ventilação.
Anne além de abordar temas como menstruarão, contatos físicos, beijos e sexo e, outros tabus para adolescentes da década de 1940, em pelo menos uma passagem a menina relatou uma fantasia lésbica. Em 06 de janeiro de 1944, na época escreveu: “Uma vez, quando estava pensando a noite na case de Jacque não pude conter minha curiosidade sobre seu corpo, que ela sempre havia escondido de mim e que eu nunca tinha visto. Perguntei se, como prova de nossa amizade, poderíamos tocar os seios uma da outra, Jacque recusou… Também tive um desejo terrível de beijá-la e beijei. Sempre que vejo uma mulher nua, como a Vênus, em meu livro de história da arte, entro em êxtase”. (…)
A versão inglesa do Diário de Anne Frank é mais branda e corresponde a versão existente em português. Como Anne Frank também relatou em envolvimento com Peter van Pels[86], um dos oito membros do sótão, onde a família se escondia dos nazistas, depois que a versão sem cortes apareceu e surgiram teorias. Sobre a sexualidade da autora, e seu nome passou a integrar a lista de homossexuais e bissexuais famosos ao longo da história elaborada pelo psicólogo Claudio Picazio[87].
Quanto à relação com a mãe, não há menor dúvida, há várias passagens reveladoras na versão sem cortes, e chegou a afirmar que “simplesmente não suporto mamãe”. E, outro trecho adiante, Anne Frank aduziu que “amar essa pessoa insensível, essa criatura debochada, está se tornando mais e mais impossível a cada dia”.
Os cortes realizados na obra de Anne pelo seu pai e editor original em 1947 subestimaram os aspectos mais complexos de sua personalidade e origem judaica, facilitando, por sua vez, a transformação desta em uma figura idealizada e universal de martírio da segunda guerra mundial.
Anne Frank e toda sua família foram deportadas para Auschwitz em setembro de 1944. A mãe morreu ali de fome e exaustão. Anne e sua irmã Margot foram enviadas para Bergen-Belsen, e morreram de tifo, provavelmente em fevereiro de 1945. Incrivelmente Otto Frank sobreviveu a Auschwitz.
Oficialmente Hitler teria morrido por suicídio em abril de 1945, mas até hoje a fuga do Führer está no topo das teorias de conspiração. Cogita-se que Hitler teria passado seus últimos dias no Brasil, Argentina e até mesmo na África, bem longe dos olhos dos Aliados.
Em 2014, publicou-se uma dissertação de mestrado em jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso, pois Simoni Renée Guerreiro Dias[88] teria encontrado provas de que Hitler vivera no Brasil até os noventa e cinco anos, morrendo apenas em 1984, na pequena cidade de Nossa Senhora de Livramento, a 42 quilômetros de Cuiabá. Usando nomes falsos como Adolf Leipzig ou Adolf Sopping e conhecido no local como velho alemão velho e até teria casado com uma mulher negra chamada Cutinga[89].
Não foi a última a história sobre o fim de Hitler e sobre as teorias de fuga de Hitler em uma Berlim cercada pelo Exército Vermelho ou qualquer outra novidade sobre o líder nazista.
A Batalha de Berlim marcou o fim da Segunda Guerra Mundial e, foi um dos principais conflitos armados, que ceifou muitas vidas e resultou na final queda da Alemanha juntamente com Hitler e seus seguidores cometendo o suicídio. O Exército Vermelho chegou ao Rio Oder, na Alemanha, com maior número de soldados e munição do que tinham os alemães.
E, à medida que as tropas soviéticas avançavam de Berlim, Hitler não tinha outra escolha senão arrumar pessoas para conter os soldados. Inflamados pela poderosa propaganda nazista que mostrava a destruição causada pelos soviéticos, os alemães não viam outra saída, senão atender aos pedidos do ditador. Quando as tropas russas cercaram Berlim, Hitler havia recrutado a Wehrmacht (as forças defensivas), a Volkssturm (milícia) e também a Waffen-SS (a polícia de elite), além de milhares jovens inexperientes numa desesperada tentativa de conter os ataques russos.
Mesmo assim, os alemães totalizavam trezentos mil soldados, enquanto que os soviéticos passavam de milhões, estima-se que havia mais de dois milhões. Após dois dias de intensos tiroteios, a cidade havia sido tomada pelas tropas do Exército Vermelho.
Uma boa parte de tais notícias são mesmo sensacionalistas[90]. Em 1983, o jornalista Gerd Heldemann, da revista alemã Stern[91], noticiou que havia encontrado os Diários de Hitler. Aliás, foram mais de sessenta diários supostamente escritos por Hitler no período entre junho de 1932 até abril de 1945.
Pressionada pela opinião pública e, por um grande número de importantes historiadores, a revista permitiu que os documentos fossem analisados por um grupo de especialistas. Os peritos constataram que, no entanto, a caligrafia fora mesmo falsificada, os lacres eram falsos e também o monograma na capa de algum dos diários continha inclusive um erro grosseiro com FA em vez de AH (Adolf Hitler). Logo se descobriu a farsa e a Stern havia pagado quase quatro milhões de dólares por uma falsificação.
Entre as incríveis mulheres da guerra, Virginia Hall foi norte-americana que se tornou a primeira agente enviada para a França pela Executiva de Operações Especiais. E, trabalhou como espiã por três anos, até que precisou fugir a pé para a Espanha após a invasão nazista. Virginia foi mesmo uma heroína, pois ela não tinha uma das pernas e utilizava uma prótese.
Infelizmente na Espanha foi detida por não ter documentos, mas depois veio a ser solta e passou a trabalhar na Agência de Serviços Estratégicos. Uma vez alistada pediu para ser enviada para a França, onde operava rádios e reportava informações sobre as posições das tropas nazistas. Para não ser capturada, Hall se disfarçava como uma senhora, e assim, andava livremente pelas ruas, sem levantar suspeitas.
Jacqueline Cochran a fim de comprovar sua superioridade sobre as rivais na indústria de beleza, Jacqueline decidiu obter uma licença de piloto de avião e utilizar tal fato como marketing. Em apenas três semanas, finalmente conseguiu o brevê e acabou deixando os negócios de lado, ganhando medalhas em corridas e quebrando vários recordes.
Ao saber da aproximação de uma nova guerra mundial, propôs uma divisão feminina de voo para a Aeronáutica, porém, não foi ouvida. Algum tempo mais tarde, tomou conhecimento da existência de um programa militar similar e voltou a propor sua ideia. Além de comandá-lo, treinaria pilotos até o fim da guerra. E, mesmo após o fim do conflito mundial, continuou a quebrar recordes.
Tornou-se a primeira mulher a quebrar a barreira do som e a entrar no Hall da Fama da Aviação em Ohio. Ainda hoje é a pessoa que maior número de recordes internacionais de velocidade, distância e altitude na aviação, superando muitos pilotos.
Ruby Bradley era enfermeira que servia com militares quando foi capturada após o ataque de Pearl Harbor. Tornou-se prisioneira de guerra, quando se dedicou a se cuidar de colegas com necessidades médicas e lhes oferecendo a própria comida.
Ficou detida por trinta e seis meses e, nesse tempo, realizou mais de duzentas e trinta cirurgias e partos no campo de concentração, sem as condições adequadas. Ainda contrabandeava suprimentos médicos e comida para os prisioneiros. Quando foi libertada em 1945 estava pesando somente trinta e seis quilogramas. Cinco anos mais tarde, Bradley serviu nas linhas de frente da Guerra da Coreia.
Nancy Wake era aliada à Resistência Francesa e chegou a ser a mulher mais procurada pelo exército nazista. Passou anos transportando pessoas com documentos falsificados e refugiados da França durante a guerra. Até que foi captura e mesmo a tortura dos longos interrogatórios, nunca revelou nenhum segredo e, ainda, conseguiu escapar em 1943.
Fugiu para a Grã-Bretanha onde se alistou na Executiva de Operações Especiais e foi treinada por oficiais e, voltou para a França como uma espiã britânica. Liderou um exército de sete mil rebeldes contra os vinte e dois mil nazistas.
Susan Travers quando as tropas nazistas cercaram um forte na Líbia, a inglesa Susan se recusou a seguir as ordens dos inimigos para sair com as mulheres. Ela se manteve firme com os demais soldados por quinze duas, mesmo que os alemães não parassem de atirar contra eles. Quando chegou ao fim os suprimentos,
Travers e seu parceiro, um general francês, perceberam que não teriam ajuda e teriam que tomar alguma providência. Susan tomou a direção de um caminhão e liderou uma comitiva de fugo no meio do deserto. E, durante o caminho seu veículo chegou a ser baleado onze vezes, mas mesmo assim, ela conseguiu chegar até a fronteira.
Com Travers chegaram também dois mil e quinhentos soldados que conseguiram escapar do cerco nazista.
O mundo que surgiu com o fim do segundo grande conflito armado mundial foi muito diferente daquele que existiu em 1939. As potências do Eixo estavam vencidas, mas também a Grã-Bretanha e a França saíram debilitadas da guerra.
Para se definir a nova relação das forças internacionais, criaram-se duas expressões, a saber: superpotências e bipolarização, mostrando que o mundo se encontra definitivamente dividido em duas zonas de influência econômica, política e ideológica, controladas respectivamente pelos EUA e a URSS.
Do confronto das duas superpotências, resultou a Guerra Fria, e ainda a Guerra da Coréia (1950-1953), a Guerra do Vietnã (1961-1975), a Guerra do Afeganistão (1979-1989). E, somente em 1985, com o início da Perestroika (reestruturação econômica) e da Glasnost (transparência política) implantadas por Gorbachev na URSS, tal cenário instável e perigoso começou a ruir. Mas, sem dúvida, a participação da mulher tanto de um lado como do outro da guerra foi marcante e muitas vezes decisiva no resultado final.
Referências:
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LAMBERT, Angela. A História Perdida de Eva Braun. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2017.
LOPEZ, Luiz Roberto, História do século XX. 3ª ed. Porto Alegre:Mercado Aberto, 1987.
[1] Os Aliados foram os países que se opuseram às Potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Nesse grupo, a União Soviética, os Estados Unidos, o Império Britânico e a China foram denominados de “os quatro grandes” dentre os aliados. A França igualmente fez parte dos Aliados antes da sua queda e após a Operação Tocha. Já a Polônia foi o primeiro país aliado, pois sua invasão inaugurou formalmente a Segunda Guerra Mundial na Europa, enquanto o Brasil foi o único país da América Latina a enviar tropas para os campos de batalha europeus. Aliás, os países integrantes da Tríplice Entente na Primeira Guerra Mundial foram depois basicamente os mesmos Aliados da Segunda Guerra Mundial, inicialmente liderados pela França e pelo Reino Unido. E, em 1941, a União Soviética juntou-se aos Aliados, logo após o ataque alemão (Operação Barbarossa) que marcou a ruptura do pacto nazi-soviético. Vários outros países integraram as forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial, sendo que China, Polônia e a parte da França livre foram grandes aliados no combate, ocuparam o segundo escalão entre o grupo. Formavam ainda o grupo dos Aliados: Austrália, Nova Zelândia, Nepal, África do Sul, Canadá, Noruega, Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, Grécia, Iugoslávia, Panamá, Costa Rica, República Dominicana, El Salvador, Haiti, Honduras, Nicarágua, Guatemala, Cuba, Coréia, Checoslováquia, México, Etiópia, Iraque, Bolívia, Irã, Colômbia, Libéria, Romênia, Bulgária, San Marino, Albânia, Hungria, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, Turquia, Líbano, Arábia Saudita, Argentina, Chile e Dinamarca.
[2] Entre as guerreiras podemos destacar Maria Quitéria de Jesus Medeiros (1792-1853) foi uma militar brasileira, heroína da Guerra da Independência. Foi a primeira mulher a ser reconhecida por assentar praça numa unidade militar das Forças Armadas Brasileiras e a primeira mulher a entrar em combate pelo Brasil em 1823.
Em 1996 o Brasil atribuiu-lhe o título de Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro e seus feitos foram recorrentemente comparados ao da mártir francesa Joana d’Arc. Foi na Rússia onde surgiu o Primeiro Batalhão Feminino da Morte, criado em 1917 por Maria Bochkareva com autorização do ministro da Guerra russo da época que se chamava Alexander Kerensky. Aliás, o referido exército feminino contando com trezentas mulheres enfrentou os alemães na cidade de Smarthon durante a Primeira Guerra Mundial, abrindo caminho para o ingresso oficial de mulheres nas frentes de batalha russas.
Sem o expediente de atuarem disfarçadas de homens, houve a norte-americana Margaret Corbin, que, ainda em 1776, lutou ao lado do seu marido militar na Guerra da Revolução Americana. E, em 1779, o Congresso Americano veio a condecorá-la com o título de soldada, Tornando-a primeira mulher norte-americana a conseguir tal feito.
[3] As mulheres na Alemanha nazista estavam sujeitas às doutrinas ditadas pelo Nazismo e, particularmente, pelo Partido Nazi (NSDAP) sendo excluídas da vida política ativa do país, tal como dos corpos executivos e comissões executivas. Apesar disso, não evitou que várias mulheres se tornassem membros do partido. E, a dita doutrina reforçava o papel do homem alemão, destacando principalmente suas capacidades de combate e a camaradagem entre si. Assim a mulher vivia confinada ao papel de esposa e mãe, sendo excluídas de todas as posições de responsabilidade, particularmente, nas esferas políticas e acadêmicas.
As políticas nazistas significaram um retrocesso se comparadas com a evolução existente durante a República de Weimar, sendo mesmo diferente da atitude patriarcal e conservadora do Império Alemão. A mulher-modelo nazi não tinha uma carreira, mas era responsável pela educação dos seus filhos e pelo cuidar da casa. As mulheres apenas podiam ter formação no que dizia respeito às tarefas domésticas, e foram ficando, ao longo do tempo, restringidas de ensinar nas universidades, de profissões médicas e de assumir cargos em posições políticas dentro do NSDAP.
