Guerra Fria

 De fato, o ano de 1945 foi marcado pela estranheza[1]. Afinal em poucos meses findou-se a Segunda Guerra Mundial que durou seis longos anos e, por sua vez, começara outra guerra que vai durar quarenta e quatro anos.

 

Nesse período, houve datas fatídicas, a saber: 6 e 9 de agosto de 1945 quando a aviação norte-americana pela primeira vez destruiu utilizando bomba atômica, as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

 

Em breves instantes, as potentes bombas exterminaram a vida de cento e vinte mil pessoas e deixaram feridas um número ainda maior. O resultado se estendeu pois provocaram irreparáveis danos ao meio ambiente, enfim, produziu-se um insofismável trauma mundial.

E a partir daí a humanidade viverá sob a perspectiva do apocalipse nuclear. Questionou-se o quão indispensável era para os Aliados vencerem as potências do Eixo.

Em verdade, no início do mês de agosto de 1945, os alemães já haviam se rendido e, certamente, os japoneses iriam fazer o mesmo. A rendição do Japão significou o término do conflito mundial. Em agosto de 1945, a Marinha Japonesa já se encontrava sem recursos e a invasão aliada no país (Operação Downfall) era iminente.

 

Apesar de dizerem para o povo que deveria lutar até o fim, os líderes do Conselho de Guerra do Japão tentaram estabelecer negociações bilaterais para haver uma rendição com a União Soviética, tentando fazer com que o Governo de Stalin fosse responsável por mediar a paz com os demais aliados. No então, os soviéticos romperam com o Pacto de Neutralidade Niposoviético[2] em 5 de abril do mesmo ano.

 

E, em seguida, em julho cortaram relações diplomáticas com o Japão e continuaram a preparação para invadir o Japão no prazo conforme constava nos planos conjuntos com Churchill e Roosevelt na Conferência de Ialta.

 

O interessante é que somente em 08 de agosto que a União Soviética declarou a Guerra ao Japão e, iniciou a invasão da Manchúria, chamada de Manchukuo pelos japoneses, derrotando de forma célere o Exército imperial japonês que ocupava, na ocasião, a Manchúria e a Coreia.

 

Bastariam poucas semanas para extinguir suas derradeiras veleidades de resistência. Mas, depois de maio de 1945 tudo mudou profundamente. Pois os EUA ao saber do suicídio de Hitler, acreditaram os EUA que teria acabado com o nazismo.

 

Assim, por mero erro de análise, devido ao forte afã de esquecer de sua parte de culpa na Shoah[3], a maioria dos ocidentais decidiu naquele momento minimizar a relevância da ideologia nacional-socialista.

 

Assim, ao invés de conhecê-la como era realmente a ideologia, a expressão política exacerbada pela organização burocrática ou técnica do Estado moderno, de sua obsessão por uma pureza racial (antissemitismo), cujas raízes estão arraigadas na cultura ocidental, preferiram enxergar nesta, apenas o produto de uma patologia excepcional (a da pessoa de Hitler) ou mesmo de uma história local (a da Alemanha) dos anos 20.

 

Primeiramente cumpre diferenciar antissemitismo de antijudaísmo. O antijudaísmo é o ódio aos judeus como nação. Entre aqueles que professam o antijudaísmo acabam sendo antissemitas, uma vez que partem do pressuposto de que a religião judaica contaminou a nação que segue seus preceitos.

 

Por sua vez, o antissemitismo desemboca no antijudaísmo, ao sustentar-se na premissa de que só uma nação racialmente inferior pôde ter criado uma religião tida como a religião do mal.

 

Desde a Antiguidade, as seitas esotéricas conceberam a religião judaica como religião do demônio e enxergavam os judeus como os agentes na propagação dessa religião do pecado. Essa cosmovisão fora resultante de uma crença dualista, ou seja, em dois poderes criadores do universo: o Bem e o Mal, identificando os judeus com o demônio.

 

Todavia, o momento histórico no qual se entrelaçam pela primeira vez e de forma radical antijudaísmo e antissemitismo é na consolidação da visão paulina.

 

Para o apóstolo Paulo, a revelação da Torá é uma revelação temporária e aqueles que continuam no caminho da Torá após a chegada de Cristo são traidores. Segundo esse raciocínio, os judeus, ao rejeitarem Cristo como Messias e ao assassiná-lo, transformaram-se em agente do mal, no povo deicida.

