A pandemia pelo Covid-19 trouxe grande insegurança entre os diversos ramos profissionais, e não foi diferente com o meio jurídico. Desta forma, assim como os profissionais de diversos seguimentos, os advogados tiveram que se reinventar nesta nova realidade.

Com o advento da pandemia, o “mundo digital”, que já era forte, se tornou ainda mais presente no dia a dia de todo o mundo. Assim a tecnologia se firmou como facilitadora para a continuidade das atividades profissionais em meio à pandemia e se converteu em uma nova forma de trabalho para muitas pessoas.

Não diferente desta nova realidade, o sistema judiciário também se converteu à tecnologia e, o que caminhava a passos largos, se tornou uma realidade imediata, com o aceleramento na  implementação do PJe (Processo Judicial eletrônico) em algumas Comarcas e a novidade no implemento das audiência virtuais.

Mas até que ponto essa “melhorias” estão de fato contribuindo? Os anseios estão sendo realmente atendidos?

Bom, para opinar a respeito primeiro precisamos comparar os prós e os contras para ao final chegarmos a um resultado que pode ou não ser satisfatório.

É fato notório e incontestável que o PJe facilita a vida dos advogados e a possibilidade de não precisar sair do escritório para participar de audiência faz com que possam ganhar tempo. Todavia, apesar das facilidades conquistadas com a tecnologia, podendo peticionar virtualmente em qualquer Vara de qualquer estado, sem sair do lugar, os advogados, que são indispensáveis à administração da justiça, se viram “órfãos” quanto a possibilidade de “despachar” presencialmente com os Juízes e outros membros do Órgão Judiciário.

Sabemos que a lei e seus ditames são regidas por normas jurídicas que devem ser respeitadas, mas também é sabido que a aplicabilidade dessas normas ao caso concreto e à realidade fática deve ser observada, principalmente em respeito ao Princípio da Isonomia, a fim de garantir uma justa aplicação da lei.

Assim, não estamos lidando apenas com a lei “nua e crua” mas pessoas e com as particularidades de cada caso, motivo que nos leva a refletir sobre a necessidade de poder despachar pessoalmente, uma vez que na letra fria do papel não há como como retratar sentimentos que tornam cada causa singular.

A lição que tiramos de toda a tecnologia atrelada ao sistema judiciário é a mesma que tiramos para tudo na vida: há que se ter equilíbrio na utilização da tecnologia no meio jurídico e na atividade presencial a fim de se alcançar a harmonia desejada. Afinal, tudo que é consumido com exagero só trás prejuízos.