[4] O segundo maior conflito mundial teve início em primeiro de setembro de 1939 quando as forças da Alemanha nazista de Hitler invadiram a Polônia. E, tal ataque fora prontamente respondido pelo Reino Unido, França e pela Comunidade das Nações que declaram guerra a Hitler. Foi a guerra mais abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares mobilizados.
Em estado de “guerra total”, os principais envolvidos dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre recursos civis e militares. Marcado por um número significante de ataques contra civis, incluindo o Holocausto e a única vez em que armas nucleares foram utilizadas em combate, foi o conflito mais letal da história da humanidade, resultando entre 50 a mais de 70 milhões de mortes.
[5] Katherine Wilson Sheppard (1847-1934) foi membro de maior destaque do movimento sufragista da Nova Zelândia. Amplamente criada e educada na Escócia, mudou-se para a Nova Zelândia no final da década de 1860 e, em 1871, casou-se com Walter Allen Sheppard, um lojista. Uma das primeiras feministas, ela acreditava que as mulheres deveriam participar plenamente em todos os aspectos da sociedade, incluindo a política. Entre as causas que ela adotou pela primeira vez estava a reforma do vestuário para mulheres, principalmente a abolição de espartilhos e outras roupas constritivas.
Em uma época em que as mulheres eram encorajadas a serem “elegantes”, ela também promovia o uso de bicicleta e outras atividades físicas para as mulheres. Em 1885 Sheppard se juntou ao A União de Temperança Cristã da Mulher (WCTU) e dois anos depois se tornou líder da campanha de sufrágio da WCTU. Uma incansável defensora, ela escreveu panfletos, organizou reuniões e palestras e apresentou uma série de petições ao Parlamento. Vários projetos de sufrágio fracassaram antes que o Parlamento finalmente concedesse às mulheres o direito de voto em 1893. Sheppard foi mais tarde ativo em movimentos de sufrágio feminino em outros países, incluindo a Inglaterra e os Estados Unidos.
[6] Ana de Castro Osório (1872-1935) foi escritora, especialmente da literatura infantil, jornalista, pedagoga, feminista e ativista republicana portuguesa. Em 1905 escreveu “As Mulheres Portuguesas”, o primeiro manifesto feminista português, seguindo-se a criação da revista A Sociedade Futura, o Jornal dos Pequeninos, a sua integração no Grupo Português de Estudos Feministas e ainda, em 1908, com o apoio do político republicano António José de Almeida, a fundação da organização e associação política Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP), no 2º andar do nº 6 da Rua dos Castelinhos, em Lisboa, juntamente com as médicas e sufragistas Carolina Beatriz Ângelo e Adelaide Cabete, entre outras proeminentes mulheres da sociedade portuguesa de então. Em 1911, viajou para o Brasil quando o seu marido foi nomeado cônsul em São Paulo. Tornou-se professora e escreveu vários livros, entre os quais “Lendo e Aprendendo” e “Lição de História”, dois manuais utilizados pelas escolas brasileiras e portuguesas. Três anos mais tarde, Paulino de Oliveira faleceu vitimado pela tuberculose. Após enviuvar, Ana de Castro Osório regressou a Portugal com os seus dois filhos João de Castro Osório e José Osório de Oliveira, e fixou residência em Lisboa, na Rua do Arco do Limoeiro.
[7] Um número incrivelmente reduzido de mulheres que ocupam cargos públicos, atualmente, uma média mundial de dezenove por cento nas assembleias nacionais constitui um déficit a corrigir. A participação das mulheres em todos os níveis de governo democrático (tanto nacional como regional) diversifica a natureza das assembleias democráticas e permite que o processo de tomada de decisões responda às necessidades dos cidadãos que podem ter sido descuradas no passado. Um elemento crucial para assegurar uma participação efetiva e significativa das mulheres na política é a criação de uma “base política de apoio à igualdade das mulheres”.
[8] Apesar da luta das mulheres já existisse há séculos, finalmente, ganhou luz e relevância histórica em 08 de março de 1917. Em 2017 computamos um século da Revolução Russa e nos relembra as lutas sociais que tanto motivaram o maior movimento social do século XX. Entre as principais reivindicações existiam a melhoria salarial, a redução da jornada semanal de trabalho, a garantia de terra para os camponeses, a liberdade de expressão, o fim da polícia repressiva, igualdade nos direitos trabalhistas das mulheres entre outras inúmeras reivindicações.
As trabalhadoras das fábricas de Petrogrado saíram dos subúrbios, cruzaram o Rio Neva e ocuparam a interminável Perspectiva Nevski, reivindicando aumento salarial e o fim da participação russa na Primeira Guerra Mundial. A guisa das manifestações anteriores, ocasiões onde era frugal a violência no reinado de Nicolas II, dezenas de mulheres foram mortas ou simplesmente massacradas no cruzamento. Mas, em 1917, foi diferente, pois ao final apareceram os cosacos, e estes se negaram a obedecer às ordens de seus superiores e dispersá-las a qualquer custo.
Na prática o primeiro ato da Revolução Russa, seu deu em fevereiro. Com a responsabilidade de ocupar fábricas e produções agrícolas, devido à morte de milhares de soldados enviados pelo Czar Nicolas II para as frentes de batalha da Primeira Grande Guerra Mundial, as mulheres praticamente não mudaram a disposição de luta por melhores condições de vida e de trabalho. E, não por acaso, os primeiros anos de formação do Exército Vermelho, calcula-se que aproximadamente cerca de setenta mil mulheres estavam efetivamente na linha de frente dos quadros militares.
[9] Aliás, a filha de Josef Stálin quando morreu nos EUA se chamava Lana Peters. Antes disso, era chamada de Svetlana Iosifovna Stálin. Foi a única filha de Stálin que governou a URSS de meados dos anos de 1920 até sua morte em 1953. Stálin também teve dois filhos homens, porém, a Svetlana era a preferida do pai. Destacou-se por desertar aos EUA e sofrera muitas críticas por supostamente violar a memória do pai. “Ela esteve à sombra do nome do pai por toda a vida” afirmou Rosemary Sullivan autora da biografia “A filha de Stálin: a extraordinária e tumultuada vida de Svetlana Alliyeva (em tradução livre)”. Registre-se que a referida obra recebeu o prêmio Plutarch de Biografia em 2016. Svetlana tinha apenas seis anos e meio quando sua mãe se suicidou – marcando um antes e um depois na vida da menina. Adulta, Svetlana chegou à conclusão de que o suicídio derivou da sensação da mãe de não ter como escapar da crueldade de seu pai. Antes de morrer em 2011, Svetlana criticou o atual presidente russo Vladimir Putin por estar, segundo ela, revivendo a prática do culto de personalidade adotada por seu pai.
[10] A palavra “bolchevique” significa maioria no idioma russo e, tal vocábulo passou a ser usada, no começo do século XX, para designar os integrantes mais ortodoxos do POSDR (Partido Operário Socialdemocrata Russo). Esse partido foi fundado em 1898 e se opunha ao regime czarista de Nicolas II na Rússia. Eram favoráveis a uma mudança radial na Rússia, com a queda do czarismo e a implantação da ditadura do proletariado, através de uma revolução comunista. Tinham uma posição bem diferente dos mencheviques (minoria) liderados por Martov e que buscavam as medidas de transição de caráter reformista. Os mencheviques defendiam primeiramente a instalação da democracia para somente depois o socialismo.
[11] Lilly Marcou, historiadora francesa de origem romena, demorou quase 30 anos para compor A Vida Privada de Stalin (Zahar, 259 págs.). Embora não seja tão bem documentada quanto o mais recente O Jovem Stalin, de Simon Sebag Montefiore, é a mais equilibrada, abrangente e escrupulosa biografia da vida privada de Stalin. Ou melhor, da progressiva supressão da vida privada, título que melhor definiria a trajetória desse personagem. A reconstrução de sua vida, do nascimento até março de 1917, é mais detalhada e bem menos folhetinesca do que nas biografias anteriores, até por se utilizar bastante de testemunhos orais, com o objetivo de revelar a face mais humana do conspirador bolchevique. Até completar trinta e cinco anos, Stalin viveu quase toda a juventude entre as prisões e o exílio. Sua passagem pela aldeia de Kostino, ao norte da Sibéria Central, é dramática e ele escapa por pouco de morrer de tuberculose. Isolado de seus contatos no partido e paralisado em suas ações, não tinha outra coisa a fazer senão adaptar-se à indigência cotidiana e à solidão na Sibéria. Procurou ler, estudar línguas e escrever, incluindo seus trabalhos sobre as nacionalidades.
[12] O direito ao aborto foi legalizado em poucos meses após o fim da guerra civil russa. O decreto no qual se confirmava a legalização dizia: “Durante os últimos 10 anos, o número de mulheres que realizam abortos estava crescendo em nosso país e no mundo inteiro”. A lei de todos os países luta contra esse mal com a punição às mulheres que decidem pelo aborto e aos médicos que o praticam. Este método de luta não consegue nenhum resultado positivo. Empurra o procedimento à clandestinidade e converte as mulheres em vítimas de abortistas gananciosos, e muitas vezes ignorantes, que se aproveitam dessa situação clandestina. Sob a lei soviética, o feto não era considerado pessoa com direitos. E uma mulher que abortou em qualquer fase da gravidez estava isenta de processo (In: GOLDMAN, Wendy. Mulher, Estado e Revolução. São Paulo: Boitempo, 2015).
[13] A rápida ascensão ao poder definitivo de Joseph Stalin, como secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética ou Gensek entre 1927 e 1929, marcou o início de uma transformação radical da sociedade soviética. Em alguns anos, a face da União Soviética mudou radicalmente pela coletivização de terras e pela rápida industrialização realizada pelos muitos ambiciosos planos quinquenais. Esta política tem como resultado milhões de mortes devido à queda dramática da qualidade de vida dos cidadãos e abriu um longo reinado de terror e traição, marcada em particular pelo Grande Expurgo e por uma grande expansão dos campos de trabalho forçado dos Gulags. Além disso, essa política vai tornar a União Soviética, após a sua vitória contra os invasores nazistas, na segunda superpotência mundial. Toda a sua história posterior, desde a morte de Stalin (1953) até sua dissolução em 1991 quando a administração da URSS consistiu na pesada herança deixada pela era stalinista.
[14] Maria Capaz é a plataforma online idealizada por Iva Domingues e Rita Ferro Rodrigues, lançada na semana passada na Galeria Baginski, em Lisboa. Pretende ser um “espaço de partilha de ideias”, um espaço de afirmação da mulher e de discussão da condição feminina. Em pleno século XXI é legítimo e necessário cogitar e refletir sobre a condição feminina e na desigualdade de gênero que ainda assombra a nossa sociedade. De uma causa que é global e que se arrasta há anos, Maria Capaz é o contributo português para uma real afirmação da mulher em todos os campos, dando-lhe esse mesmo poder de emancipação. E, deixando de lado a concorrência das estações televisivas a que pertencem Iva Domingues e Rita Ferro Rodrigues uniram esforços para criarem um projeto inovador em Portugal que luta a favor da igualdade da mulher, que fala de e para mulheres.
[15] Aliás, a Europa tem experimentado nas derradeiras décadas uma expressiva queda do número de nascimento sendo resultado de diversos fatores e reflexos de condições socioeconômicas e educacionais da maior parte dos países europeus. As taxas de fecundidade (filhos por mulher em idade fértil) na Europa alcançaram a média de 1,52 filhos. O necessário para manter a população é de 2,1 filhos por mulher. Entre as causas da queda da taxa de natalidade e fecundidade foram: os casamentos tardios, que ocorriam depois concluir o ensino superior e da estabilização financeira e profissional. E, ainda, o elevado custo de criação de filhos em razão de despesas com saúde, educação e lazer têm feito muitos europeus reavaliarem sua vontade de gerar descendentes. A entrada da mulher no mercado de trabalho e ainda o nível de escolaridade que se reflete diretamente no número de filhos por mulher.
[16] Durante o Terceiro Reich (1933-1945) houve uma crescente valorização da juventude alemã que, explicita ou implicitamente, tinha como objetivo atrair os jovens para o movimento e utilizar seu potencial a serviço do nacional-socialismo. Essa ideia já começava a se delinear no ano de 1927, no discurso do Chefe da organização do National-Sozialistische Deutsche Arbeiterparteiii (NSDAP), Gregor Strasser, que bradava “Caiam fora, velhos!”. Em 1934, o então chefe da Juventude Hitleristaiii (JH), Baldur Von Schirach, confirmava essa ideia ao dizer que “‘só o que é eternamente jovem deve ter seu lugar (Helmat) em nossa Alemanha’, e que ‘os homens interiormente velhos são a peste de um povo são'”. (In: MICHAUD, Eric. “Soldados de uma idéia” Os jovens do Terceiro Reich). (In: LEVI, Giovanni e SCHMITT, Jean-Claude (org.), História dos Jovens 2-A época contemporânea. Tradução de Paulo Neves, Nilson Mulin, Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. P. 291-317). O discurso de Schirach esclarece o verdadeiro sentido dado à juventude e revela o seu real significado no Terceiro Reich.
Jovem na concepção nazista era todo aquele que compreendia, aceitava e internalizava as novas ideias e as novas metas que se instituíam na Alemanha com o novo regime, que se comprometia com e por estas. Hitler possuía plena consciência da dificuldade de transformar os alemães adultos em nazistas convictos, mas “a juventude, em compensação, pareceu-lhe um eldorado a ser conquistado a qualquer preço.