 

Na Idade Média, tal ideia fora desenvolvida e concretizada pela Igreja Católica. Cumpre destacar os cânones adotados no Quarto[4] Concílio de Latrão[5] (1215) que confirmavam a condenação dos judeus à servidão perpétua, proibiam sua integração na sociedade com a finalidade de impedir a contaminação dos cristãos, obrigavam o uso de signos de diferenciação nas vestes, impediam o acesso dos judeus aos cargos administrativos e os excluíam completamente da agricultura e das corporações.

 

E, tais medidas enraizaram na população um ódio milenar baseado numa ideologia demonizadora que culpou os judeus e o judaísmo pela morte de Cristo.

 

O termo “antissemitismo” fora criado no século XIX, quando as teorias religiosas que acusavam os judeus de deicídio ficaram caducas.

 

Desta forma, a partir de maio de 1945, o nazismo cuja a sobrevivência após suicídio de Hitler, não era admitida deixou de ser bruscamente o inimigo número um do então chamado “mundo livre”. Substitui-se o inimigo principal por um novo, a saber: o comunismo oriental, encarnado e travestido pela URSS e, posteriormente, pelas forças revolucionárias que se abateram sobre a China, Coreia e Vietnã.

 

E, nesse momento, a partir de uma leitura tergiversada das teorias ligadas ao darwinismo social[6], o motivo para perseguir os judeus começou a ancorar-se em pressupostos biológicos.

 

Assim, para Hitler, existiam três raças: as fundadoras ou superiores, representadas pelos povos germânicos, as depositárias, representadas pelos povos eslavos e as destruidoras ou inferiores, que tinham nos judeus o principal exemplo paradigmático.

 

E, então, obcecado com o ideal de pureza racial, Hitler compreendeu a História como uma permanente luta entre as diferentes raças, na qual a raça superior devia utilizar todos os meios necessários para manter sua pureza.

 

A essa visão histórica foi somada ao mito da conspiração judaica mundial, muito difundido em toda a Europa que, entre outras falácias, divulgou a ideia do poder econômico do povo judeu e do seu monopólio dos meios de comunicação. Os judeus foram transformados em bode expiatório e os culpados de todos os males pelos quais atravessava a Alemanha, fazendo com que sua eliminação se tornasse um imperativo de Estado.

 

A morte de Adolf Hitler ocorrera em 30 de abril de 1945, aceita-se normalmente que foi suicídio por arma de fogo mas há também que aponte que fora por envenenamento por cianeto de potássio[7]. O cianeto foi fartamente utilizado na guerra e quando ingerido para cometer suicídio, provocava ardência na boca, rigidez do maxilar inferior, constrição da garganta, salivação, náuseas e vômitos.

 

Enfim, o duplo método de suicídio bem como outras circunstâncias que rodearam o vento incentivaram os rumores que o Füher teria sobrevivido ao fim da guerra, tendo fugido para algum país da América do Sul, onde teria morrido de alguma doença incurável, tendo sido apenas uma sósia sacrificada em seu bunker em Berlim. O mesmo se cogitou ter havido com Eva Braun, sua noiva, com quem, aliás, pouco antes do suicídio teria casado.

 

Outro busilis que é intrigante é que nunca foram encontrados seus restos mortais, incentivando-se maiores especulações.   Há outra corrente que acredita que a morte de Hitler e sua amante ocorrera com a destruição de seu bunker em Berlim, após potente ataque aéreo dos aliados já no final da guerra.

 

Acredita-se ainda que após ataque aéreo, os corpos de Eva e de Goebbels[8], sua esposa e filhos foram igualmente encontrados, mas em melhores condições que o corpo de Hitler, pois tinha grandes queimaduras além de marcas das ferragens, assim fora totalmente carbonizado, sendo apenas reconhecido por sua vestimenta e seu famoso bigode.

 

Há fontes que, no entanto, afirmam que Hitler teria fugido para Argentina e finalmente falecido no Paraguai, em 5 de fevereiro de 1971. Tal versão recebe reforço por conta de documentos datados de 1955, da divisão da CIA na América do Sul, onde um informante se gabava de um encontro pessoal com Hitler na Colômbia, inclusive anexando uma fotografia sua com o Füher.

 

Com a abertura em 1992 dos arquivos e registros secretos mantidos pela KGB, o serviço secreto da URSS, confirmaram-se a versão mais aceita da morte de Hitler, conforme descrito por Trevor-Roper, em sua obra “The Last Days of Hitler” publicado em 1947. Porém, os arquivos soviéticos nada explicam sobre o que teria ocorrido com o cadáver de Hitler.

 

Recentemente em 2015, documentários do Canal História sugeriu, com base em documentos do FBI, que Hitler em verdade poderia ter escapado por túneis secretos localizados no subterrâneo de Berlim, exilando-se, mais tarde na Argentina, numa residência secreta dentro da selva argentina, até o fim de seus dias.