O novo alemão seria formado na idade em que se é realmente maleável” (In: VITKINE, Antoine. Mein Kampf: A história do livro. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.), portanto, todo o cuidado deveria ser transferido para os jovens de nascimento, que desde a mais tenra idade, seriam submetidos a uma educação que os moldariam em conformidade com o idealizado por Hitler. Uma das questões centrais dessa educação encontrava-se relacionada ao sangue e nesta questão, Hitler é categórico ao afirmar a importância da preservação de sua pureza. “A perda da pureza de sangue por si só destrói a felicidade íntima, rebaixa o homem por toda a vida, e as consequências físicas e intelectuais permanecem para sempre.” (In: HITLER, Adolf. Minha luta: Mein Kampf. São Paulo: Editora Moraes, 1983.).
[17] No Brasil, Getúlio Vargas foi quem adotou a data no Brasil, nos moldes do modelo norte-americano. A justificativa então apresentada pelo pai dos pobres romantiza os sentimentos relacionados à maternidade. O Decreto de 1932 evocou o sentimento de bondade e da solidariedade humana, além da ternura, respeito e veneração relacionados ao amor materno.
[18] Cruz de Honra das Mães Alemãs (alemão: Ehrenkreuz der deutschen Mutter ou Mutterkreuz) foi uma condecoração da Alemanha Nazista criada em 16 de dezembro de 1938 por iniciativa de Adolf Hitler, após indicação do médico Gerhard Wagner, chefe da Seção de Saúde Pública do Partido Nazista. O prêmio era destinado às mães consideradas racialmente arianas puras e possuidoras de no mínimo quatro filhos. Uma mãe poderia receber a condecoração nas classes de bronze, prata ou ouro, dependendo da quantidade de filhos que gerara. Mulheres das regiões anexadas pelo Terceiro Reich (como a Áustria e Danzigue) também eram elegíveis à premiação. O prêmio fazia parte de uma fase de preparação para a guerra e retomada do crescimento populacional alemão, e entre os pré-requisitos da condecoração estava o arianismo. Magda Goebbels, esposa do Ministro da Propaganda do Reich, Joseph Goebbels, foi uma das primeiras vencedoras do prêmio Mutterkreuz, sendo a mais famosa de todas. Loira, alta e de olhos azuis, Magda era tida como a ariana perfeita e a esposa ideal. Aos 38 anos ela já havia dado à luz a sete filhos para o futuro da Alemanha – um no primeiro casamento com um empresário alemão, e seis no segundo casamento, com Goebbels -; além disso, Magda era um dos membros mais fiéis do Partido Nazista. Magda era tida, extraoficialmente, como a “primeira-dama” do país, o exemplo de mulher ariana. Ironicamente, já no fim da Guerra, a “mãe das mães alemãs” ficaria famosa por envenenar e matar os seis filhos que teve com Goebbels no bunker de Hitler.
[19] As Leis de Nuremberg que foram aprovadas em 1935 na Alemanha nazista e versavam a respeito de miscigenação, cidadania e da bandeira alemã. Disciplinavam principalmente sobre as condições para que a pessoa fosse considerada ou não uma cidadã alemã. Essa lei atuava consideravelmente no âmbito privado, uma vez que proibia o casamento e a prática de relações sexuais entre alemães e judeus. Além disso, não permitia que judeus tivessem empregadas domésticas de origem alemã com idade inferior a quarenta e cinco anos. As pessoas que iam contra os acordos dos termos estabelecidos eram acusadas de “corrupção racial”. Em consequência dessa lei, uma média de 420 pessoas por ano foram condenadas por corrupção racial, das quais 2/3 eram judeus do sexo masculino. Essa lei definia basicamente quem seria ou não considerado cidadão alemão. Determinava que somente pessoas de sangue alemão ou que possuíssem algum vínculo com essa nacionalidade seriam considerados e reconhecidos como cidadãs. Aqueles não recebessem a cidadania seriam apenas “sujeitos de Estado”, ou seja, pessoas que tinham obrigações a cumprir com o Estado – como pagar impostos, mas que não possuíam nenhum direito político e social. Segundo a Lei de Cidadania do Reich, todas as pessoas que tivessem 3/4 de sangue judeu ou que praticassem a religião judaica eram consideradas judias e, portanto, não tinham direito à cidadania. As pessoas que tivessem 1/4 ou 1/2 de sangue judeu eram consideradas pertencentes a uma raça mestiça de segundo e de primeiro grau, respectivamente. As pessoas de “raça mista” tinham direito à cidadania alemã. Essa lei tornava a suástica um símbolo integrante da bandeira da Alemanha e reforçava que as cores da Alemanha seriam o vermelho, o branco e o preto.
[20] Heinrich Luitpold Himmler (1900-1945) foi um Reichsführer das Schutzstaffel (comandante militar da SS) e um dos principais líderes do Partido Nazi (NSDAP) da Alemanha Nazi. Mais tarde, Hitler o nomeou como Comandante do Exército de Reserva e General Plenipotenciário para toda administração do Reich. Foi um dos homens mais poderes da Alemanha nazista e também um dos principais responsáveis diretos pelo Holocausto. Himmler conheceu a sua esposa, Margarete Boden, em 1927. Sete anos mais velha que Himmler, exercia a profissão de enfermeira, também partilhava do seu interesse por medicina à base de ervas e homeopatia, e era proprietária de uma pequena clínica privada. Casaram-se em Julho de 1928, e a sua única filha, Gudrun, nasceu em 08 de Agosto de 1929. O casal também tinha adoptado um rapaz de nome Gerhard von Ahe, filho de um oficial das SS que tinha morrido antes da guerra. Margarete vendeu a sua parte da clínica e utilizou o dinheiro para comprar uma parcela de terreno em Waldtrudering, perto de Munique, onde construíram uma casa pré-fabricada. Como Himmler estava sempre longe de casa a tratar de assuntos do partido, a sua mulher fazia os possíveis contatos — quase sempre sem sucesso — criar gado para vender. Também tinham um cão chamado Töhle. Depois de os nazis ascenderem ao poder, a família mudou-se para Möhlstrasse, em Munique, e em 1934 para o Lago Tegern, onde compraram uma casa. Mais tarde, Himmler conseguiu obter uma casa grande no subúrbio de Dahlem em Berlim, sem qualquer despesa, como residência oficial. O casal pouco tempo estava junto, pois Himmler tornou-se totalmente dedicado ao trabalho. A sua relação era tensa poiso casal juntava-se para situações sociais; eram convidados frequentes em casa de Heydrich. Margarete via como sua obrigação convidar as esposas dos oficiais superiores das SS para um café ou um chá as quarta-feiras à tarde.
[21] A eugenia surgiu sob o impacto da publicação, em 1859, de um livro que mudaria para sempre o pensamento ocidental: A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Darwin mostrou que as espécies não são imutáveis, mas evoluem gradualmente a partir de um antepassado comum à medida que os indivíduos mais aptos vivem mais e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o destino do mundo estava nas mãos da natureza, e não nas de Deus. Darwin restringiu sua teoria ao mundo natural, mas outros pensadores a adaptaram – de um jeito meio torto – às sociedades humanas. O mais destacado entre eles foi o matemático inglês Francis Galton, primo de Darwin. Em 1865, ele postulou que a hereditariedade transmitia características mentais – o que faz sentido. Mas algumas ideias de Galton eram bem mais esquisitas. Por exemplo, ele dizia que, se os membros das melhores famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar uma raça de homens mais capazes. A partir das palavras gregas para “bem” e “nascer”, Galton criou o termo “eugenia” para batizar essa nova teoria.
[22] Tais teorias do racismo científico também foram mescladas por algumas correntes nazistas com a Ariosofia, parte do misticismo nazi o qual criou um mito em torno da assim chamada raça ariana. As relações entre o misticismo nazista e teorias racistas pseudocientíficas foram continuadas no pós-guerra por alguns teóricos do movimento esotérico hitlerista. Assim, Alfred Rosenberg, um dos principais teóricos raciais dos nazistas, imaginou uma “religião de sangue” a qual transformaria o cristianismo num “cristianismo positivo”, o qual via no Cristo um membro da assim chamada “raça nórdica” a qual o povo alemão pretensamente pertencia. Estas ideias a respeito de uma “religião racial” foram popularizadas no jornal Der Stürmer, encabeçado por Julius Streicher, e no semanário do NSDAP, o Völkischer Beobachter, editado por Rosenberg.
[23] A eugenia foi um termo criado pelo cientista Francis Galton para indicar o estudo dos agentes sob o controle social, seja este física ou mental, que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações. Noutras palavras, é o próprio homem que direciona sua própria evolução através da seleção de caracteres mais desejáveis, como força física e inteligência, na forma de cruzamento entre indivíduos mais aptos com a eliminação dos menos aptos ou fracos.
[24] Em março de 1945, os aliados americanos, ingleses, canadianos e franceses atravessaram o norte do Reno e o sul do Ruhr, cercando as forças nazis, enquanto os soviéticos avançaram para Viena. No início de abril, as forças de aliados ocidentais finalmente ganhavam terreno em Itália e atravessavam a Alemanha Ocidental, enquanto as forças soviéticas invadiam Berlim; as duas forças encontraram-se nas margens do Elba, a 25 de abril. No dia 30, o Reichstag foi capturado, simbolizando a derrota militar do Terceiro Reich e de Hitler, que se tinha suicidado no seu bunker, uns dias antes.
[25] Gregor Ebner (1892-1974) era médico e atuou como diretor médico de todas as casas do Lebensborn. Em meados de 1937, Ebner desistiu do seu consultório particular e juntou-se ao Lebensborn em tempo integral. Até o final da guerra, ele permaneceu na função de diretor médico de todas as casas operadas por Lebensborn. Também atuou como presidente do Tribunal Disciplinar da Associação Médica Nazista a partir de 1938. Desde 1939, ele assumiu o posto de SS-Oberführers. Ebner foi considerado culpado em Nuremberg no julgamento racial e quartel-general de liquidação da SS apenas membro da SS e condenado a dois anos e oito meses de prisão. A punição foi considerada cumprida. Ebner então trabalhou como médico em Kirchseeon e Wolfratshausen.
[26] Operação Himmler ou Operação Konserve ou Alimentos Enlatados foi uma operação de bandeira falsa planejada pela Alemanha Nazista em 1939 que simulou uma aparente agressão polonesa contra tropas alemãs. A operação foi usada posteriormente pela propaganda nazista para justificar a invasão da Polônia. Foi indiscutivelmente o primeiro ato violento da Segunda Guerra Mundial na Europa. O plano, cujo nome é em homenagem ao seu criador, Heinrich Himmler, foi supervisionado por Reinhard Heydrich e dirigido por Heinrich Müller. O objetivo desse projeto de bandeira falsa era criar a aparência de agressão polonesa contra a Alemanha, o que poderia ser usado para justificar a invasão alemã da Polônia. Hitler aprovou o plano e esperava confundir os aliados da Polônia (Reino Unido e França), fazendo com que estes atrasassem uma eventual declaração de guerra contra a Alemanha.
[27] Uma das meninas mais famosas egressas da Juventude Hitlerista (JH) foi Irma Grese, a Bela Besta, a terrível guardiã de campos como Ravensbrück, Auschwitz e Bergen-Belsen. A JH tornou-se a única organização juvenil da Alemanha a partir de 1936, quando foram proibidas todas as outras. A filiação passou a ser obrigatória por lei em 1939 para todos os adolescentes com idade entre 10 e 18 anos. Da JH, que passou de 100.000 membros quando Hitler chegou ao poder (1933) para dois milhões no fim de 1933 e 5,4 milhões em dezembro de 1936, se saía para ingressar no partido (nazista), na Frente Alemã do Trabalho, nas tropas de assalto ou na SS (principal organização militar, policial e de segurança do Reich), ou no serviço da Waffen-SS (corpo de combate de elite da SS) e na Wehrmacht (Exército). No início de 1939 cerca de 98,1% dos jovens alemães pertenciam à JH. Entre os que escaparam de suas garras, com grande risco, porque havia pesadas sanções (recorria-se a Heinrich Himmler e sua polícia e à SS para fazer cumprir o serviço), figurava aquele que depois seria escritor e prêmio Nobel de Literatura, Heinrich Böll, com 16 anos em 1933. No entanto, outro autor e também prêmio Nobel, Günter Grass, fez um percurso clássico completo: pimpfe aos 10 anos, auxiliar antiaéreo aos 15 e artilheiro de carro de combate da Waffen-SS aos 17.
O historiador nascido na Alemanha, mas naturalizado canadense Michael H. Kater (Zittau, 1937), um especialista na cultura do Terceiro Reich, doutor em História e Sociologia pela Universidade de Heidelberg e professor da Universidade de York (Toronto, Canadá) acaba de publicar um livro imprescindível sobre a JH, organização sobre a qual girou especialmente o esforço dos nazistas para se aproveitar dessa geração alemã. Hitler Youth (Juventude hitleriana) é uma obra tão exaustiva quanto apaixonante e comovente que combina a investigação científica com o relato humano, explica que os acampamentos da JH, onde proliferava o sadismo, eram um mau lugar para molhar a cama. E instala em seu centro uma profunda reflexão moral.
[28] Kathryn Bernheim tornou-se uma das 27 mulheres americanas escolhidas pela Força Aérea do Exército em 1942 para transportar aviões. Como uma civil com mais de mil horas de experiência de voo, Bernheim voou com aviões como o P-47 Thunderbolt, aliviando os homens para os voos de combate até que a política encerrou o programa, em 1944.
[29] Chester William Nimitz (1885-1966) foi Comandante Supremo das Forças do pacífico dos Estados Unidos e das Forças Aliadas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi a autoridade responsável pelos submarinos norte-americanos e chefe do Bureau de Navegação da Marinha em 1939, e depois comandante americana do Pacífico. Foi o último Almirante de Frota norte-americano.
[30] A liderança feminina é um tema muito debatido principalmente em nossa sociedade contemporânea. Grupos como a Mulheres do Brasil liderado por Luiz Trajano, Ellevate Network fundada por Janet Hanson da Goldman Sachs, em 1997 e hoje com mais de quarenta chapters espalhados pelo mundo, Rede Mulher Empreendedora (RME) que foi idealizada por Ana Lúcia Fortes durante o Programa Dez Mil Mulheres da FGV e hoje conta com mais de trezentos mil empreendedoras cadastradas, reforçam a importância, o comprometimento e a seriedade com que as mulheres devem ser observadas.
[31] “Em um período em que o direito de muitos trabalhadores foi burlado pelos donos de seringais e os contratos assinados por esses trabalhadores não foram devidamente cumpridos, merece destaque a história dessas mulheres que foram trabalhar nesses locais como a selva amazônica. a Elas viviam sob a constante vigilância e repressão dos patrões, e foram se utilizando daquilo que a floresta podia oferecer para tentar amenizar a falta de assistência que não chegava naquelas regiões mais distantes do Amazonas”, explica Agda Brito. Para Agda, evidenciar as dificuldades que essas mulheres enfrentaram e como resistiram trabalhando em atividades que constituem a história do povo amazônico, como a produção de farinha, a coleta da castanha, a pesca, o trabalho na roça, a prática de curas e assistências que vão sendo trocadas em seus cotidianos é de fundamental importância para a construção e continuidade da cultura da região amazônica.
[32] O ataque em Peral Harbor, na ilha de Oahu, no Havaí fora executado de surpresa contra a Frota do Pacífico da Marinha dos EUA e as suas forças de defesa, o corpo aéreo do Exército dos EUA e a força aérea da Marinha.
O ataque danificou ou destruiu vinte e um navios e trezentos e quarenta e sete aviões. Matou cerca de 2403 pessoas e feriu 1178 pessoas. O referido ataque marcou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra do Pacífico, ficando conhecido como o Bombardeio de Pearl Harbor e Batalha de Pear Harbor, embora o nome mais comum seja mesmo Ataque a Pearl Harbor ou simplesmente Pearl Harbor.
[33] Nos países ocidentais não ocupados, algumas pessoas prosperaram, eram os criminosos que exploravam a demanda aquecida por prostitutas, produtos do mercado negro e combustíveis e provisões roubadas dos militares, industriais obtiveram enormes lucros e muitos conseguiram evitar, de alguma forma, pagar impostos extraordinários, os agricultores e criadores de gado especialmente nos EUA, onde a renda cresceu 156 por cento viveram uma inédita prosperidade. A guerra, afinal, não era cruel com todos.
[34] As mulheres majoritariamente muito jovens, algumas eram crianças. Vinham de toda a União Soviética. O Exército Vermelho as recrutou aos milhares na Segunda Guerra Mundial para usá-las como franco-atiradoras: deviam apontar suas armas à distância e estourar os miolos dos soldados inimigos, literalmente. Era a missão delas, era esse o ofício para o qual foram meticulosamente preparadas e, embora matassem nazistas que haviam invadido e devastado seu país e muitas tivessem longas listas de vítimas e algumas inclusive desfrutaram disso, quase todas tinham desmoronado e chorado na primeira vez, ao alvejar um ser humano com sua arma. Tampouco nenhuma delas, cercada por uma grande massa de camaradas sexualmente famintos, foi poupada de ter de suportar o assédio e o abuso de seus comandantes e colegas masculinos, geralmente bêbados: um verdadeiro combate em duas frentes. Embora várias tenham se tornado muito populares e até recebido o título de Heroínas da URSS, não puderam fazer carreira no Exército e, na volta para casa, foram muitas vezes xingadas de mulheres-machos ou prostitutas.
[35] O Exército Vermelho (assim chamado desde os tempos da guerra civil), apesar dos avisos vindos de várias fontes, foi apanhado de surpresa, fato este que possibilitou o fácil e rápido avanço das forças invasoras alemãs. Passando a surpresa inicial e sob a liderança de Josef Stalin, o Exército Vermelho conseguiu resistir – no entanto, sofreu numerosas perdas humanas e materiais, tendo um terço do território na Europa (a mais rica e populosa) caído na mão do inimigo. Calcula-se que perto de cinco milhões de soldados do Exército Vermelho tenham sido mortos, capturados ou feridos nos primeiros seis meses da guerra. Apesar das significativas vitórias dos exércitos do Eixo nas batalhas de Minsk, Smolensk, Viazma e Kiev, entre outras, a tenacidade da resistência dos soldados soviéticos, acrescentada pela mobilização do povo soviético diante do inimigo, fez com que a máquina de guerra nazista não alcançasse seus principais objetivos, que eram destruir o exército soviético e conquistar as principais cidades do país: Leningrado e Moscou.
[36] Batalha de Stalingrado foi combate travado entre o exército alemão e seus aliados contra as tropas da URS pela posse de Stalingrado, atual Volgogrado, situada às margens do rio Volga, entre 17 de junho de 1942 a 02 de fevereiro de 1945. Represento o ponto de virada da guerra na Frente Oriental, marcando o limite da expansão alemã no território soviético, a partir de onde o Exército Vermelho empurraria as forças alemãs até Berlim. Também é considerada uma das maiores e mais sangrentas batalhas de toda história da humanidade.
[37] Lista de Heroínas da União Soviética conta com noventa e cinco mulheres, sendo que quarenta e nove foram condecoradas a título póstumo. Valentina Grizodubova, Polina Osipenko, Marina Raskova, Lydia Litvyak, Yekaterina Zelenkom, Raisa Aronova, Vera Belik, Marina Chechneva, Rufina Gasheva, Polina Gelman, Antonina Khudyakova, Larisa Litvinova, Tatiana Makarova, Natalia Meklin, Yevdokia Nikulina, Yekdokia Nosal, Zoya Parfenova, Yevdokia Pasko, Nadezhda Popova, Nina Raspopova, Yevgeniya Rudneva, Yekaterina Ryabova, Olga Sanfirova, Irina Sebrova, Maguba Sirtlanova, Mariya Smirnova, Nina Ulyanenko, Yevgeniya Zhigulenko, Mariya Dolina, Galina Dzyhunkovskaya, Nadezhda Fedutenko, Klavdia Fomicheva, Antonina Zubkova, Tamara Konstantinova, Anna Yergorova, Tatyana Baramzina, Tatyana Kostyrina, Natalya Kovshova, Manshuk Mametova, Alia Moldagulova, Nina Onilova, Lyudmila Pavlichenko, Maruya Polivanova, Nina Gnilitskaya, Yelena Stempkovskaya, Maria Batrakova, Anna Nikandrova, Maria Oktyabrskaya, Maria Baida, Maria Borovichenko, Valeriya Gnarovskaya, Vera Kashcheyeva, Ksenia Konstantinova, Lyudmila Kravets, Irina Levchenko, Zinaída Mareseva, Fedora Pushina, Zinaída Samsonova, Maria Shcherbachenko, Maria Shkarletova, Zinaida Tusnolobova-Marchenko, Ekaterina Mikhailova-Demina, Galina Petrova, Mariya Tsukanova, Anastasía Biseniek, Yelizaveta Chaikina, Daria Diachenko, Uliana Gromova, Vera Jaruzhaya, Maria Kisliak, Yelena Kolesova, Zoya Kosmodemiánskaya, Helene Kullman, Anna Lisitsyna, Tatiana Marinenko, Anna Maslovskaya, Yelena Mazanik, Maria Melentieva, Marytè Melnikaité, Anna Morozova, Klavdia Nazarova, Maria Osipova, Antonina Petrova, Zinaída Portnova, Larisa Ratushnaya, Valentina Safronova, Liubov Shextsova, Nina Sosnina, Nadezhda Troyan, Yelena Ubruyvovk, Nadezhda Volkova, Yefrosínia Zenkova, Valentina Tereshova, Svetlana Savitskaya e Aniela Krzywon.
[38] A Grande Guerra Patriótica é o termo usado na Rússia e outras ex-repúblicas soviéticos, exceto pelos Países Bálticos, Geórgia, Azerbaijão e Ucrânia para descrever o conflito e o esforço de guerra do país contra a Alemanha Nazista e seus aliados (Bulgária, Hungria, Itália, Romênia, Eslováquia, Finlândia e Croácia) ocorridos entre 1941 a 1945 na Segunda Guerra Mundial. O termo foi usado após discurso de rádio de Stálin para a nação soviética feito em 03 de julho de 1941.
[39] Wehrmacht significa Força de Defesa e que pode ser entendido também como meios ou poder de resistência, foi o nome do conjunto das forças armadas da Alemanha durante o Terceiro Reich entre 1935 a 1945 e englobava o Exército, a Marinha de Guerra, Força Aérea (Luftwaffe) e as tropas das Waffen-SS (que apesar de não serem da Wehrmacht eram frequentemente dispostas junto às suas tropas). Durante os dez anos de sua existência, aproximadamente 18 milhões de combatentes serviram na Wehrmacht. Cerca de 3,5 milhões morreram em combate durante a II Guerra Mundial, sendo 88% apenas na frente oriental.
[40] Um sniper em português é chamado de atirador especial, atirador de elite ou franco-atirador é um militar ou membro das Forças Armadas ou de força policial que é especializado em tiros a longa distância com grande precisão. O termo igualmente é usado para designar as armas usadas por estes: sniper rifles. Sua tradução literal seria como narcejeiro, ou caçador de narcejas (sniper hunter em inglês) porque somente os atiradores profissionais e ágeis conseguem atingir tais aves, haja vista que estas são muitas rápidas e espertas durante suas fugas. A palavra sniper ganhou uso rotineiro com a Primeira Guerra Mundial. E, antes mesmo da Primeira Guerra Mundial, os britânicos estavam preparados para uma concentrada batalha de fogo em pequena aérea.
Na década de 30 apenas os russos continuaram a manter uma escola de sniper. Os alemães, britânicos, franceses e a US Army fecharam suas escolas e o USMC manteve um pequeno grupo. Os britânicos reabriram sua escola em 1940. A US Army reabriu em 1942. Os alemães reabriram logo no inicio de suas operações. No fim da década de 30, na guerra contra os russos, os finlandeses caçavam inverno com fuzil e era muito mais fácil caçar soldados russos que pássaros voando. As táticas eram simples. Os snipers finlandeses eram muito móveis com seus esquis, ficavam a frente de linha de defesa ou flancos, atacando postos artilharia, morteiro e postos de comando. A determinação de defender o país valia muito. Já os snipers russos tiveram que reagir treinando para guerra no ártico e passaram a ser mais independentes da unidade que apoiavam. Os snipers russos tiveram papel importante na Segunda Guerra Mundial. Estima-se que mais de 40 mil alemães mortos foram pelos snipers. No inicio da Segunda Guerra Mundial havia uma equipe de fogo de snipers por Divisão. No fim da guerra já havia 18 snipers por batalhão ou dois snipers por pelotão. A doutrina inclui usar o sniper em nível de pelotão como parte da unidade, chamado de DM em outras doutrinas. O objetivo é compensar a capacidade de disparo longa distância perdida com os novos fuzis de assalto otimizados para curto alcance e tiro rápido. A infantaria passou a usar muitas submetralhadoras para supressão e era uma arma ruim contra alvos em profundidade. Doutrinariamente os snipers cobriam estes alvos mais distantes. A submetralhadora que era ideal em combates urbanos. Até os snipers levavam uma nestes cenários.
[41] Lyuba Vinogradova acompanha a carreira de um bom número de franco-atiradoras durante a guerra. Casos muito notáveis, como os de Natasha Kovshova (capaz de atingir seus alvos no nariz, sua assinatura) e Masha Polivánova, uma das duplas mais notáveis de franco-atiradoras. Em 1942, em Sutoki-Byakovo, elas apoiavam um franco-atirador homem e um ataque deixou os três isolados. Foram feridos e as moças e também seu companheiro que rastejou e escapou, juraram em seu poço de atiradoras que não cairiam vivas nas mãos do inimigo (o que para uma franco-atiradora invariavelmente significava violação, tortura e execução). Tiraram o pino de segurança de suas granadas, esperaram a chegada dos atacantes e então as fizeram explodir, morrendo e levando alguns alemães. É comovente a história das franco-atiradoras e foi descrita em sua obra Avenging Ángeles (recentemente publicada na Espanha pela editora Passado & Presente sob o título de Ángeles Vengadores ou Anjos Vingadores).
[42] Marlene Dietrich era seu nome artístico de Marie Magdelen Dietrich von Losch (1901-1992) foi uma atriz e cantora alemã, naturalizou-se norte-americana. Foi notável em sua colaboração humanitária durante a Segunda Grande Guerra Mundial, abrigando exilados e ajudando-os até financeiramente. Por essa luta, recebeu honras nos EUA, França, Bélgica e Israel. Em 1999, o American Film Institute nomeou Dietrich a nona maior estrela feminina do cinema clássico de Hollywood. Marlene Dietrich atuou em seis filmes dirigidos por von Sternberg na Paramount entre 1930 e 1935. Os dois trabalharam para criar a imagem glamorosa e de femme fatale da artista. Ele a encorajou a perder peso e a treinou intensivamente como atriz e ela, por sua vez, estava disposta a confiar nele e seguir sua direção, por vezes imperiosa, e a que uma série de outros artistas resistiam.
[43] Dwight David Ike Eisenhower (1890-1969) foi o trigésimo-quarto Presidente dos EUA de 1953 até 1961. E, antes disso, ele foi um general de cinco estrelas do Exército Americano. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu como Comandante Supremo das Forças Aliadas na Europa. Assumiu a responsabilidade de comandar e supervisionar a invasão do Norte da África durante a Operação Tocha entre 1942 e 1943. Logo depois ele assumiu o planejamento da invasão da França e da Alemanha entre 1944 e 1945, no Frente Ocidental. E, 1951, se tornou o comandante supremo da OTAN. Foi também o Chefe do Estado-Maior do Presidente Harry S. Truman, antes de assumir a presidência da Universidade Columbia.