 

O darwinismo social é a teoria da evolução da sociedade e, recebe tal norma pois se baseia na teoria desenvolvida por Charles Darwin (1808-1882) no século XIX. Acredita na premissa da existência de sociedades superiores às outras. E, nessa condição, as que se sobressaem física e intelectualmente devem e acabam por se tornar as governantes.

 

E, por outro lado, as outras, menos aptas, e provavelmente inferiores, deixariam de existir porque não seriam capazes de acompanhar a linha evolutiva da sociedade. De sorte, que tais povos inferiores logo entrariam em extinção acompanhando o princípio de seleção natural da teoria da evolução.

 

Em razão dessa teoria é que se considera a sociedade em raça inferior e raça superior. E a chamada superioridade racial lastreada em ideais nacionalistas e consiste em um pensamento preconceituoso e racista.

 

Além das situações europeias citadas acima, destacamos como exemplo da teoria de Herbert Spencer[9] o nazismo e o fascismo. A Alemanha, o movimento nazista tinha como dogma a superioridade da raça ariana e resultou no extermínio de milhares de pessoas, especialmente judeus, no conhecido holocausto.

 

Diante do progresso e avanço das tropas soviéticas no oeste europeu devido a ascensão maoísta[10], a administração norte-americana passou a reagir depressa. E veio a pôr fim aos combates então existentes, no Oceano Pacífico e, assim, também deixar um recado para os soviéticos.

 

Desta forma, a bomba de Hiroshima[11] representou, simultaneamente, o último ato da segunda guerra mundial contra o Eixo e, também o primeiro ato de um novo conflito que fora chamada de “guerra fria”.

A guerra fria que atingirá o mundo inteiro e que acabará repentinamente com a queda do Muro de Berlim[12], que era símbolo doloroso da divisão imposta à Alemanha, da Europa e do resto do mundo. Fendido em dois polos opostos, a saber: o capitalista e o comunista.

NOTAS

[1] Entre os eventos marcantes do mesmo ano temos: 12 de abril o então Presidente dos EUA Franklin Delano Roosevelt morre em decorrência de uma hemorragia cerebral, seu vice-presidente Harry Truman assumiu o seu cargo; 6 e 9 de agosto quando houve os bombardeamentos das cidades japoneses de Hiroshima e Nagasaki; 17 de agosto quando foi declara a independência da Indonésia, porém, só fora reconhecida em 27 de dezembro de 1949; 2 de setembro quando é declarada oficialmente terminada Segunda Guerra Mundial, com a vitória Aliada e, finalmente, 29 de outubro quando Getúlio Vargas é deposto da presidência da República do Brasil, extingue-se o Estado Novo.

[2] Era um pacto de não agressão entre o Japão e a União Soviética assinado em 13 de abril de 1941, dois anos após a breve Guerra de fronteira (1939). Os signatários do pacto foram o Ministro dos Negócios Estrangeiros Matsuoka Yosuke, do Japão e, o também Ministro Viatcheslav Molotov. Em 5 de abril de 1945, a União Soviética, informou ao Governo do Japão a anulação do tratado.

Pouco mais de quatro meses depois, a URSS declarou guerra ao Império do Japão, com a realização da “Operação Tempestade de Agosto”, cumprindo sua promessa de entrar na Guerra do Pacífico, três meses após o fim da Guerra na Europa, quebrando pacto no processo.  Parte do corpo de embaixadores que fizeram parte deste tratado e do Pacto Molotov-Ribbentrop durante a Guerra Fria desertarão e passaram a apoiar a CIA.

[3] Shoah ou holocausto foi um documentário francês sobre o Holocausto dirigido por Lanzmann. Contendo mais de nove horas de duração e traduzindo onze anos de experiência, o filme apresenta entrevistas do diretor com sobreviventes, testemunhas e perpetradores de torturas durante as visitas aos locais do Holocausto na Polônia, incluindo-se os campos de extermínio. Simone de Beauvoir saudou como uma obra-prima pura, enquanto que o documentarista Marcel Ophülus a chamou de o maior documentário sobre a história contemporânea de todos os tempos. O filme não foi bem recebido na Polônia, pois o governo local argumentou que o filme acusou o país de ter cumplicidade no genocídio nazista.