[44] Durante dois passeios no OSU entre 1944 e 1945, ela se apresentou para as tropas Aliadas na linha de frente na Argélia, Itália, Grã-Bretanha e França, em seguida, foi para a Alemanha com os generais James M. Gavin e George S. Patton, Quando perguntado por que ela tinha feito isso, apesar do perigo óbvio de estar a poucos quilômetros de linhas alemãs, ela respondeu: “aus Anstand” (fora de decência). Billy Wilder mais tarde afirmou que ela estava mais na linha de frente que Eisenhower. Sua revista, com Danny Thomas como seu ato de abertura, incluiu canções de seus filmes, performances usando uma serra como instrumento musical (uma habilidade que ela tinha originalmente adquirido para aparências do período em que viveu em Berlim na década de 1920) e um ato de fingir “leitura mental”. Dietrich informava ao público que ela podia ler mentes e pedia-lhes para se concentrar no que viesse em suas mentes. Então, ela caminhava até um soldado e dizia-lhe: “Oh, pense em outra coisa. Não posso falar sobre isso!” Chefes da igreja americana publicaram, artigos reclamando sobre este ato de Dietrich. Dietrich foi condecorada com a Medalha da Liberdade pelos EUA em 1947. Ela disse que este era o seu maior orgulho. Ela também foi premiada com o Légion d’honneur pelo governo francês como reconhecimento por seu trabalho nos tempos de guerra.
[45] Zarah Leander (1907-1981) foi atriz e cantora sueca que obteve êxito na Europa e particularmente nos países germanófilos e escandinavos. Zarah Leander e Marika Rökk foram os ícones femininos do cinema alemão. Em 1943, as dificuldades económicas da UFA, obrigaram-na a regressar à Suécia, onde continuou a sua carreira profissional. Contudo, nunca recuperou o êxito dos seus anos na Alemanha, que muito a marcaram. Em 1956 casou-se com o pianista Arne Huelphers. Faleceu em Estocolmo, vitima de um derrame cerebral, aos 74 anos.
[46] Anton Pavlovitch Tchekhov (1860-1904) foi médico, dramaturgo e escritor russo, foi considerado um dos maiores contistas de todos os tempos. Sua carreira como dramaturgo criou quatro clássicos e seus contos têm sidos aclamados por escritores e críticos. Inicialmente escrevia simplesmente por razões financeiras, mas a sua ambição artística cresceu e, ele fez inovações formais que influenciaram a evolução dos contos modernos. Sua originalidade consiste na técnica de fluxo de consciência, e mais tarde foi adotada por James Joyce e outros escritores modernistas, além da rejeição do propósito moral presente na estrutura de obras tradicionais. Nunca fez nenhum pedido de desculpas pelas dificuldades impostas aos leitores, insistindo que o papel de um artista era o de fazer perguntas e, não de respondê-las.
[47] NKVD em português significa Comissariado do povo para assuntos internos, foi o Ministério do Interior da URSS. Criado em 1934 incorporou o GPU ou OGPU que é o Diretório Político Unificado do Estado transformado em GUGV , ou seja, a Administração Central da Segurança do Estado e foi substituído pelo Ministério do Interior. Além das funções policiais e de segurança tradicionalmente atribuídas ao Ministério do Interior, como o controle de tráfego, corpo de bombeiros e a guarda de fronteiras. Cabia a NKVD controlar a economia e o serviço secreto, prestando contas ao Conselho de Comissários do Povo que era o órgão principal do governo soviético e também ao Comitê Central do Partido Comunista de Toda União (bolchevique). No âmbito do NKVD estabeleceu-se o GULAG que era a Administração Central dos Campos, órgão responsável pelo sistema de campos penais de trabalho. Em 1954, os serviços de polícia e de segurança do Estado novamente se separaram. O Ministério do Interior da URSS (MVD) ficou com as funções de ordem e segurança interna (polícia e sistema penitenciário), enquanto a recém-criada Comissão para a Segurança do Estado KGB, assumiu as funções de segurança do Estado, a saber: polícia política, inteligência, contrainteligência, proteção pessoal de autoridades e comunicações confidenciais.
[48] Olga Leonardovna Knipper em 25 de maio de 1901 casou-se secretamente com o dramaturgo Anton Tchecov. E o casamento chegou ao fim, quando Anton morreu de tuberculose em 1904.
[49] A Segunda Guerra Mundial entrará na história da humanidade não somente por ser a precursora da guerra automatizada e da destruição em massa produzida em centros urbanos populosos, mas também desponta como a pioneira por promover a guerra psicológica. E o advento da radiofonia serviu para promover a transformação em diversos aspectos da tática e da estratégica de guerra, e também pelas quase infinitas possibilidades de seu uso como arma de subversão e de desmoralização dos opositores. Durante o conflito mundial, havia as chamadas emissoras negras como as brancas que podiam ser usadas com o fim de desmoralizar os exércitos inimigos e acelerar seu desmoronamento.
As guerras psicológicas, guerra de nervos ou fria, de fato, conquista de corações e mentes se referem às várias técnicas de combate utilizadas para influenciar sem uso de forças os valores, crenças, emoções, motivações, raciocínio ou comportamento de uma ou mais pessoas visando objetivos estratégicos policiais, de guerra ou mesmo políticos. E, tais técnicas são usadas comumente para induzir confissões ou reforças atitudes e comportamentos. Às vezes, são combinadas com operações de guerra não convencional e às operações de falsa bandeira. Um dos primeiros líderes que conseguiu angariar apoio por meio do uso da propaganda foi Adolf Hitler.
E utilizando um estilo de discurso projetado por Joseph Goebbels, foi capaz de potencializar sua presença para parecer messiânica. E, a difusão de tais discursos para as mídias, que eram o rádio e a televisão veio reforçando crescentemente esse efeito. Também os Aliados, na figura do primeiro-ministro britânico Winston Churchill fez uso semelhante do rádio para a propaganda contra os alemães. Os britânicos produziram e distribuíram propaganda negra e branca. Através dos usos de rádios transmissões fortes, as transmissões podiam ser ouvidas por toda a Europa. Um fato inegável durante a segunda guerra mundial é que a guerra psicológica fora utilizada por ambos os lados. E, a invasão da Normandia foi considerada como bem-sucedida em parte por conta da fusão entre a guerra psicológica e a percepção militar.
[50] O maior problema de Goebbels era, entretanto, o complexo de inferioridade. “Sou um apóstata”, escreveu ele, em seu diário, em 1921. Em seguida, reescreveu a frase em letras maiúsculas, como se regozijasse diante da descoberta, imaginando, quem sabe, que dessa maneira se desprendia da multidão vulgar. Mas a apostasia não afrouxava o tormento que lhe impunha o complexo de inferioridade. Acima de tudo, ele sentia a necessidade de uma linha de ação positiva. Goebbels, o violento ministro de propaganda de Hitler tinha esses os onze princípios que levaram o povo alemão a tentar exterminar à humanidade: 1.- Princípio da simplificação e do inimigo único. Simplifique não diversifique, escolha um inimigo por vez. Ignore o que os outros fazem concentre-se em um até acabar com ele; 2.-Princípio do contágio .Divulgue a capacidade de contágio que este inimigo tem. Colocar um antes perfeito e mostrar como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo; 3.-Princípio da Transposição. Transladar todos os males sociais a este inimigo; 4.-Princípio da Exageração e desfiguração Exagerar as más noticias até desfigurá-las transformando um delito em mil delitos criando assim um clima de profunda insegurança e temor. “O que nos acontecerá?”; 5.-Princípio da Vulgarização. Transforma tudo numa coisa torpe e de má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis de descobrir; 6.-Princípio da Orquestração. Fazer ressonar os boatos até se transformarem em notícias sendo estas replicadas pela “imprensa oficial’; 7.-Princípio da Renovação. Sempre há que bombardear com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o receptor não tenha tempo de pensar, pois está sufocado por elas; 8.-Princípio do Verossímil. Discutir a informação com diversas interpretações de especialistas, mas todas em contra do inimigo escolhido. O objetivo deste debate é que o receptor, não perceba que o assunto interpretado não é verdadeiro; 9.-Princípio do Silêncio. Ocultar toda a informação que não seja conveniente;
10.-Princípio da Transferência. Potencializar um fato presente com um fato passado. Sempre que se noticia um fato se acresce com um fato que tenha acontecido antes; 11. -Princípio de Unanimidade. Busca convergência em assuntos de interesse geral apoderando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los em contra do inimigo escolhido.
[51] Em seus derradeiros dias em Berlim, Hitler transferiu seu quartel-general para o Führerbunker, em 16 de janeiro de 1945, onde juntamente com Bormann e a sua secretária Else Krüger ficaram até o fim de abril do mesmo ano. O bunker situava-se debaixo do jardim da Chancelaria do Reich no centro da cidade. A Batalha de Berlim foi a última grande ofensiva soviética na guerra, e começou em 16 de abril de 1945. Já em 19 de abril o Exército Vermelho começou a cercar a cidade e, já no dia 20 de abril, no seu 56º aniversário, Hitler fez a sua derradeira aparição à superfície, no jardim arruinado da Chancelaria do Reich, entregou a Cruz de Ferro aos vários soldados da Juventude Hitlerista. E, nessa tarde, Berlim fora bombardeada pela artilharia soviética pela primeira vez. Em 23 de abril Albert Bormann deixou o bunker e viajou para Obersalzberg. Hitler e Braun se suicidaram em 30 de abril. A mulher tomou cianeto enquanto que Hitler matou-se com uma pistola. E, seguindo instruções os seus corpos foram incinerados no jardim da Chancelaria. No dia 2 de maio, a batalha por Berlim terminou quando o general de artilharia Helmuth Weidling, o comandante da área de defesa de Berlim, se rendeu incondicionalmente, entregando a cidade ao General Vassili Chuikov, o comandante do Oitavo Exército de Guardas soviéticos.
[52] Harald Quandt (1921-1967) foi militar e empresário alemão era enteado de Joseph Goebbels, sendo filho de Magda Goebbels com Günther Quandt. Serviu como tenente na Luftwaffe durante a Segunda Guerra Mundial.
Foi ferido e capturado pelas tropas aliadas na Itália em 1944, sendo libertado somente três anos depois. No pós- guerra os irmãos Harald Quandt e Herbert Quandt herdaram as indústrias do pai e ainda tornaram-se um dos mais bem-sucedidos empresários da Alemanha Ocidental. O grupo Quandt chegou a ter de duzentas companhias, estendendo-se da indústria têxtil à farmacêutica. Também se incluíam grandes investimentos na indústria automobilística alemã (Daimler-Bens e BMW), segmento de mercado em que se destacou a fábrica de baterias automotivas.
[53] A referida música significa muito além de uma mera canção dos soldados alemães que narrava sobre a separação, despedida e incerteza de um dia retornar. A canção se transformou em mito integrante não apenas da cultura alemã, mas um sucesso da história da humanidade. Foi popularizada por Marlene Dietrich e foi o tema de uma exposição na Casa da História Alemã em Bonn. A letra, de Hans Leip, data de 1915. Em plena Primeira Guerra Mundial, o soldado de 21 anos rascunhou os versos num pedaço de papel, pouco antes de deixar sua caserna, em Berlim, para o front. O que o inspirou foi a despedida de um jovem soldado da namorada e de uma amiga, sob a luminária pública (Laterne). As garotas chamavam-se Betty, de apelido Lili, e Marleen. Mas foi a música, composta por Norbert Schultze, em 1938, e a interpretação de Lale Andersen, no ano seguinte, que transformaram a canção sentimentalista em propaganda de guerra. A interpretação da diva Marlene Dietrich celebrizou a composição, traduzida para mais de quarenta idiomas.
[54] Vera Lynn é cantora e hoje tem cento e um anos, muito famosa durante a segunda guerra mundial. As suas músicas mais conhecidas são We’ll Meet Again e The White Cliffs of Dover. A primeira música foi cantada na cena final do filme Dr. Estranhoamor (Dr. Strangelove) de Stanley Kubrick. Seu nome original era Dame Vera
Margaret Lynn foi cantora, compositora e atriz e, cujas gravações e performances foram muito populares. Permaneceu popular mesmo após a guerra, aparecendo no rádio e na televisão no Reino Unido e nos EUA e gravando sucessos como “Auf Wiederseh’n Sweetheart” e seu single número um no Reino Unido “My Son, My Son “.Seu último single, ” I Love This Land “, foi lançado para marcar o fim da Guerra das Malvinas . Em 2009, aos 92 anos, ela se tornou a artista viva mais velha a ocupar o topo da parada de álbuns do Reino Unido, com a coletânea “Vamos conhecer de novo: o melhor de Vera Lynn”. Ela lançou a coletânea de sucessos Vera Lynn 100 em 2017, para comemorar seu ano do centenário e, foi um sucesso número três, fazendo dela a primeira artista centenária a ter um álbum nas paradas.
[55] Iva Ikuko Toguri D’Aquino (1916-2006) foi norte-americana que participou das transmissões da transmissões da rádio Tóquio em inglês destinada aos soldados aliados no Pacífico Sul durante a Segunda Guerra Mundial durante a Segunda Guerra Mundial no programa The Zero Hour. Toguri chamou-se Orphan Ann, mas ela rapidamente se identificou com o nome Tokyo Rose, um nome que foi cunhado pelos soldados aliados e que antecedeu suas transmissões. Após a derrota japonesa, Toguri foi detida por um ano por militares dos EUA, antes de ser libertada por falta de provas. O Departamento de Justiça e autoridades concordaram que suas transmissões eram inócuas, mas quando Toguri tentou retornar aos EUA, um tumulto popular se levantou o que fez que Federal Bureau of Investigation (FBI) a renovar sua investigação sobre as atividades de guerra de Toguri. Foi posteriormente acusada pela Procuradoria dos EUA com oito acusações de traição. Seu julgamento de 1949 resultou numa condenação, pela qual passou mais de seis anos de uma sentença de dez anos na prisão. Jornalistas e os investigadores do governo norte-americano anos mais tarde, reuniram a história de irregularidades da acusação, julgamento e condenação de Toguri, incluindo-se as confissões de testemunhas-chave que perjuraram nas várias fases de seus depoimentos. Então, Toguri recebeu perdão em 1977 do então Presidente dos EUA, Gerald Ford.
[56] O julgamento de Toguri começou em 05 de julho de 1949, um dia após seu trigésimo-terceiro aniversário. E, em 29 de setembro de 1949, o júri a considerou culpada em uma contagem na acusação. O júri decidiu que, in litteris: (…)“em um dia de outubro de 1944, a data exata para o desconhecido Grand Jurors, disse o réu, em Tóquio, no Japão, em um estúdio de radiodifusão da Corporação de Radiodifusão do Japão, falou em um microfone sobre as perdas de navios”. Cumpre assinalar que a mulher que a maioria dos norte-americanos veio a conhecer e odiar como Tokyo Rose foi Iva Toguri, mas em verdade, cerca de uma dúzia de outras mulheres recebiam o mesmo apelido dos norte-americanos que ouviam suas transmissões de propaganda.
[57] Shoichi Yokoi (1915-1997) foi um soldado japonês que se tornou mundialmente famoso por ser encontrado escondido na Ilha de Guam e, ainda, em guerra com os EUA, mesmo vinte sete anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Foi alistado em 1941 e enviado para a ilha em 1944, no Oceano Pacífico, então ocupada pelos japoneses após o ataque a Peral Harbor, que deu início ao conflito naquela região. Quando os norte-americanos recuperaram a ilha em 1944, Yokoi embrenhou-se na selva para evitar a rendição às tropas inimigas. Somente em 24 de janeiro de 1972, o soldado foi descoberto nas matas de Talofofo por dois caçadores locais, Jesus Duenas e Manuel DeGracia, que verificavam as suas armadilhas para camarões ao longo de um pequeno rio da região. A princípio, pensaram que se tratasse de um habitante local, mas depois, viram que eram japonês, o subjugaram de surpresa e o prenderam, carregando-o para a fora da selva com algumas contusões. Os soldados japoneses extraviados haviam assassinado a sobrinha de DeGracia logo após o fim da Batalha de Guam e Duenas tece que convencer o seu companheiro a não matar o japonês. Evidentemente seu aparecimento tanto tempo depois do fim da Guerra transformou-o em celebridade e fácil alvo de reportagem por toda mídia mundial. Em 19921, com 75 anos de idade teve a honra de ser recebido em audiência pelo Imperador Akihito, ocasião para a qual chegou a preparar um discurso de arrependimento a ser lido para Sua Majestade. Yokoi morreu em 1997, aos 82 anos, de ataque cardíaco em Nagoia, sendo enterrado no cemitério da cidade, na tumba destinada à sua mãe, que fora enterrada em 1955, quando ele ainda era um solitário soldado escondido nas selvas de Guam.
[58] Kamikaze ou camicase. Kami significando deus e kaze significando vento. Comumente traduzido como vento divino. Era o nome dado aos pilotos de aviões japoneses carregados de explosivos cuja missão era realizar ataques suicidas contra os navios dos Aliados nos momentos finais da campanha do Pacífico na Segunda Guerra Mundial. O nome oficial dos kamikazes era Tokubtsu Kogejitai, ou seja, Unidade de Ataque Especial conhecidos também pela abreviatura Tokko. Foram cerca de 2.525 pilotos que morreram nesses ataques, causando a morte de 4.900 soldados aliados e deixando mais de quatro mil feridos. O número de navios afundados é controverso. A maior parte dos kamikazes eram estudantes recrutados nas universidades. O governo anunciava que a decisão de se tornar um suicida era voluntária. No entanto, não era isso que ocorria. Durante o treinamento, espancamentos brutais eram feitos frequentemente por qualquer motivo. No dia em que os soldados eram chamados para anunciar se queriam ser voluntários, ouviam um discurso patriótico e a importância de se sacrificar pelo imperador. Em seguida, os que se voluntariavam davam um passo à frente, pouquíssimos desafiavam a pressão das autoridades. Nesses jovens havia a consciência da qual suas mentes desde criança já aprendiam tal ideologia, bem como um sentimento de culpa enquanto seus compatriotas morriam. O historiador William Gordon (Universidade Wesleyan) afirma que membros do Exército e da Marinha “eram apontados como membros de esquadrões suicidas sem sequer ter a chance de se tornarem voluntários”.
[59] Os termos de rendição de Hiroito, em tradução livre: AOS NOSSOS BONS E LEAIS SÚDITOS: Após ponderar intensamente nas tendências gerais do mundo e as condições reais que obtemos em nosso Império hoje, Nós decidimos acertar um entendimento da atual situação ao adotar uma medida extraordinária.
Nós ordenamos que o Nosso Governo comunicasse para os Governos dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, China e União Soviética que Nosso Império aceita as provisões de sua Declaração Conjunta.
Lutar pela prosperidade comum e pela felicidade de todas as nações, assim como a segurança e bem-estar dos Nossos súditos, é a obrigação solene que foi dada por Nossos Ancestrais Imperiais e que está em Nossos corações.
De fato, Nós declaramos guerra a América e a Bretanha pelo Nosso desejo sincero da autopreservação do Japão e estabilização da Ásia Oriental, sendo longe do Nosso pensamento infringir a soberania de outras nações ou embarcar em engrandecimento territorial.
Mas agora a guerra durou quase quatro anos. Apesar do melhor que foi feito por todos – a luta galante das nossas forças militares e navais, a diligência e a assiduidade dos Nossos servos do Estado e o devoto serviço do Nosso povo de cem milhões – a situação da guerra se desenvolveu não necessariamente para a vantagem do Japão, enquanto a tendência geral do mundo se voltava contra seus interesses.
Mais ainda, o inimigo começou a usar uma nova e muito cruel bomba, com o poder de fazer dano, de fato, incalculável, ceifando várias vidas inocentes. Se Nós continuarmos a lutar, não apenas resultaria no colapso geral e obliteração da nação Japonesa, mas também levaria a total extinção da civilização humana.
Sendo este o caso, como é que Nós salvaremos os Nossos milhões de súditos ou como nós prestaríamos a Nós mesmos perante os Espíritos sagrados de Nossos Antepassados Imperiais? Esta é a razão pelo qual Nós ordenamos que fosse aceito as provisões da Declaração Conjunta das Potências.
Nós não podemos nada além de expressar nossos sentimentos de arrependimento as Nossas nações Aliadas na Ásia Oriental, que cooperaram consistentemente com o Império para a emancipação da Ásia Oriental.
O pensamento de que aqueles oficiais e homens, além de outros, que caíram nos campos de batalha, daqueles que morreram nos seus postos de dever, e aqueles que encontraram a morte definitiva e todas as suas famílias desoladas, traz dor ao Nosso coração noite e dia.
O bem-estar dos feridos e dos que sofreram na guerra, e aqueles que perderam suas casas ou seus meios de subsistência, são objetos de Nossa profunda solicitude.
As durezas e sofrimentos o qual o Nosso povo será sujeitado daqui em diante será grande. Estamos profundamente conscientes dos sentimentos mais íntimos de todos vocês, Nossos súditos. Contudo, está de acordo com os ditames do tempo e destino que Nós resolvemos abrir o caminho para uma paz grande para todas as gerações por vir ao suportar o insuportável e sofrer o insofrível.
Sendo capazes de resguardar e manter o Kokutai, Nós sempre estaremos com vocês, Nossos bons e leais súditos, contamos com a sua sinceridade e integridade.
Estejam cientes de que a mais estrita explosão de emoção que pode gerar complicações desnecessárias, ou qualquer disputa fraterna e luta que pode criar confusão desviam você e te causam a perder confiança no mundo.
Que a nação inteira continue como uma família, de geração em geração, sempre firmes na fé na imperiabilidade da terra sagrada e cientes do fardo pesado da responsabilidade e da longa estrada adiante.
Unam sua força total, para a devoção da construção do futuro. Cultive os caminhos da retidão, forge o espírito da nobreza e trabalhem com resolução – para que assim vocês possam melhorar a glória inata do Estado Imperial e manter o passo de progresso do mundo. (assinatura de Hirohito e o Selo Imperial)
15 de agosto de 1945 O manuscrito original do Rescrito Imperial do Término da Guerra, escrito verticalmente em colunas indo de cima para baixo e em ordem da direita para a esquerda, com o selo oficial do governo imperial e assinado pelo imperador Shōwa.
[60] Mesmo após a derrota do nazismo existia um árduo processo para se obter a reconstrução. Em 2 de maio de 1945 a guerra ainda não havia acabado oficialmente. A notícia que os brasileiros receberam se referia à rendição das forças alemãs na Itália e que foi assinada no dia 29 de abril de 1945. Mussolini havia sido fuzilado quatro dias antes por partisans italianos, em Guilinodi Mezzegra. Seu corpo e o da amante, Clara Petacci, foram levados a Milão e expostos ao público, pendurados com ganchos de açougue num posto de gasolina.
[61] O Japão ocupado por tropas americanas foi desmilitarizado na sequência da guerra. Embora tenha sido impedido de possuir forças ofensivas, parte das suas forças armadas foram mantidas sob o comando dos EUA, que as utilizara para manter o controle sobre a Coreia do Sul e Taiwan. Parte destas forças chegou a participar da Guerra da Coreia (1950-1953), sob o comando americano.
[62] Michinomiya Hiroito, chamado pelos súditos de Imperador Showa (que é nome correspondente ao período de seu reinado). Nasceu no Palácio Aoyama, em Tóquio. Era o primeiro filho do príncipe-herdeiro Yoshihito (futuro imperador Tasiho) e da princesa Sadaki (futura imperatriz Teimei). Depois dos estudos, em 1921, passou seis meses em turnê pela Europa, sendo o primeiro príncipe japonês a viajar para o exterior. Ao retornar, em 29 de novembro, encontrou o pai acometido por uma doença mental e teve que assumir o reinado como príncipe. Em 26 de janeiro de 1924, Hiroito se casou com uma prima distante, Nagako Kuni (futura imperatriz Kojun). O casal teve sete filhos, a saber, dois meninos e cinco meninas. Com a morte do pai, em 25 de dezembro de 1926, ele assumiu o trono como imperador e inaugurou uma nova era, a era Showa. De acordo com a Constituição Japonesa de 1889, o imperador era considerado uma divindade encarnada (arahitogami) e detinha, como tal, poderes absolutos. Tal condição é baseada em uma crença do xintoísmo segundo a qual os integrantes da Família Imperial Japonesa são descendentes do deus sol Amaterasu.
[63] Era um dos bordéis mais conhecidos e luxuosos de Paris, operando perto do Louvre, na rua Chabanais, de 1878 até 1946, quando os bordéis foram proibidos na França. Fora fundado pela irlandesa Madama Kelly, que estava intimamente familiarizada com vários membros do Jockey Clube de Paris. Entre os habituées estava Albert, Príncipe de Gales, mais tarde, Edward VII do Reino Unido, Toulouse-Lautrec, Cary Grant, Humphrey Bogart, Marlene Dietrich e Mae West e convidados diplomáticos do governo francês. O hall de entrada foi projetado como uma caverna de pedra nua; os quartos eram luxuosamente decorados, muitos em seu próprio estilo: mouro, hindu, japonês, pompéia e Luís XVI . A sala japonesa ganhou um prêmio de design na Feira Mundial de 1900 em Paris. Madame Kelly morreu em 1899. Em meados da década de 1920, foi ultrapassado pelo One-Two-Two como o melhor bordel de luxo de Paris. Durante a ocupação nazista da França, vinte melhores bordéis de Paris, tais como La Fleur blanche, La rue des Moulins e Chez Marguerite foram reservados pela Wehrmacht para os oficiais alemães e franceses colaboradores. Herman Göring visitou Le Chabanais, que relatou no livro de dois volumes, de 1940-1945, Années Erotiques, de 2009, de Patrick Buisson.
[64] A Linha Maginot foi uma linha de fortificações e de defesa construída pela França ao longo de suas fronteiras com a Alemanha e a Itália após a Primeira Guerra Mundial, mais exatamente entre 1930 a 1936. O termo “Ligne Maginot” designa por vezes o sistema inteiro e, às vezes, unicamente as defesas contra a Alemanha. As mesmas defesas contra a Itália são denominadas de Linha Alpina. O complexo de defesa possuía várias vias subterrâneas, obstáculos, baterias blindadas e escalonadas em profundidade, postos de observação com abóbodas blindadas e paiós de munições a grande profundidade. O primeiro a propor a construção de um sistema de defesa ao longo da fronteira alemã foi o Marechal Joffre em 1927. E, em princípio fora batizado com o nome do Ministro da Defesa francês chamado André Maginot (1977-1932) foi veterano de guerra e mutilado na guerra de 1914-1918, foi debatido na França durante quase dez anos pelo Conselho Superior de Guerra, sob a presidência do Marechal Pétain. Os planos definitivos foram aprovados somente em 1929 por Paul Painlevé então Ministro da Guerra. Infelizmente a Linha Maginot não evitou a derrota da França no início da Segunda Guerra Mundial, em 1940, na medida em que as divisões alemãs contornaram-na, vindo a atacar a região de Sedan, além de sua extremidade oeste. Os exércitos aliados foram, assim, cortados ao meio: uma parte das tropas francesas, britânicas e belgas foi cercada e empurrada até as praias de Dunquerque, para onde os britânicos enviaram centenas de embarcações para recuperar os soldados presos nessa armadilha, no que ficou conhecido como a Operação Dínamo. As tropas do leste e regimentos dispostos atrás da linha ficaram presos entre a fronteira alemã e as divisões mecanizadas alemãs, que haviam alcançado a fronteira com a Suíça. No início de junho as forças alemãs já haviam isolado a linha do resto da França, e o governo francês já dava sinais que aceitaria um armistício, que foi assinado em 22 de junho em Compiègne. Mas a linha ainda estava intacta e ocupada por um número considerável de oficiais desejando manter a posição e continuar a guerra; o avanço italiano foi contido com sucesso. Ainda assim, Maxime Weygand assinou a rendição e as tropas foram feitas prisioneiras.