[4] Concílio de Latrão pode designar um dos cinco concílios ecumênicos do cristianismo realizados na Arquibasília de São João de Latrão em Roma. O primeiro Concílio de Latrão em 1123, foi o novo concílio que debateu a questão das investiduras, ponto principal da reforma gregoriana; Segundo Concílio de Latrão em 1139, foi o décimo concílio e pôs fim ao cisma do antipapa Anacleto II; Terceiro Concílio de Latrão em 1170 que fora o décimo-primeiro concílio e estabeleceu as normas para a eleição do papa; Quarto Concílio de Latrão em 1215, o décimo-segundo concílio, condenou o catarismo, definiu a transubstanciação e impôs a obrigação da assistência à missa pascal; Quinto Concílio de Latrão (de 1512 a 1517) foi o décimo-oitavo concílio, o último antes da Reforma Protestante.

 

[5] Quarto Concílio de Latrão ou Quarto Concílio Laterano foi convocado pelo Papa Inocêncio III por meio da bula Vineam domini Sabaoth, de 19 abril de 1213, para ser celebrado, em novembro de 1215, na Brasília de São João de Latrão, em Roma. Destaca-se por ter convocado a Quinta Cruzada, definido o papel da Eucaristia na Igreja por meio da declaração do dogma da transubstanciação, da doutrina “fora da igreja não há salvação”, da obrigatoriedade da confissão anual e de novas leis sobre consanguinidade e o casamento.

Foi o maior concílio realizado pelo Papa Inocêncio III e, teve maior participação de bispos de toda a Antiguidade, idade Média e Idade Moderna, sendo o ponto mais alto e relevante do papado do século XI a XIII. A partir daí o Concílio teve três sessões: no próprio dia 11, e nos dias 20 e 30 de novembro. O primeiro sermão de Inocêncio, na abertura do Concílio, em 11 de novembro de 1215 tornou-se famoso e iniciava-se com as palavras de Cristo:  Desiderio desideravi hoc pascha manducare vobiscum, antequam partiar (“Desejei ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de partir”), e ali Inocêncio define que o Concílio tinha como principal objetivo a libertação da Terra Santa pela cruzada, e a reforma da Igreja.

[6] O darwinismo social é a teoria da evolução da sociedade e, recebe tal norma pois se baseia na teoria desenvolvida por Charles Darwin (1808-1882) no século XIX. Acredita na premissa da existência de sociedades superiores às outras. E, nessa condição, as que se sobressaem física e intelectualmente devem e acabam por se tornar as governantes. E, por outro lado, as outras, menos aptas, e provavelmente inferiores, deixariam de existir porque não seriam capazes de acompanhar a linha evolutiva da sociedade. De sorte, que tais povos inferiores logo entrariam em extinção acompanhando o princípio de seleção natural da teoria da evolução.

Em razão dessa teoria é que se considera a sociedade em raça inferior e raça superior. E a chamada superioridade racial lastreada em ideais nacionalistas e consiste em um pensamento preconceituoso e racista. Além das situações europeias citadas acima, destacamos como exemplo da teoria de Herbert Spencer o nazismo e o fascismo. A Alemanha, o movimento nazista tinha como dogma a superioridade da raça ariana e resultou no extermínio de milhares de pessoas, especialmente judeus, no conhecido holocausto.

[7] Cianeto de potássio ou cianureto de potássio é composto químico altamente tóxico. É o íon cianeto que causa a intoxicação. Os cianetos possuem utilizações importantes como:  na revelação fotográfica e na produção de plásticos, acrilato e colas instantâneas (cianoacrilato). O cianeto de ouro é usado para a douração de certos metais, a frio (sem a necessidade de processo de eletrólise).

O cianureto é encontrado na natureza em diversas plantas, como nas sementes lenhosas de algumas frutas, e em uma variedade da mandioca, vulgarmente chamada de mandioca-brava: uma planta sul-americana altamente tóxica quando in natura, mas sua raiz é muito consumida e apreciada na forma de farinha torrada, quando perde suas toxinas. Mas infelizmente ficou mais conhecido para ocasionar a morte de pessoas.  Os cianetos possuem utilizações importantes como: na revelação fotográfica e na produção de plásticos, acrilato e colas instantâneas (cianoacrilato). O cianeto de ouro é usado para a douração de certos metais, a frio (sem a necessidade de processo de eletrólise).

 

[8] Paul Joseph Goebbels (1897-1945) foi político alemão e Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista 1933-1945) sendo um devoto apoiador de Hitler, ficou conhecido por notável capacidade oratória em público, seu fanatismo e antissemitismo, e sua crença na conspiração internacional judaica o que levou a apoiar plenamente o extermínio de judeus no Holocausto. Ambicionava ser escritor e obteve o grau de Doutor em Filosofia na Universidade de Heidelberg em 1921.