[65] O nazismo não se manifestou como um movimento abertamente anticristão, nem Hitler era ateu, como eram os dirigentes marxistas da URR e, essa era a importante diferença entre o nazismo e o socialismo. Enquanto em Minha Luta, Hitler deplorava a perda da fé religiosa na Europa, particularmente na Alemanha, e considerava a religião como um importante sustentáculo da vida moral numa sociedade, o socialismo enquanto movimento herdeiro direto das Luzes, via as religiões como forças sociais a serviços das classes dominantes e legitimadoras da desigualdade e da opressão, o que levou as lideranças soviéticas a emplacarem um amplo programa de descriminalização e desfiliação religiosa, sobretudo através da educação. (In: SOUSA, Bertone de Oliveira. Nazismo, Socialismo e as políticas de direita e esquerda na Primeira Metade do século XX. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais – RBHCS, volume 7, nº 14, Dezembro de 2015. Disponível em: https://www.rbhcs.com/rbhcs/article/download/229/pdf Acesso em 14.03.2019).
[66] Charles André Joseph Marie de Gaulle (1890-1970) foi general, política e estadista francês que liderou as Forças Francesas Livres durante a Segunda Guerra Mundial. E, mais tarde, fundou a quinta república francesa em 1958, e foi seu primeiro presidente de 1959 a 1969. Rivalizou com o general Henri Giraud na liderança das forças militares e da Resistência francesa. E, Giraud contava com o apoio de Roosevelt e dos EUA. De Gaulle, por sua vez, era o preferido pelos setores de esquerda da Resistência que preferiam uma postura mais antiamericana, mesmo durante a guerra. Gradualmente obteve o controle de todas as colônias francesas e a maioria das quais haviam sido inicialmente controladas pelo regime pró-alemão de Vichy. À época da libertação da França, em 1944, De Gaulle dirigia um governo no exílio, a chamada França Livre, insistindo que a França deveria ser tratada como potência independente de outros aliados. Após a libertação, tornou-se o primeiro-ministro do Governo Provisório Francês, renunciando em 1946 devido aos conflitos políticos.
[67] Gueto do italiano ghetto significa um bairro ou região de uma cidade onde vivem os membros de uma etnia ou qualquer outro grupo minoritário, frequentemente devido às pressões ou circunstâncias econômicas ou sociais. Na Segunda Guerra Mundial eram regiões urbanas onde se isolavam e concentravam a população judaica local. Os alemães estabeleceram pelo menos mil guetos na Polônia e na URSS. O gueto de Varsóvia foi o mais famoso devido à resistência que ofereceu à dominação nazista. Existem diversas teorias de etimologia a respeito da origem da palavra gueto. Uma destas estabelece que o termo provenha do latim jacere (atirar, jogar) raiz da palavra como projeto, injetar, adjetivo, jato. Já outros estudiosos consideram que a palavra seja uma contração de borghetto, diminuitivo de borgo ou burgo. Durante o Holocausto nazista, os judeus eram arrebanhados nos guetos, em sua rota para o extermínio nos campos de concentração. Os alemães concentravam os judeus em regiões urbanas, o objetivo era isolar e separa-os das comunidades envolventes e de outros grupos judaicos. Em muitos lugares o isolamento dos guetos durou relativamente pouco tempo: alguns existiram por poucos dias, outros alguns meses ou anos. Com a implementação da “Solução Final”, ou seja, o plano de extermínio de todos os judeus da Europa, iniciado no final de 1941, o governo nazi foi sistematicamente destruindo os guetos. Havia três tipos de guetos: os guetos fechados, os guetos abertos, e os guetos de destruição.
[68] Em 19 de abril de 1943, os habitantes do gueto se insurgiram contra a decisão nazista de transportar a população judaica remanescente para o campo de extermínio de Treblinka. O levante foi duramente reprimido pelas forças da SS (Schutzstaffel), a criminosa tropa de elite nazista, e o gueto foi incendiado. Cerca de treze mil judeus morreram a metade queimada viva ou sufocada pela fumaça. (In: O livro Gueto de Varsóvia: educação clandestina e resistência integra a coleção Histórias da Repressão e da Resistência), produzida pelo Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER), coordenado pela professora Maria Luiza Tucci Carneiro no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).
[69] Hedwig Potthast, a secretária de Himmler em 1936, que se tornou também sua amante em 1939. Em 1941 abandonaria o trabalho. Himmler tratou de lhe arranjar uma casa, primeiramente em Mecklenburg e, mais tarde, em Berchtesgaden. Foi pai de duas crianças com Hedwig. Trabalhou como enfermeira na Cruz Vermelha Alemã durante a guerra. Himmler tinha grande proximidade com a sua filha Gudrun, a quem chamava de Püppi (boneca) e telefonava-lhe todos os dias, e constantemente lhe visitava.
[70] Aliás, a rotina nos prostíbulos se parecia mais com a de uma clínica médica. As mulheres acordavam por volta de sete e meia da manha, tomavam banho e se vestiam. Durante o dia, se ocupavam de cuidar da causa e deixar os quatros limpos. Mas, à noite, logo após os homens voltarem do trabalho, atendiam por duas horas, Passavam o dia inteiro apreensivas, esperando o momento em que teria de se prostituir. Para frequentar os bordéis em campo de concentração, era necessário pagar com cupons que os prisioneiros recebiam como gratificação eventual de seu trabalho. O cupom era uma espécie de moeda interna do campo de concentração. E, o direito de usar uma prostituta custava dois Reichmark (moeda da Alemanha entre 1928 a 1949), sendo que apenas um quarto disso ia para a prostituta. Era mais barato que um maço de cigarros que custava três Reichmark. Entretanto, não somente dinheiro era o suficiente. Quem quisesse visitar o bordel precisava solicitar uma autorização, através do preenchimento de um formulário que era analisado pelos comandantes da SS. Os aprovados eram chamados no fim do dia e se organizavam em duas filas esperando a sua vez. Antes de entrar, passavam por uma consulta médica e tomavam uma injeção com contraceptivo. Depois, iam para o quarto que estava disponível (não havia a possibilidade de escolha da prostituta). O “cliente” tinha quinze minutos e só era permitida a posição “papai e mamãe”. Deitar na cama com sapatos também era proibido. Os guardas da SS fiscalizavam as regras por meio de buracos na porta do quarto. Se não saísse no tempo determinado, um oficial tirava o prisioneiro à força do recinto. Antes de deixar o bordel, o trabalhador passava novamente por inspeção médica.
[71] A quem justifique o ódio pelos judeus de Hitler por conta do trauma sofrido aos dezoito anos, em 1907, quando Klara, sua mãe, morreu de câncer. O jovem Adolf, na ocasião teria culpado o médico da família, um judeu e, tentado anos mais tarde eliminar o que chamava de câncer do sionismo. Outros historiados, porém, atribuem o seu antissemitismo aos eventos ocorridos meses depois em Viena, quando Hitler foi rejeitado sumariamente pela Academia de Artes Gráficas. Quando foi um aspirante a pintor sem nenhuma instrução formal em arte, teria ficado revoltado contra os judeus que trabalhavam no setor artístico da cidade. Porém, a história mais aceita é a defendida pelo caçador de nazistas e criminosos de guerra Simon Wiesenthal, de que a demência de Hitler tivesse origem mesmo em uma suposta sífilis, contraída de uma prostituta judia durante seus anos na capital austríaca.
[72] Gregor Strasser (1892-1934) foi membro do Partido Nazista e franco rival de Adolf Hitler até que, em 1934 fora assassinado pela facção do Führer durante um episódio conhecido como a Noite das Facas Longas.
Em 1919, Strasser e seu irmão se juntaram ao grupo de direito política também conhecido como Freikorps, liderados por Franz Von Epp. O objetivo do grupo era suprimir o comunismo da Baviera. Quando Gregor estabeleceu e comandou o Sturmbataillon Niederbauern (Batalhão de Assalto da Baixa Baviera), tendo como ajudante um jovem chamado Heinrich Himmler. Em março de 1920, os Freikorps de Strasser estavam prontos para participar do fracassado Kapp-Putsch, enquanto que seu irmão Otto virou-se para a esquerda política e ajudou a suprimir aquele Golpe de Estado. A rivalidade ideológica e pessoal com Hitler piorou dramaticamente, quando o chanceler Kurt von Schleicher ofereceu a Strasser os cargos de Vice-Chanceler da Alemanha e Primeiro-Ministro da Prússia em 1932. Schleicher esperava criar discórdia no Partido Nazista com a ajuda de Strasser e puxar a ala esquerda (menos extremista) daquele partido para o seu lado “nacional conservador”, evitando uma completa tomada de poder da parte de Adolf Hitler – que ficou furioso com este episódio e exigiu que Strasser recusasse a oferta de Schleicher. As diferenças entre estes políticos nazistas tornaram-se insustentáveis, e Strasser finalmente abandonou o partido em dezembro de 1932. Hitler, por sua vez, aproveitou-se deste fato para afastar todos os oficiais nazistas fiéis à Strasser. Quando Hitler alcançou o poder em janeiro de 1933, seu partido começou a eliminar todas as formas de oposição aos nazistas na Alemanha. A “lista de alvos” incluía qualquer pessoa considerada perigosa para a sobrevivência do novo regime. Gregor Strasser foi assassinado por tropas das SS de Himmler durante o massacre que viria a ser conhecido como a “noite das facas longas”.
[73] John Toland associou erroneamente à Adolf Hitler uma citação que na verdade foi de autoria de Gregor Strasser, em seu ensaio de 1926 chamado “Pensamentos acerca das tarefas futuras” (Thoughts about the Tasks of the Future). A citação em questão é a seguinte: “Nós somos socialistas, nós somos inimigos do atual sistema econômico capitalista para a exploração dos economicamente fracos, com seus salários injustos, com sua indecorosa avaliação do ser humano de acordo com a riqueza e a propriedade em vez de sua responsabilidade e desempenho, e nós estamos todos determinados a destruir esse sistema sob todas as condições.” Gregor Strasser, 15 de Junho de 1926. O movimento strasserista inspirou o Svoboda no Euromaidan de 2014.
[74] Hindenburg ameaçou inclusive colocar a Alemanha sob a lei marcial caso Röhm não fosse retirado do poder da SA. A Lei marcial traduz-se geralmente por ser a suspensão de todas as liberdades fundamentais do cidadão, como o ato de se deslocar, de se reunir, de manifestar sua opinião e não ser aprisionado sem o devido fundamento jurídico. A lei marcial entre em vigor somente em situações excepcionais, como na preparação da instituição de regime totalitário, ou ainda, em reação a uma catástrofe natural.
[75] A metáfora famosa de Hegel que anota que “a coruja de Minerva só voa quando o crepúsculo chega”. Quis dizer que só se pode compreender o tempo presente depois que este já tiver se esgotado. A experiência do Terceiro Reich ensinou que o direito pode ser tanto um instrumento de opressão quanto de libertação. Espera-se com isso que a humanidade tenha aprendido essa dura lição e que esta jamais se repita, para que algum dia, num futuro não muito distante, se possa sonhar em viver não apenas num Estado Democrático de Direito, mas também em um autêntico Estado De Direito Democrático. (In: CAIXETA, Francisco Carlos Távora de Albuquerque. O Direito nazista. Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/26200-26202-1-PB.pdf Acesso em 16.03.2019).
[76] Brunhilde Pompsel era secretária de um advogado judeu e tinha sido sondada para trabalhar com um dignatário nazista. E, assim foi ser a secretária de Goebbels, afirmou que fez por dinheiro. Esteve com ele de 1942 a 1945 integrando o petit comitê no bunker, no qual o alto comando nazista se instalou com a iminência da chegada do Exército Vermelho em Berlim.
[77] Putsch da Cervejaria ou de Munique foi uma tentativa falha de um Golpe de Estado de Hitler e do Partido Nazi contra o governo da região alemã da Baviera, ocorrido em 9 de novembro de 1923. A finalidade de Hitler era tomar o poder do governo bávaro. A ação foi controlada pela polícia bávara, sendo que Hitler e vários correligionários, dentre estes, Rudolf Hesse, foram presos. A expressão Putsch (que significa golpe em alemão) da Cervejaria originou-se de que Hitler teria exortado seus partidários à ação quando estava na cervejaria Burgebräukeller, uma das mais famosas e frequentadas de Munique. Tendo reunido um grupo de seguidores, Hitler sinalizou o início da revolução com um tiro no teto. Nessa ocasião, dezesseis nazistas foram mortos. E, a propaganda nazista transformou tais mortos em heróis da causa nacional-socialista. Hitler, na ocasião, utilizou Erich Ludendorff, em 1923, como testa de ferro, numa tentativa de tomada de poder em Munique, a capital da Baviera, que gozava na época, de prestígio no Império Alemão, e também de certa autonomia política. Seu objetivo era imitar a famosa Marcha sobre Roma de Benito Mussolini, com uma Marcha sobre Berlim, mas o golpe falou, tornou-se conhecido apenas como o Putsch da Cervejaria. Hitler fugiu para a casa de Ernst Hanfstaengl e pensou seriamente em suicidar-se. Foi, então, preso por alta traição e, temendo que alguns membros esquerdistas do partido pudessem tentar apoderar-se da liderança do partido durante a sua prisão, Hitler rapidamente nomeou Alfred Rosenberg e, depois, Gregor Strasser como líderes temporários do partido. Ao contrário do que podia prever, encontrou-se, durante a sua prisão, num ambiente receptivo às suas ideias. Durante o julgamento, em abril de 1924, os magistrados responsáveis pelo caso conseguiram que Hitler transformasse esta derrota provisória numa proeza de propaganda. Foi-lhe concedida à possibilidade de se defender quase sem qualquer restrição de tempo, perante o tribunal e um vasto público que rapidamente se exaltou perante o seu discurso, baseado num forte sentimento nacionalista. Foi condenado a cinco anos de prisão na prisão de Landsberg, pelo crime de conspiração com intuito de traição. Na prisão, além de tratamento preferencial, teve a oportunidade de verificar a sua popularidade pelas cartas que recebia de diversos apoiadores.
[78] A patente de Reichsmarschall foi criada originalmente na Alemanha antes do século XII, após o domínio do Império Romano na região. Historicamente, este título nunca teve a importância que viria a ter no regime nazista. Durante o Império dos Kaisers e na Primeira Guerra Mundial, nenhum oficial militar alemão ostentou este título. Em 1940, no começo da Segunda Guerra Mundial, Hermann Goering, o comandante da Luftwaffe alemã e segundo homem da hierarquia do poder nazista, recebeu esta patente outorgada pelo Führer Adolf Hitler. Ele a recebeu para que ficasse bem estabelecida a sua posição sobre todos os demais oficiais alemães da Wehrmacht, o conjunto das forças armadas. Hitler tinha escolhido Göring como seu sucessor e a promoção deixava clara a linha de sucessão a ser seguida pelos militares e políticos, em caso de morte do Führer. Ironicamente, após o suicídio de Hitler nos últimos dias de guerra, quando Göring já havia sido acusado de traição por ele, preso e condenado à morte – que não se concretizou – o sucessor de Hitler foi o Grão Almirante Karl Dönitz, Comandante da Marinha de Guerra Alemã.
[79] As dúvidas quanto à sexualidade de Hitler orbitavam em face do caso de monorquidia, pois só possui um único testículo. Aliás, o relatório da autópsia do corpo carbonizado de Hitler realizada por soviéticos, havia apenas um desses órgãos entre os restos mortais encontrados. Alguns historiadores atribuíram a esse dado anatômico a sua hiperatividade, inadequação social, tendências a exagerar, mentir e fantasiar. Houve até quem fizesse uma conexão com outro mistério, a sua relação com a sobrinha Geli Raubal, filha de uma meia-irmã de Hitler, o ditador teve cinco irmãos e dois meios-irmãos. Ela morava no apartamento de Hitler em Munique, e foi encontrada morta em 1931, enquanto o líder nazista estava viajando. A versão oficial é que Geli se suicidou, mas a causa da morte ainda é objeto de dúvidas. Há quem afirme que foi Hitler que a matou porque ela pretendia fugir com um amante judeu. Outros entendem que a dita deformação sexual o tinha afetado de tamanha forma que seria mesmo incapaz de ter relações sexuais normais, e que forçava a sobrinha a uma série de perversões (envolvendo inclusive fezes e práticas masoquistas) o que culminou no suicídio da referida moça. Enfim, a questão principal do antissemitismo é histórica, e a fixação de Hitler só galgou relevância, pois obteve carreira política.
[80] Emmanuel Levinas (1905-1995) foi filósofo francês nascido em família judaica na Lituânia. Muito influenciado pela fenomenologia de Husserl, de quem foi tradutor, assim como pelas obras de Heidegger, Franz Rosenzweig e Monsieur Chouchani, o pensamento de Levinas parte da ideia de que a Ética e, não a Ontologia, é a Filosofia primeira. É no face-a-face humano que se irrompe todo sentido. Diante do rosto do outro, o sujeito se descobre responsável e lhe vem à ideia o infinito.
[81] Já o termo “mulheres de conforto” se tornou popular para se referir àquelas vítimas, e não foi apenas em Nanquim (ou mesmo na China) que os soldados japoneses cometeram esses estupros. Além das chinesas, mulheres de outros territórios que também foram ocupados pelo exército imperial (como Coreia, Filipinas, Tailândia e Indonésia) também foram estupradas ou obrigadas a se prostituírem. Até mesmo muitas ocidentais foram vítimas dos soldados. Em geral, a crueldade dos japoneses foi tão grande que chegou a gerar comparações com os alemães nazistas. Sabe-se que até gestantes foram estupradas e assassinadas: o feto era arrancado em algumas ocasiões, e em outras, os filhos foram obrigados a abusarem das próprias mães. Os chineses eram queimados e jogados no rio que banhava a cidade, chegando a congestionar o tráfego fluvial quando havia corpos demais para descartar. Há ainda registros de uso de armas biológicas e práticas de canibalismo e vivissecção sem anestesia. Milhares das vítimas dessas atrocidades foram civis e não combatentes, caracterizando o ato dos japoneses como uma violação dos direitos internacionais de guerra acordados pela Convenção de Haia.
[82] Ursula Von Kardorff (1911-1988) foi jornalista e publicitária alemã. Entre seus primeiros diários publicados em 1962 sob o título “Berlim Records 1942 to 1945” narrou a memorável e colorida vida entre a adaptação e resistência entre festas e vida no abrigo antiaéreo. Tais diários são considerados uma fonte valiosa de informações originais sobre a vida em Berlim durante a Segunda Guerra Mundial. Naturalmente, esses não são registros autênticos dos tempos de guerra; o trabalho só foi mesmo escrito em 1947, com base em diários reais, memórias pessoais e em conversas com amigos, e, ainda, em cartas particulares e notas curtas do calendário.
[83] Novamente as mulheres não tiveram sorte e, apesar de Edith, Margot e Anne ficarem juntas em Auschwitz, Auguste fora encaminhada para uma parte diferente do campo e, depois, transportada ao campo de Theresienstadt, em 1945, onde morreu assassinada. Em novembro de 1944, as duas filhas de Frank foram enviadas ao campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha. Edith ficou sozinha, adoeceu e morreu logo no início de janeiro de 1945. Já Margot e Anne chegaram ao novo destino e trabalharam juntas, mas as condições eram ainda piores do que as existentes em Auschwitz. O frio era insuportável e não havia alimento e nem aquecimento e o tifo, uma doença bacteriana, já tinha se tornado uma epidemia entre as prisioneiras. Margot e Anne ficaram doentes e morreram apenas uma semana antes do campo ser libertado pelos aliados.
[84] Otto Heinrich Frank (1889=1980) foi empresário alemão, sendo mais conhecido por ser o pai de Anne Frank e Margot Frank, escondendo-se com elas e sua esposa Edith Frank e outros judeus no Anexo Secreto. Quando foram capturados, foi transportado para Auschwitz, resultando como o único sobrevivente do grupo, publicando o livro feito por sua filha, o Diário de Anne Frank, e ainda fundando o museu Casa de Anne Frank.
Quando faleceu em 1980, Otto Frank deixou os manuscritos da filha para o Instituto Estatal Neerlandês para a Documentação de Guerra, em Amsterdã. Como a autenticidade do diário fora questionada desde a sua primeira publicação, principalmente pelo revisionista francês Robert Faurisson, o Instituto para Documentação de Guerra ordenou uma investigação total. Assim, foram publicados os resultados de um exaustivo estudo, artigos sobre o passado da família Frank, as circunstâncias relativas à prisão e deportação de Anne Frank e seu exame de caligrafia, do documento e dos materiais usados. As alegações segundo as quais diversas páginas do diário teriam sido escritas, após a guerra ou não por outras pessoas foram refutadas completamente e definitivamente.
[85] Nascido em 23 de abril de 1942 é historiador sueco. Veio para a Suécia em 1949 e era cético em relação à história do Holocausto. Em 1977, ele começou a publicar traduções de livros revisionistas. Sob o pseudônimo, contestou a autenticidade do diário de Anne Frank e visitou muitos campos de concentração e também escreveu a saída de Auschwitz. Conheceu Ernst Zündel em 1979 e tornou-se membro do conselho editorial do Institute of Historical Review. Em 1994 foi novamente acusado de ódio contra o grupo de pessoas. Pois enviara material pornográfico antissemita para centenas de indivíduos e organizações particulares na Suécia e no exterior. A negação do Holocausto é expressão usada para denotar as várias tentativas de rejeitar a existência de genocídio de judeus e outros povos durante a Segunda Guerra Mundial. A principal reivindicação é que o governo nacional-socialista não seguiu nenhuma política com a intenção de dar uma solução final do problema judaico ou em absoluto tinha a intenção de exterminar os judeus, que as autoridades nacional-socialistas não usavam campos de concentração e câmara de gás para exterminar judeus em massa ou que o número real de judeus mortos e outras vítimas era significativamente menor do que o número historicamente aceito (de cinco a seis milhões). A maioria dos negadores do Holocausto argumenta ou sugere que todo o Holocausto é uma farsa ou mentira que emana de uma conspiração consciente, por exemplo, para promover os interesses dos judeus à custa de outras pessoas. Outra alegação que é frequente é que os judeus em campos de concentração não foram assassinados, mas morreram de doenças. Por esta razão, a negação do holocausto é geralmente considerada uma teoria da conspiração antissemita e como uma pseudohistória.
[86] Peter van Pels (1926-1945) foi adolescente alemão de origem judaica, vítima do Holocausto, Foi um dos oito judeus refugiados no Anexo Secreto, onde desenvolveu um relacionamento próximo com Anne Frank. Conhecido igualmente pelo pseudônimo de Peter van Daan no Diário de Anne Frank, ele e o grupo foram traídos e transportados para os campos de concentração. Quando o Exército Vermelho começou a se aproximar do campo de Auschwitz, ele foi obrigado a participar da Marcha da Morte. A Marcha da Morte foi fato histórico ocorrido na Alemanha ao final da Segunda Guerra Mundial, com o deslocamento de milhões de judeus entre vários campos de concentração nazistas.
[87] É formado pela Universidade São Marcos e especialista em sexualidade humana e em violência doméstica e abuso sexual infantil pelo Instituto Sedes Sapientiae. Psicólogo clínico desde 1983; Atende adolescentes e adultos e oferece terapia a casais homo e heterossexuais. Também desenvolve grupos de estudos e de pais. Foi consultor do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação no projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE). Atuou no projeto Tecer a Vida, do Unicef, onde deu supervisão a profissionais da instituição e da rede pública que atendiam adolescentes e adultos soropositivos (primeira geração), visando à reintegração familiar. É cofundador da “Atos”, oscip que atua na diminuição da vulnerabilidade social É autor dos livros Diferentes desejos: adolescentes homo, bi e heterossexuais; Sexo secreto – temas polêmicos da sexualidade e Uma outra verdade – perguntas e respostas para pais e educadores sobre homossexualidade na adolescência, todos das Edições GLS.
[88] Apesar de se tratar de um trabalho acadêmico, o professor Moreira Rodrigues, da UFMT, afirma que não há qualquer evidência de que Hitler tenha sobrevivido à invasão soviética a Berlim e deixado o território alemão após a derrota dos nazistas. Ele também apontou falta de rigor científico e não enxergou os devidos critérios de apuração historiográfica na apuração de Simoni. “Não é novidade o fato de que muitos que se dizem historiadores venham a levantar hipóteses as mais diversas sobre as possíveis estadias de Hitler na América do Sul e a sua consequente morte num dos países desta região do mundo”, lembra o historiador, referindo-se a outras suposições já divulgadas sobre passagens de Hitler no Cone Sul.
[89] A tese de Hitler no Brasil é desacreditada por historiadores. A própria Simoni justifica que encontrar evidências físicas é difícil. Ela investigou o suposto túmulo do ditador em Mato Grosso, mas não encontrou material para fazer exames de DNA.
[90] Sem dúvida, a primeira vítima da guerra é mesmo a verdade, é o que afirma um antigo ditado jornalístico. Apesar de que fosse mais escorreito afirmar que a verdade tem sido uma vítima recorrente em qualquer sociedade organizada, porque a mentira política se tornou uma arte já tão antiga como a própria civilização humana. Apesar de ser a verdade um conceito fugidio dentro da metafísica e extremamente mutante nas ciências, sempre uma nova descoberta pode anular tudo que se considerava como certo. Mas, na rotina diária, o assunto é diferente, pois existem fatos que aconteceram, outros que não e, ainda os que foram inventados.
Marc Bloch em sua obra Reflexões de um historiador sobre notícias falsas da guerra é uma obra pequena e muito influente e originalmente publicada em 1921. O referido historiador fora assassinado pelos nazistas em 1944, prosseguiu sendo um dos mais influentes no século XX.
[91] A Revista alemã Stern em 1983 expôs seu maior fake news, os diários falsos de Hitler, dando um mau exemplo de trabalho jornalístico. Sete destes foram expostos pela primeira vez na sede da editora. A exposição reuniu sete dos 62 diários produzidos pelo falsário Konrad Kujau e adquiridos pela revista por 9,3 milhões de marcos alemães, além de objetos relacionados, como o ferro de passar roupa que Kujau usou para “envelhecer” o papel. A Revista confessou: “Estamos expondo a nossa maior ferida”, afirmou o diretor de redação da Stern, Christian Krug, às cerca de mil pessoas que foram à sede da editora Gruner Jahr, em Hamburgo, no chamado “Dia das Portas Abertas”, data em que instituições alemãs abrem suas portas ao público e apresentam o seu trabalho.