Em, 1924 aderiu ao Partido Nazi, onde trabalho com Gregor Strasser, onde começou a se interessar pelo uso de propaganda para promover o partido e o seu programa. Com a chegada ao poder dos nazistas em 1933, assumiu o Ministério da Propaganda e rapidamente conseguiu o absoluto controle da imprensa, arte e informação em toda Alemanha. Era adepto em usar o rádio e filmes para fins de propaganda. Seus temas centrais era o antissemitismo, os ataques ao bochevismo e, após o início da Segunda Guerra Mundial, a tentativa de moldar a moral.

A família Goebbels incluía Harald Quandt (filho de Magda do seu primeiro casamento, nascido em 1921), Helga (1932), Hilde (1934), Helmuth (1935), Holde (1937), Hedda (1938) e Heide (1940) foram todos mortos em suicídio coletivo. Harald foi o único membro da família a sobreviver à guerra. Na madrugada do dia 1º de maio de 1945 foi dito às crianças que elas deixariam o bunker pela manhã. No mesmo dia Magda conseguiu altas quantidades de morfina, que ela aplicou aos seus seis filhos, para depois envenená-los com cianureto.  Após matar, o casal também seguiu o caminho da morte.  Os corpos dos dois foram queimados para não serem reconhecidos após a guerra.

[9] Herbert Spencer (1820-1903) foi filósofo, biólogo e antropólogo inglês, bem como um dos representantes do liberalismo clássico. Foi profundo admirador da obra de Charles Darwin, sendo dele a “sobrevivência do mais apto” e, em sua obra procura aplicar as leis da evolução a todos os níveis da atividade humana. Teve suas ideias enormemente distorcidas. Essas distorções lhe renderam a alcunha de Pai do Darwinismo Social. Porém, Spencer jamais usou tal termo ou mesmo defendeu a morte de indivíduos mais fracos assim como foi um notável opositor de governos militares e autoritários, de qualquer forma de coletivismo, do colonialismo, do imperialismo e das guerras. E, estudou o comportamento humano como órgão biológico.

Por volta de 1870 e 1880 Spencer tinha alcançado uma popularidade sem precedentes, como o grande volume de suas vendas indica.  Foi provavelmente a primeira e talvez a única vez na história, que um filósofo vendeu mais de um milhão de cópias de seus trabalhos durante a sua vida. Nos Estados Unidos, onde as edições piratas ainda eram comuns, sua editora autorizada, a Appleton, vendeu 368.755 cópias entre 1860 e 1903. Este valor não difere muito de suas vendas na sua Inglaterra natal, e uma vez que as edições do resto do mundo são adicionadas a figura de um milhão de cópias parece ser uma estimativa conservadora.

[10] O maoísmo pode ser compreendido como expressão do pensamento de Mao Tsé-Tung com o principal fito de orientar a ação revolucionária na China dentro do contexto da guerra fria na qual a China era aliada a URSS. Podemos afirmar que a principal característica do maoísmo foi o reconhecimento da importância das massas camponesas pobres, que era a maioria da população chinesa. Em outubro de 1934 iniciou-se a chamada Grande Marcha e Mao ocupou um posto que se tornaria vitalício: o de chefe do Partido Comunista Chinês. Em outubro de 1949 instituiu-se oficialmente a República Popular da China e Mao tornou-se em 1954 presidente da república.

Quatro anos antes a China tinha-se aliado à Rússia no contexto da Guerra Fria, tendo igualmente participado na guerra da Coreia em favor da Coreia do Norte e na do Vietnã contra a França. O método maoísta de revolução pode ser considerado o inverso do praticado pelos bolcheviques na URSS. Ao contrário dos bolcheviques que partiram dos centros urbanos, com a organização de soldados e operários, em direção aos campos, os chineses escolheram o campo como o início da revolução.

[11] A bomba continha em sua carga urânio 235, tinha cerca de 3 metros de comprimento e pesava 4 toneladas. Batizada de “Little Boy”, foi lançada a uma distância entre 500 e 600 metros acima da cidade de Hiroshima e a destruiu. 86% de pessoas que estavam a 1 km da explosão morreram instantaneamente. Tudo virou pó e os corpos foram desintegrados, de modo que não havia cadáveres para contar.

[12] Em alemão: Berliner mauer foi uma barreira física construída pela República Democrática Alemã (Alemanha Oriental que era socialista) durante a Guerra Fria, que circundava toda a Berlim Ocidental (capitalista), separando-a da Alemanha Oriental (socialista) incluindo Berlim oriental.  Construído na madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares da Alemanha Oriental Socialista com ordens de atirar para matar (a célebre Schießbefehl ou “Ordem 101”) os que tentassem escapar, o que provocou a separação de dezenas de milhares de famílias berlinenses.